NIKKOLINA.
Lembro-me bem da primeira vez que vi meu avô mergulhar nas peças de xadrez. Ele se afundava na estratégia como se fosse sua própria vida em jogo. Eu, observadora silenciosa, testemunhava seu ritual de sacrifícios e traições, sua dança cal...
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publicado em treze de março de dois mil e vinte e quatro. ❜ ZERO contagem de palavras: 2870 ! ❛
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N I K K O L I N AㅤV A S I L I S A M O R O Z O V A ━ DIAS ATUAIS.
CIDADE DE MERIDIAN.📍
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OS MINUTOS SE ESTIRAVAM COMO UMA LENTA AGONIA, enquanto eu aguardava ansiosamente pelo término da sessão. Cada tic-tac do relógio ecoava como o bater de um coração acelerado, uma eternidade comprimida em breves instantes. A terapeuta, com sua caneta riscando o papel, parecia decifrar os segredos do meu ser, registrando cada palavra, cada suspiro. Minha mente dançava entre a esperança e o medo, desejando ardentemente que suas anotações fossem benignas, que não se transformassem em juízos sombrios, em sentenças que me arrastariam de volta ao abismo da clínica. Eu me sentia equilibrada na corda bamba da sanidade, consciente de que cada revelação poderia ser minha queda, mas também minha salvação. E ali permanecia, lutando para manter-me à tona, para afirmar a minha própria existência.
Quando, enfim, Lenore fechou seu caderno de notas, ajustando os óculos que teimavam em escorregar pelo contorno do seu nariz, ousei desenhar nos lábios um sorriso tímido, ansiando pelo momento em que ela, talvez, pudesse conceder-me a tão aguardada liberdade. O peso daquelas páginas preenchidas ecoava em meu íntimo, cada linha representando um fragmento do labirinto em que me encontrava. Meu olhar buscava sinais de compreensão, ansiando por um vislumbre de alívio, um lampejo de esperança a romper as sombras que há tanto me assombravam.
──── Nos vemos na semana que vem? ── Disse ela com sua típica simpatia e sorriso singelo.
Eu afirmei com a cabeça.
──── Até semana que vem, Senhora Garcia. ── Falei, levantando-me e arrumando minha bolsa em meu ombro.
Contemplei seu sorriso uma derradeira vez antes de permitir que a porta do consultório se cerrasse, outorgando-me, enfim, o alívio tão ansiado. Em momento algum contestei os tratamentos, entreguei-me de corpo e alma às medicações prescritas e às sessões terapêuticas, contudo, o peso da realidade ainda se mostrava avassalador. Deixar para trás um lugar onde a presença dos psiquiatras parecia rivalizar com a própria densidade do ar era, sem dúvida, um labirinto de emoções a ser desbravado. Sinceramente, a exaustão de uma existência tão cercada de cuidados psicológicos tornava-se palpável, uma carga que já não mais desejava suportar.
