Capítulo 1

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Narrador

Havia se passado quatro longos anos desde que Chiara deixou Mônaco, partindo para Florença com seu pai após o divórcio dos pais. Embora sempre visitasse ou viajasse com sua mãe, ela nunca imaginou que retornaria à cidade que a viu nascer.

Mônaco era um lugar repleto de lembranças, mas não era o local que ela havia escolhido para construir sua vida. Esse sentimento ficou ainda mais evidente quando seus melhores amigos passaram de viver com ela para viver algumas semanas lá, já que a carreira que eles tinham escolhido desde pequenos havia dado certo. 

E como eles se encontraram porque ela não se encontraria em outro lugar? E foi isso que ela pensou, quando aceitou a se mudar com seu pai para Florença.

Matteo sabia que a partida era inevitável, afinal ele queria viver uma outra vida, ele tinha um sonho ter um restaurante italiano e uma casa em uma vinícola, e ele estava feliz em começar uma nova fase da vida, tendo sua doce menininha ao seu lado, sua única filha.

Enquanto Chiara mergulhava no mundo da arte em Florença, expondo suas pinturas e se descobrindo como artista, as visitas a sua mãe diminuíam, e ela se distanciava dos amigos de infância.

Contudo, a vida nem sempre segue o rumo que planejamos. Nem todas as pessoas da infância caminham ao nosso lado até o fim da jornada. Chiara tentava se conformar com essa realidade, pois, por causa da amizade duradoura entre suas mães, Charles, Lorenzo e Arthur haviam se tornado os irmãos que ela nunca teve.

Mas, como nos contos de fadas, a perfeição tem suas pausas. A vida artística de Chiara em Florença teve um intervalo indeterminado ao receber a ligação da mãe, anunciando o retorno do câncer.

A palavra "câncer" parecia pequena, mas trazia consigo uma carga imensa de dor e incerteza. Sem hesitar, ela empacotou suas coisas e se despediu do pai, embarcando no primeiro voo de volta a Mônaco.

Chiara retornava à cidade que guardava apenas memórias boas em seu coração. Mônaco foi o cenário de seu primeiro amor, mas também onde enfrentou seu primeiro coração partido. Agora, nesse reencontro inesperado, ela não fazia ideia de como o destino iria tecer o próximo capítulo dessa história de amor, incertezas e reencontros.

•••

Ao pousar em Mônaco, Chiara sentia um misto de emoções. A preocupação com a saúde da mãe a consumia, mas também havia uma faísca de nostalgia ao se deparar novamente com as paisagens conhecidas. A cidade estava diferente, mais agitada, e ela se perguntava se os encontros inesperados seriam apenas lembranças ou se trariam novos capítulos à sua história.

Mônaco sempre seria o lugar de carinho dentro do coração de Chiara, mas definitivamente não era o local que ela tinha escolhido viver. Ela já sentia falta das pessoas falando em italiano, de cada canto em Florença parecer um filme, do bom humor das pessoas, das flores em cada, de cada pedaço romântico que encantava os olhos de qualquer pessoa que estava ali.

Então ela pega o celular e manda uma mensagem para o pai dizendo que já estava morrendo de saudade, mas estava bem.

Ela pede um táxi até o condomínio de sua mãe, e dentro do carro olha cada pedacinho da cidade, Mônaco não era grande, então parecia que em cada canto ela lembrava de uma história vivida ali. E soltou um grande suspiro quando passou pelos portões do condomínio, antes de avistar a casa dos Leclerc e a sua.

Chiara não tinha avisado que vinha, porque sabia que sua mãe não a deixaria vir, então aqui estava ela na frente da sua casa de infância com as malas ao seu lado. Talvez Diana, estivesse sozinha já que ela era teimosa demais para aceitar ajuda, mas ela sabia que Pascale jamais deixaram isso acontecer.

E com algumas dificuldades ela consegue puxar suas malas até a porta, antes de abrir ela já conseguia ouvir a vozes das mulheres mais importantes da sua vida, então ela criou coragem antes de colocar a cabeça para dentro.

A sala estava vazia, o que mostrava que todos estavam na cozinha, e em pequenos passos Chiara se direcionou até lá, ouvindo agora diversas vozes dando risada. Ela sentia que tinha 10 anos de novo e todos estavam fazendo o almoço de família. Mas já não era mais assim já que seu pai, tio Hervé e Jules não estava lá.

