Prólogo

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Avisos!

• Gosto de esportes, mas não sou a maior entendedora sobre esse mundinho, então fiz pesquisas para conseguir adaptar na fic. Não é um tópico com grandes menções nos capítulos, mas tem sua importância.

• Apesar das pesquisas talvez nem tudo corresponda 100% com a realidade.

• O mesmo vale para qualquer futura menção médica.

Começa um pouco triste, mas juro que melhora ;)

 Boa leitura <3

(Ps: Prólogo revisado ao som de The Loneliest do Måneskin, quase choro) 

(Ps: Prólogo revisado ao som de The Loneliest do Måneskin, quase choro) 

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4 anos antes.

A respiração pesada e sensação de ardor em seu peito parecia algo que não passaria nunca. Sabia que algum tipo de paparazzi o estava seguindo desde que saíra do aeroporto, em menos de vinte e quatro horas toda a sua vida havia virado uma bagunça e, pra variar, Sicheng com certeza receberia uma multa por ter ultrapassado o sinal vermelho e dirigir numa velocidade acima do recomendado.

Checou o retrovisor, vendo que o mesmo carro continuava o perseguindo e quase foi tarde demais quando notou o poste logo a sua frente. Pisou no freio bruscamente, seu corpo indo para a frente devido ao impacto, o Dong soltou um xingamento, sua mão tremia enquanto apertava o volante. Sacudiu a cabeça espantando a dor que o havia atingido, sem muitas opções pegou um boné no porta-luvas e desceu do carro. Por meio de sua visão periférica pôde ter um vislumbre de um homem segurando uma câmera apontada para si. Ajeitou o boné e abaixou a cabeça, não que fosse adiantar de muita coisa.

Saiu andando em direção ao supermercado localizado a poucos metros dali, pegando o primeiro táxi que apareceu em seu caminho, deixando para trás o fotógrafo com sua nova matéria exclusiva.

Quando chegou em casa encontrou sua família reunida na sala, Yifei andava de um lado ao outro segurando o pingente de seu colar, na televisão o desastre mais recente de sua vida se destacava. Havia se passado apenas alguns minutos, mas as fotos de seu carro colidido com um poste estavam em todos os lugares, junto as fotos do aeroporto e da Austrália — quando saiu para confraternizar com alguns colegas. Sentiu um nó se formar em sua garganta quando seu pai o encarou entrar pela porta, não conseguia decifrar o que aquele olhar significava e temia ter causado uma grande decepção ao Dong mais velho. Viu sua namorada suspirar aliviada ao vê-lo e sua mãe correu até si lhe dando um abraço apertado.

Lucas estava sentado ao lado de Renjun, o garoto mais novo parecia alheio ao que acontecia ao seu redor, provavelmente não entendia nada daquilo.

Sicheng não se deu conta em que momento havia começado a chorar.

— Ah, graças a Deus... — sua mãe sussurrou enquanto o abraçava, logo se afastando para analisar melhor o rosto do filho. Ela se assustou de repente ao notar o sangue presente em seu rosto. — Eu vou buscar o kit médico...

Ele estava um pouco desnorteado, a mão direita ainda tremia, sua visão embaçada por conta das lágrimas. Levou a mão boa até seu rosto constatando pela primeira vez que havia um ferimento em sua testa — provavelmente de quando sua cabeça se chocou contra o volante. Lucas desligou a televisão e Sicheng o ouviu dizer algo como "Por que não vai jogar videogame no seu quarto, Renjun? Vou jogar com você daqui a pouco, sim?" antes de seu irmão sair da sala de estar. O filho mais velho dos Dong se sentou no sofá, sem coragem para encarar nenhum dos presentes, seu pai ainda permanecia em completo silêncio.

Segurou sua própria mão como se fosse ajudar em alguma coisa. As lágrimas cessaram, mas ainda inspirava e expirava fundo para regular a respiração. Sentiu alguém tocar em seu braço e quando olhou para o lado encontrou o rosto de Sophia, a boca curvada para baixo compunha seu semblante triste, demonstrava uma notória preocupação. Ele não pôde evitar o sentimento de culpa.

— Vai ficar tudo bem. — Ela disse — Você vai ficar bem...

Parecia mais com uma tentativa de confortar a si mesma, como se o dizer em voz alta tornasse a frase um pouco real, ela queria acreditar que ficaria tudo bem.

Quando Dong Yifei retornou, ela se apressou em limpar a mancha de sangue que escorria da testa dele, higienizou a ferida cuidadosamente e por fim colocou um band-aid. Provavelmente ficaria uma cicatriz. O rapaz parecia mais calmo agora, mas mordia o próprio lábio se machucando, a ansiedade ainda o corroendo por dentro. Yifei fez menção a se levantar, sendo impedida quando ele segurou sua mão, teve coragem de olhar nos olhos dela por primeira vez. A secura em sua garganta fez com que sua voz falhasse quando tentou falar.

Ele pigarreou.

— Eu...eu não sou o que eles dizem, mãe. — Um nó se formava em sua garganta mais uma vez, ele engoliu em seco e suspirou, não queria chorar outra vez naquele dia. Não queria que as pessoas que amava o vissem tão mal. — Não sou um alcoólatra e nunca usei nenhum tipo de droga. Eu só...

— Cheng...

Era frustrante para ele, estava vendo todo seu esforço de anos ser jogado no lixo. Para piorar, as manchetes dos jornais e sites de fofoca apenas mencionava como ele havia ido de campeão olímpico para um verdadeiro fracasso. Aquela não era a história real, mas ninguém estava interessado em saber a verdade, porque isso não faria com que lucrassem.

— Só bebi um pouco, algumas horas antes da competição. Não achei que... — fechou os olhos, sua voz ainda saiu um tanto trêmula e ele encarou as próprias mãos — Vai fazer um ano. O álcool me deixava estável, mas parou de funcionar. O médico disse que pode ser do estresse, talvez...ansiedade, eu não sei. Tive medo de ter que parar.

— Ei, você não precisa passar por isso sozinho. — Lucas tentou o confortar, deu um leve aperto no ombro do amigo. — Nós estamos com você.

Viu seu pai mudar de posição. Os braços cruzados agora estavam nos bolsos da calça, sua expressão indecifrável. Ele falou pela primeira e única vez, se retirando no momento em que obteve a resposta que precisava.

— Realmente nunca usou...?

Sicheng o encarou por breves segundos, desacreditado.

— Nunca.

No dia seguinte publicou uma nota em suas redes sociais pedindo desculpas pelo ocorrido, mas não serviu de muito. Por três meses consecutivos a vida de Dong Sicheng tornou-se um completo caos. Cada vez que ele saía de casa era cercado por repórteres ou recebia olhares de julgamento, ele se recusava a responder qualquer pergunta ou a conceder qualquer entrevista, de todo modo sabia que tudo o que falasse seria distorcido pela mídia. Durante algum tempo, ele percebeu que a melhor solução para si seria não sair de casa. Se mudou, comprou um novo apartamento, encontrava apenas com pessoas em quem confiava. Após algumas discursões, a comissão de ética decidiu afastá-lo das próximas competições, as coisas começaram a se acalmar nesse ponto — apesar de seu nome permanecer no topo das listas de busca da internet. E finalmente, quando tudo caiu no esquecimento após um longo tempo, Sicheng pôde respirar em paz por primeira vez.  

Acordes do Seu Coração; yuwin [REESCREVENDO]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora