um ano e uns quebrado

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E fui eu quem foi embora,
Fui eu quem não amou,
Quem não cuidou
E, diga-se de passagem, o culpado.

Talvez eu estivesse errado,
De te ter ao meu lado,
De te ver errado
Com meus olhos vagos.

Ainda me pergunto,
Se nosso amor difunto,
Seria profundo,
Se não fosse o furo.

Na minha lore,
Eu me perdi no personagem,
Abri brecha pra conhecer a mim
E me perdi de ti,
Mesmo que tenha te camuflado em mim.

Já fazem mais de doze meses,
Mas meus pensamentos são os mesmos,
Ainda quero uma casa num bairro tranquilo,
Um bar só pra aqueles que precisam se esconder nas trevas da noite,
Gatos
E muita cerveja gelada.

Já fazem mais de dozes meses que me camuflo nos meus traumas,
Ou que notei isso,
Eu não superei,
Não,
Eu não me deixei superar.

Tenho paixões relâmpagos,
Meu coração vive na Black Friday,
Mas sempre volto às vitrines,
Segurando meus discos de vinil
E meu DVD de Verão de 98,
Eu sinto saudade.

Mas o quê é a saudade?
O quê significa de verdade?
É a melancolia derivada da saudade,
Ou a saudade não tem cara-metade?

Eu sinto muita saudade,
Mesmo que seja tarde,
Mesmo que eu não fale.

Eu quis te dar parabéns,
Mas perdi teu aniversário,
E como eu fui otário,
De fora eu te ter jogado.

Eu não amei ninguém depois de ti,
Ou sequer me apaixonei,
Fiquei preso na culpa,
Na mágoa,
Na raiva,
Que te fiz sentir.

Eu menti,
Eu não estava com ninguém naquela época,
Eu não queria ninguém.
Mas você pediu
E eu acatei.
Me desesperei.

Eu sou babaca,
Por isso essa carta,
Não falo na tua cara,
Pois não dá cara-a-cara.

E eu camuflei você na minha pele,
Na minha fixação por gatos,
Na minha paixão por cerveja,
Na minha impureza.

Eu te camuflei em mim
E morri na minha paixão camuflada.

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⏰ Last updated: Jul 14, 2023 ⏰

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p.oemas | 澳门的夏雨Where stories live. Discover now