Cinq

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"Now all this time is passing by

But I still can't seem to tell you why

It hurts me every time I see you

Realize how much I need you"

(I hate u, I love u - Gnash)



Agosto de 2018

Amélie Lombardi

Eu estava na garagem e mesmo com o protetor de ouvido, o som foi estarrecedor. Eu fico bem nervosa em largadas em que eu não estou no carro e nessa não foi diferente, tentava evitar olhar mas acabava que eu ficava ainda mais atenta ao que acontecia na pista o que, em casos como esse, não ajudava em nada meu nervosismo, pelo contrário. Olhei para meu pai apenas para ver o desespero em seu rosto e piorar mais ainda, o acidente realmente tinha acontecido e talvez sido ainda pior do que eu imaginei quando vi de primeira. Não percebi que havia prendido a respiração até ver Charles em pé fora do carro e acho que meu coração nunca havia ficado tão disparado quanto estava no momento.

Se aquele mesmo acidente tivesse acontecido apenas dois anos atrás...esse pensamento passou pela minha cabeça e eu entrei em pânico, o desespero foi tão grande que quando vi um Charles inconformado ser deixado na garagem pelo carro médico e entrar sem olhar para ninguém eu o parei no meio do caminho e o abracei forte, como se minha vida dependesse daquilo.

— Ei, está tudo bem. Eu estou bem, prometo.

Ele provavelmente percebeu meu desespero e sua linguagem corporal mudou naquele momento, não sentia mais sua raiva, ele apenas estava calmo e tentando me acalmar também. Agradeci mentalmente por aquilo.

— Desculpa... é que eu pensei.

— Eu sei.

Ele diz e volta a me abraçar, eu sei o que ele sabia e entendi naquele momento o que tudo aquilo significava pra ele, pra nós. Por conta disso meu pai não fez perguntas, meu irmão apenas esperou sua vez de abraçá-lo e quando mais tarde eu praticamente não desgrudei dele até voltarmos pra casa, ninguém fez nenhum comentário. Eu só queria ter certeza que ele estava vivo e bem, depois? Bom depois eu posso voltar a odiá-lo.

Novembro de 2018

Fazia um mês hoje que eu havia sido coroada campeã da fórmula 3, eu ainda não conseguia digerir muito bem o que aconteceu. A disputa pelo campeonato entre mim e Mick Schumacher foi até a última corrida do campeonato e no momento em que minhas corridas não era nem sincronizadas nem nas mesmas pistas que a f2 e f1 eu foquei completamente no meu campeonato, não fazia mais nada em minha vida e sabia apenas treinar, simulador e correr, entre outras coisas relacionadas a automobilismo. Decidi isso quando Victor me contou que não iria mais buscar contratos, na verdade ele havia aplicado para algumas universidades e iria cursar administração para ajudar nosso pai nas empresas, ele havia desistido e para valer dessa vez. Arthur por sua vez além de seu envolvimento na fórmula E também iria continuar a competir em fórmula 4, em um campeonato com um grid bastante promissor o que poderia ajudar bastante em sua carreira, estava feliz por ele. Já Charles? Bom, no verão ele praticamente já sabia, mas na semana do meu aniversário o mundo também ficou sabendo: Charles iria pilotar pela Ferrari já no próximo ano, eu chorei, fiquei orgulhosa e honestamente feliz por ele e por alguns dias ele pareceu o Charles de um passado distante, um menino brilhante cheio de sonhos e com um enorme futuro pela frente e, claro, ele sabia muito bem disso. Porém ele também resolveu focar completamente na carreira e a forma como nossas duas famílias foram se distanciando ao longo dos meses foi clara, chegou um momento que apenas nossas mães ainda se viam já que o máximo de contato que eu tinha com Arthur era por mensagem.

Race of hearts | Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora