Apenas ela, ela, si mesma

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Poderia ser bem pior. É isso o que Wendy pondera enquanto está sentada nos banquinhos do lado de fora da diretoria, aguardando seus pais para buscá-la após uma conversa com a diretora Victoria e o Sr. Mackey sobre seu comportamento recente; a briga que ela teve com Eric Cartman.

Já sabe o que sua mãe vai dizer - "Wendy, você é uma mocinha! O que te deu pra sair por aí brigando feito um moleque?". Seu pai vai fazer um discurso sobre como não deve-se reagir à violência em casos como este. Claro, eles sequer a ouviriam.

Ela mal consegue acreditar que realmente bateu em alguém.

Seus cabelos, antes presos num coque torto, estão emaranhados, alguns fios grudaram na testa pelo suor. Seus dois joelhos estão ralados. Os nós dos dedos, esfolados. Sofreu uma concussão e dali restara uma fina linha de sangue no nariz, respingando em sua regata branca, manchando o tecido de um vermelho escuro acima do pônei bordado ali.

Wendy é uma bagunça nada agradável. Não é como uma garota como ela deveria estar.

Mil e um cenários diferentes estavam passando pela mente da garota de cabelos negros. Provavelmente seus pais à castigarão feio e será suspensa. Mas o que lhe deixa mais irritada, é a ideia de que terá que se desculpar com Cartman na frente de toda a escola. Ah, não isso já é demais!

Segundo suas amigas, todo mundo estava apenas esperando o dia em que alguém finalmente chutaria o traseiro dele. Algumas pessoas podem dizer que Wendy exagerou ao espancar Cartman. Mas para ela, ele é um pedaço de merda insensível e gordo e mereceu cada um de seus socos. Ou seja, foi por um bom motivo!

Tentou ignorar as zombarias de Eric o máximo que pôde, mas ele passou dos limites. Se uma conversa normal com Cartman não fora suficiente para impedir suas zombarias constantes, alguém tinha que fazer algo a respeito. E Wendy estava mais do que pronta para fazer isso, desconsiderando completamente os avisos de seus pais e as tentativas patéticas do gordo de tentar fugir da briga.

Qualquer pessoa com metade de uma célula cerebral deve entender isso, certo?

Embora toda a situação tenha lhe gerado mais contras, é necessário conceder a si mesma o crédito da vitória. Imaginou não seus colegas, mas suas maiores inspirações ao redor do parquinho. Simone de Beauvoir, Amelia Earhart, Marie Curie, Vivienne Westwood e outras mulheres fortes e guerreiras, que fizeram muito pelos direitos femininos, a aplaudiam de pé, reconhecendo-a como uma delas. Doce sonho.

Esse evento não a matou. E o que não mata te deixa mais forte, te faz se sentir lá no alto.

Não, ela não está sozinha só porque está sozinha agora.

O medo da suspensão é inevitável, mas é possível escolher se quer ou não acabar com ele.

Porque se ela precisa de um herói, bem, é melhor se olhar no espelho. Ninguém vai salvá-la do castigo, então é melhor salvar a si mesma.

Ser a heroína de sua história não é apenas uma escolha, mas um direito inalienável.

Heroína | Wendy Testaburger!Where stories live. Discover now