A temida distância

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Aquele bom pressentimento que estava sentindo se confirma assim que Stan coloca os olhos na tela do celular. Ele acabara de receber um E-mail - uma resposta de uma das candidaturas de seu estágio. Um aquário que fica à várias horas de Denver. Isso é uma ótima notícia, considerando os maus bocados que Stan passou no início do curso. Logo no segundo semestre, ele ficou perdido: faltava mais do que ia às aulas, começou a frequentar muitas festas de fraternidade, usar drogas nelas, beber muito e se envolver com o tipo de gente errada. Foi só meio do terceiro ano que ele tomou as rédeas de sua vida novamente, com muita ajuda dos amigos e da família.

Conseguiu se reestabelecer, refez as matérias as quais reprovou e nas férias era um devorador de conteúdo. Kenny sempre dizia: "Ah, o Stan nem fala mais com gente, só com os livros". E, felizmente, todo esse esforço valeu a pena. Apresentou o TCC - seu tema fora "A Origem da Evolução do Tubarão Fantasma"- e estava prestes a formar-se em Biologia Marinha.

Agora, com uma das respostas em mãos, por um lado, quer ser aceito, afinal qualquer experiência é boa, obviamente. Se der tudo certo ficará longe. Por seis meses. Além disso, não é um aquário tão grande quanto o de Denver, por exemplo. Há uma boa chance de que, se tudo correr bem, o estádio se torne contratação.

Isso o faz em pensar em Wendy. Quer ele esteja em Denver ou em qualquer outro lugar, não muda nada entre o relacionamento dos dois. Ela conseguiu um estágio de respeito em Harvard no prédio de linguística. Com tudo pago. É o sonho dela tornando-se realidade. Mas Stan já está com saudades. Se lembra do efeito que a distância teve no relacionamento deles no passado. Apesar de todos os esforços e a vontade de fazer o melhor, foi um teste que se mostrou muito mais difícil do que ambos pensavam. Mas eles eram muito jovens. Será claramente diferente dessa vez. Nada de término pela 1938026 vez.

Stan fecha o e-mail, suspira e tenta organizar seus pensamentos. Precisa ter uma conversa com Wendy mais tarde sobre isso. Seu maior erro sempre foi achar que pode evitar determinado assunto para sempre.

— Hey! — Butters vem de longe, agitando os braços. Ele parece tão animado que é contagiante. — Desculpa pelo atraso, eu encontrei um colega no caminho.

— Que isso, cara, não se preocupe, não faz muito tempo que cheguei.

O sorriso do loiro de repente se desmancha quando ele percebe o nervosismo visível na expressão do amigo.

— Está tudo bem, Stan? — coloca uma mão no ombro dele. — Parece tenso.

— Está tudo bem — diz e guarda o celular no bolso, com uma pontada no coração. De qualquer forma, ele e Wendy sabem que estão fadados a enfrentar situações como essa. A distância não passa de mais um teste do destino. Qual é? Eles viviam separando e voltando. Agora juntos, com mais maturidade. Mas de repente parece tudo tão concreto...

— Ok... Bem... — Butters deixa a sem-gracisse de lado e volta a sorrir, apertando os ombros do amigo. — Quando você ver o cachorrinho que te espera, tenho certeza de que isso vai melhorar seu humor! Eu me informei no caminho, e a linha do ônibus que parte do centro da cidade será a mais rápida. Há um que parte daqui a seis minutos.

— Você deveria ter me falado, você foi e voltou por nada, eu teria ido te encontrar.

— Ah, não se preocupe! — dá uma olhadinha no relógio. — Ainda temos tempo! Vamos, vamos lá!

Os meninos pegam o tal ônibus no centro da cidade. Durante o trajeto, embora tente escapar dos pensamentos, é impossível não se perguntar o que será do destino dele e de Wendy como um casal. Ter Butters ali ao seu lado dá um pouco de vazão no sentimento. O loiro sorri como criança para o motorista ao mostrar as passagens e aos demais passageiros. Até parece que está saindo de férias!

Adorável intruso | Stendy!Where stories live. Discover now