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— Não sabia que vocês gostavam tanto de basquete — comentou Draco. Ele pareceu um pouco impressionado com meu interesse quando passamos pela lanchonete e atravessamos o corredor, atrás de Theo, Blaise e Dean.

Eu devia um enorme agradecimento a Theo pela aposta de cinquenta dólares, porque não só despertou meu interesse pelo jogo a ponto de eu esquecer Ginny e todo o resto, mas me valorizou aos olhos do Draco.

— Pois é, são as finais.

Sabia que Theo ia rir se me ouvisse naquele instante. Estávamos no intervalo, prestes a entrar escondidos na quadra de basquete para ficar tentando cestas enquanto não começava a nova partida. Quer dizer, todos menos eu.

— Então você é amiga do Marcus?

— Quem?

Ele pareceu confuso, embora ainda estivesse sorrindo.
— O número 51. Você prestou bastante atenção nele.

Dã.

— Ah, é. O Marcus. Somos... colegas.

Colegas? Sério? Fale alguma coisa interessante, Daphne! Alguma coisa que te distancie da Pequena Daph. Pigarreei.

— A gente namorou um tempo — acrescentei —, mas decidimos que funcionamos melhor como amigos.

É, mentir definitivamente melhora tudo.
Para ser sincera, eu não sabia mais o que estava fazendo com tanta mentira. Sempre me considerei uma pessoa honesta, mas já tinha mentido para Pansy, Helena e Draco. Quando aquilo ia parar?

Theo era a única pessoa para quem eu não andava mentindo, e isso porque eu não estava tentando agradá-lo ou impressioná-lo. Ele sabia como as coisas estavam caóticas, então não havia por que mentir para Theo.

— É, eu entendo.

O ombro do Draco encostou no meu de um jeito descontraído, mas ao mesmo tempo proposital (eu tinha 99% de certeza). Tive quase a confirmação de que a mentira desnecessária tinha me ajudado.

— Isso já aconteceu comigo algumas vezes — disse ele.

— Vamos — chamou Blaise, segurando a porta e fazendo um gesto indicando que nos apressássemos. — Venham antes que alguém nos veja.

Entramos atrás dele e chegamos na quadra de basquete. Dean achou uma bola ao lado do bebedouro, em um canto, enquanto os outros decidiam os times.

— Vai jogar, Greengrass? — perguntou Theo.

Ele me olhou de um jeito que indicava que eu devia aceitar, mas eu sabia que minhas habilidades não me ajudariam.

— Vou só assistir, mas obrigada.

Tirei os fones de ouvido do bolso da frente — eu sempre carregava comigo pelo menos três fones — e abri o aplicativo de música no celular. Sentei com as pernas cruzadas e coloquei os fones, assistindo aos garotos jogarem.Eles foram com tudo. Theo e Blaise formavam um time; Draco e Dean, o outro. Blaise falava besteira sem parar, e seu embate verbal contra Draco e Dean me fez rir, porque era brutal, arrogante e hilário.
Draco acertou algumas cestas, mas foi ofuscado por Theo, que parecia ser muito, muito bom no basquete.

Aquilo seria divertido.

Nunca criei uma trilha sonora para um evento esportivo — minhas playlists de corrida não contam —, mas sempre achei que havia uma magia especial nelas. Quer dizer, a trilha sonora do filme Duelo de titãs é extremamente boa. O curador montou uma obra-prima que mudou aquelas músicas para sempre para quem já assistiu ao filme.
Quem seria capaz de ouvir "Ain't No Mountain High Enough" sem imaginar Blue cantando no vestiário depois daquele treino infernal? E a música "Fire and Rain", do James Taylor, renasceu com o filme. Eu não conseguia lembrar o que imaginava quando ouvia essa música antes, mas depois de assistir ao filme ia sempre pensar no acidente de carro que deixou Bertier com paralisia.

better than the movies - daphne greengrassNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