THE LOVE CHANGES (KTH)

01: o despertar de um coração

"Você nunca sabe o que tem de bom. Até você estar olhando para a foto da única garota que importa." — When You're Gone; Shawn Mendes

Cameron.

26 de março, 2015

Eu sempre adorei a praia, tudo que envolvesse areia entre os dedos, a água e a brisa úmida. Tudo sobre esse lugar me traz paz, acho que talvez seja culpa do meu pai, ele adorava tudo sobre o mar, acabei sendo influenciada.

Agora além de tudo, ficar observando as ondas quebrarem no horizonte é sinônimo de porto seguro, como se pudesse sentir o abraço de Min-ho Ross toda vez que meu coração apertava e eu queria chorar sem que ninguém me visse.

Hoje é um desses dias.

Escola nova, pessoas novas... A ansiedade me corroendo pelo medo de crescer, mais dois anos e eu seria finalmente adulta, quem diria. Crescer mais um pouco sem ele era uma das partes difíceis, já que apesar do trabalho corrido dele e da minha mãe, sempre esteve ao meu lado.

Fecho os olhos, o vento tocando minha pele e bagunçando as mechas azuis do meu cabelo num gesto singelo que aos poucos me acalma, vai ficar tudo bem. E por um momento é como se ele estivesse aqui.

— Ronnie! – o grito eufórico me desperta do transe, Kate vem correndo de dentro da casa até as escadas. Sei que ela não vai pisar na areia da praia, mesmo assim ela se aproxima até o último degrau do deck. — Tá na hora da gente sair, vamos logo!

Minha melhor amiga parece animada, até demais. Sei que sempre teve grandes expectativas com o ensino médio, ao contrário de mim. No fim das contas éramos duas personalidades totalmente diferentes, mas desde o jardim de infância não ficamos uma sem a outra.

Sua mãe, Sarah, nos levaria para a escola já que a minha estava viajando à trabalho fazia alguns dias. Durante o dia mal conseguia notar a sua falta já que sempre tinha sido assim, os funcionários andando de um lado pro outro na casa. Mas na parte da noite, o silêncio costumava ser insuportável, por isso vez ou outra Kate dormia por lá, e na maioria eu simplesmente trancava as portas e ia pra a casa dela já que éramos vizinhas.

Sorrio pequeno, mesmo que ela talvez não visse pela pequena distância que nos separa, e então me levanto batendo a areia do short e em parte das minhas pernas.

— Um atrasinho não é o fim do mundo. – falei ao me aproximar, o que me deu o vislumbre do seu revirar de olhos. Engraçadinha. — Hoje é só o primeiro dia.

— O primeiro dia da nossa melhor fase, anda!

Nem tive tempo de protestar, porque fui arrastada por ela numa fração de segundos, o que me rendeu alguns tropeços em partes falhas da madeira do deck.

Pouco a pouco o som do mar se tornava imperceptível, a brisa mais fraca, e o som da cidade mais alto.

Não estou sozinha, era o que repetia pra mim mesma ao ver a praia sumindo do meu campo de visão. E eu não estava, afinal.

***

O tempo dentro do carro havia sido mais curto que o imaginado, e quando me deparei com a entrada da escola nova, a ficha de que teria de me adaptar a mais uma mudança finalmente havia caído.

— Boa aula, meninas! – Sarah disse, com seu sorriso de sempre. — E filha, se comporte.

— Pode deixar, mãe. – Kate acenou brevemente antes do SUV se afastar no meio de tantos outros carros. Me despedi da mesma forma depois de agradecer pela carona.