LIZKOOK
Autor(a): Rosana
Ele quer sua alma. Pena que ela já a vendeu.
A família é tudo para a queridinha do jogo, Lalisa Manoban. O sangue vem primeiro, especialmente antes dos homens. Então, quando seu irmão cai em água quente, ela está disposta a...
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Eu dei meu depoimento nove vezes sobre o que aconteceu na loja de penhores e, mais tarde, no restaurante. Não tenho certeza se algum dia vou tirar a memória daquele homem amarrado à cadeira da minha cabeça. Estou grata por não estar consciente de testemunhar o que aconteceu com ele, mas amanhã vou descobrir seu nome. Vou fazer o que puder para consertar as coisas para quem ele deixou para trás. O sangue foi limpo do meu rosto, uma bandagem aplicada no lado direito da minha cabeça. Eu normalmente odiaria as pessoas fazendo barulho ao meu redor, mas Yeonjun está sentado ao meu lado, seguro e livre, então posso lidar com qualquer coisa.
Exceto por Jk.
Não consigo lidar com a maneira como Jk está me observando do outro lado da sala.
Maldito seja por ter vindo atrás de mim. Por provar que eu estava errada e não apenas salvar a mim e Yeonjun, mas erradicar o mal que fez minha família fugir para a Califórnia. Quem sabe quantas pessoas foram aterrorizadas por seu pai? Forçados a pagar por proteção, forçados a abandonar seu senso de certo e errado por medo. Agora eles foram libertados. Não sou ingênua o suficiente para pensar que alguém novo não vai aparecer no lugar de Silas, mas sua influência profundamente enraizada neste bairro acabou.
A maneira como Jk está me observando diz que essa batalha entre nós ainda não acabou. Sei que ele quer falar comigo - entre outras coisas - e seu controle está me deixando nervosa. O que ele quer? Desde que embarquei no avião para Nova Iorque esta manhã, estou entorpecida com o coração partido com que ele me deixou, ajoelhada no chão do quarto de hotel. Mas aquela novocaína autoadministrada está começando a passar e não consigo decidir se devo me permitir sentir a dor nova, para me lembrar de como esses sentimentos me tornarão vulneráveis. Ou se eu deveria me reinjetar com uma dose dupla de analgésico.
― Terminamos aqui? ― Eu pergunto ao detetive.
― Eu sim ―, Yeonjun fala lentamente, apontando o queixo para Jk.
― Você não.
― Cale-se. — Meu irmão aperta os olhos para mim. ― Tenha coração, Lali. Ele salvou nossas bundas.
― Eu sei. ― Um nó se forma na minha garganta, lembrando como me senti sentada naquele chão, sabendo que não poderia fazer nada para salvar a mim ou Yeonjun. A descrença e o horror absolutos de estar a segundos de perder tudo. A alegria e o alívio traidores que tomaram conta de mim quando Jk chegou no momento que eu desisti de todas as esperanças. ― Sou grata. Eu estou apenas…
Confusa. As coisas que descobri sobre mim mesma na cama de Jk estão em conflito com o que estou sentindo agora. Gosto da ilusão de ser grata, de ser sua posse, mas depois de vê-lo jogar essas novas descobertas na minha cara e sair, não gosto de me sentir grata por ele. Em absoluto. Não na luz fria do dia. Então, embora eu nunca pudesse agradecê-lo o suficiente por ter vindo em nosso resgate, meu orgulho ferido reverbera como um diapasão arrancado. ― Não vai doer ouvi-lo ―, diz Yeonjun, interrompendo meus pensamentos. ― Ele teve uma noite ruim também, você sabe. Se você gosta dele, pode querer considerar isso.
