Capítulo VI

157 20 7
                                    

Maite

Eu me sentei na beirada da cama e passei as mãos pelo lençol branco de seda enquanto sentia aquele nó na garganta, mas respirei fundo me impedindo de cair no choro novamente.
Decidi por fim eu mesma arrumar minhas roupas no closet, o lado esquerdo do mesmo já estava totalmente vazio para minhas coisas.
Algum tempo depois ouvi batidas na porta e uma mulher entrou em seguida.

- Boa noite, senhora. Por que não desceu para chamar alguém para vir arrumar suas coisas, querida? - Questionou simpática enquanto corria para vir me ajudar.

- Imagina, gosto de ser útil. Qual seu nome? - Perguntei sorrindo.

- Oh! Me desculpe, nem me apresentei. Me chamo Marisa, já fui babá de William e hoje ajudo na cozinha, mas agora ele me destinou para servir apenas a senhora, tudo o que precisar pode falar comigo.

- Ah, obrigada...

- Por que não me deixa terminar de arrumar suas coisas e aproveita para descer e conhecer a casa toda?

- Não estou animada de estar aqui, Marisa.

- Mas já está aqui, não é mesmo?

Pensando por esse lado fazia sentido, do que adiantaria eu ficar enfiada nesse quarto o tempo todo?

- Você tem razão, vamos ver como é a casa de um mafioso. Se eu não achar ninguém morto pelo caminho já deve ser lucro. - Falei rindo irônica e sai em seguida.

Desci as escadas, onde era o escritório eu já sabia, foi onde o casamento havia sido realizado. Segui caminhando e empurrei uma pesada porta de madeira, quando entrei meus olhos brilharam no mesmo instante, era uma biblioteca enorme, que no centro ostentava um belíssimo piano branco. Meus dedos passearam sob ele, eu não resisti e me sentei enquanto começava uma melodia, comecei a tocar e cantar "Se essa rua fosse minha", fora a primeira canção que aprendi tocar no piano quando eu tinha 10 anos.
Quando terminei ouvi palmas e me virei assustada.

- Perdão não queria te assustar. Estava passando e não pude deixar de entrar, sua voz é encantadora e também toca perfeitamente. - Falou William sorrindo.

Eu revirei os olhos enquanto me levantava, e caminhava até a porta, mas ele segurou meu braço me impedindo de continuar.

- Não precisa sair de um cômodo só porque eu entrei.

- Quanto menos contato eu tiver com você melhor. - Respondi irritada me soltando de suas mãos.

- Maite... - Suspirou cansado. - Estou disposto a fazer isso dar certo.

- Isso? Isso o que, desgraçado? Essa merda de casamento comprado? Nunca que essa porcaria vai dar certo, como poderei servir como esposa uma pessoa que eu tenho asco? - Explodi e  praticamente cuspi as palavras em sua cara, e vi uma expressão parecida com dor passar em seu semblante.

- Eu não queria ter chegado a esse ponto, mas foi preciso. Seu pai precisava nos pagar de alguma maneira, pelo menos encontramos uma forma em que ele ficasse vivo.

- Claro, muito obrigada, senhor Levy. Nem sei como te agradecer por tamanha bondade. - Respondi irônica, enquanto abria a porta para sair, mas voltei para dar um último recado. - Aliás, não deixarei de cantar no casino, amanhã mesmo irei voltar, e nem tente me impedir porque estar em um palco é a única alegria que tenho nesta minha vida medíocre. - Falei e sai em seguida batendo a porta com força.

Entregue a Máfia Where stories live. Discover now