Lembranças fazem seu coração apertar, e ela respira fundo antes de entrar na cozinha. E é uma cena típica, as mulheres atrás do balcão e os meninos sentados do outro lado olhando cada uma delas fazendo algo, o que diferenciava agora é que sua mãe não tinha mais os longos cabelos pretos e sim um lenço, e aquilo quebrou Chiara.

— Sabia que vocês estão esquecendo de alguém nessa reunião? — E com essa frase todos pararam e se viraram para ela.

— Chiara! — Arthur é o primeiro a ter uma reação e sai correndo em sua direção quando a pega no colo.

Ele definitivamente não era mais a criança que havia chorado em sua despedida no aeroporto. Seus olhos brilharam ao vê-la, e Chiara sentiu o abraço dele como um refúgio familiar.

— Eu quis fazer uma surpresa. — Ela diz com os olhos cheios de lágrimas, olhando para sua mãe que ainda estava sem reação.

Mas o olhar entre elas é cortado por Lorenzo entrando na frente, ele definitivamente não tinha mudado e com toda certeza uma parte da menina que vivia dentro dela, entendia porque ele havia sido seu primeiro crush.

— Chi. — Ele disse a puxando para um abraço apertado, e ela se rendeu ao seu perfume. — Estava com tanta saudade.

— Enzo, eu sei que estava. — Ela brinca antes de se afastar e seus olhos em seguida caem nos olhos mais lindos do mundo, Charles Leclerc.

Charles e Chiara não dizem nada antes se abraçarem, eles não precisavam falar nada, também não tinham falado nada quando ela havia ido embora. Seus olhos se comunicavam muito mais que eles, e era como se ela tivesse voltado no tempo nos braços de Charles.

— Que bom que você está aqui, Charlie. — Chiara sussurra antes de se afastar.

— Sempre estive aqui. — Charles pisca ainda segurando a mão de Chiara, era uma coisa que eles sempre faziam desde criança.

Chiara volta à realidade e tira os olhos de Charles quando Arthur faz um barulho com a garganta, e as mãos deles se afastam, e a menina olha para sua mãe decidida a cruzar o balcão e abraçá-la.

— Você continua linda. — Ela diz com os olhos cheios de lágrimas para sua mãe. — Estou aqui, mamãe. Estou aqui para você.

Ela diz ainda apertada nos braços de sua mãe, que apenas chora, enquanto abraça o seu bem mais precioso.

— Eu te amo tanto, principesca. — Diana diz olhando para a filha.

— Meu Deus, você me fez chorar mais que as cebolas. — Pascale diz se juntando ao abraço delas e puxa Sophia junto.  — Agora sim, estamos todos juntos. — Ela diz abraçando as meninas.

E sim, agora sim, estavam todos juntos. O coração dela palpitava, era como estar no meio de um turbilhão emocional, mas ali, naquele instante, Chiara percebeu que a história a sua estava longe de ter seu último capítulo escrito.

No fundo, ela sabia que Charles também compartilhava sentimentos complexos, e aquele reencontro não passou despercebido por nenhum deles dois. As faíscas de cumplicidade entre eles eram visíveis, e Chiara não conseguia evitar um sorriso travesso ao perceber a tensão que pairava entre o triângulo amoroso.

Charles e Lorenzo trocaram olhares rápidos, como se tentassem decifrar os pensamentos um do outro. O primeiro amor e o crush de infância ali, lado a lado, revivendo memórias compartilhadas. Chiara sentiu um frio na barriga, mas também uma expectativa que a deixava intrigada.

— Chiara, a gente precisava colocar a conversa em dia. — Lorenzo quebrou o silêncio, com um sorriso divertido. — Ainda temos algumas histórias para compartilhar, não é?

Charles lançou um olhar curioso para o irmão mais velho, mas logo se recompôs, escondendo suas emoções.

— Verdade, Enzo. Acho que vai ser um encontro memorável. — Chiara respondeu, tentando manter o clima leve enquanto seu coração acelerava.

Entre Curvas e Emoções • Charles Leclerc & Lando Norris Where stories live. Discover now