Prólogo

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Estou arrumando minhas coisas quando escuto o salseiro no andar de baixo

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Estou arrumando minhas coisas quando escuto o salseiro no andar de baixo.

A voz do meu pai ecoa por todo o mausoléu que ele chama de mansão.

O lugar grita dinheiro, estatuas banhadas a ouro, do tempo em que minha avó estava no saco do meu bisavô. Os empregados usando seus uniformes impecáveis, um mordomo que parece ter um pau atravessado no rabo, seguranças altamente armados.

Quem vê pensa que sou filho do presidente, né?

Acho que se eu fosse, as coisas seriam bem mais brandas. Não, meu pai não é o presidente, pois tem mais dinheiro que ele e não deve satisfação a ninguém com quem ou com o que gasta.

— Senhor? — O mordomo me chama, completamente envergonhado. — O senhor, seu pai está o chamando com urgência.

Sorrio, pois com certeza meu pai deve ter gritado com ele sobre minha rebeldia. Reinaldo olha para a mala em minha cama e depois me olha apavorado.

— Jovem mestre, então é verdade? Como pode fazer uma coisa dessas com o seu pai? Não sabe como pode ser perigoso!

— Eu sou uma pessoa e meu pai é outra. Ele não quer que eu me vá, não por ser perigoso e sim por não poder me controlar. Essa é minha vida e eu sou o único que tem o poder de controlar.

— Mas...

— Sem mais Rei, ele quer me ver? Então vamos lá!

Saio do meu quarto, sendo seguido pelo mordomo do meu pai. Desço as escadas e vejo as empregadas antigas da casa, me esperando.

— Meu menino, você não fez isso, não é? — Romena pergunta.

Romena é uma das pessoas mais importantes da minha vida, foi ela quem ajudou a me criar juntamente com os outros empregados quando minha mãe se foi. Foi através dela que pude conhecer o que é amor maternal.

— Depois conversamos Romena, agora tenho que ver o dono do mundo.

Ando até o escritório do meu pai, bato duas vezes e só então eu entro.

— Você tem noção do que está fazendo, Jefferson?! — Meu pai pergunta a queima-roupa. — Policial? Você quer servir aos outros quando pode comandar uma empresa milionária? Anos de estudos, aprendendo sobre tudo e você quer jogar fora por um capricho?!

— Salvar vidas, proteger pessoas inocentes, levar justiça aos monstros é jogar minha vida fora? — Faço uma pergunta atrás da outra. — Não, pai, jogar minha vida fora seria se eu fizesse o que o senhor quer. Eu sou diferente e o senhor precisa entender isso.

— Você é exatamente como sua mãe! Eu te dei o mundo, assim como fiz para ela, mas os dois preferem...

— Viver nossas vidas? — Eu o corto, pois sempre que falamos sobre minha mãe a briga é enorme. — Não sou ingrato pai, mas não serei comandado por você. Esse sou eu, o homem digno que o senhor criou ou ajudou a criar. Eu não nasci para ocupar o seu lugar, não nasci para levar adiante o seu legado e por isso eu peço perdão, mas não vou me desculpar por ser como eu sou.

Meu CampeãoWhere stories live. Discover now