há de surgir uma estrela no céu cada vez que ocê sorrir

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Ramiro se encontrava perdido. Sua cabeça borbulhava em mil pensamentos e ele não sabia o que fazer. Após passar a semana inteira sonhando com Kelvin todos os dias, tentou encontrar soluções até no sobrenatural, porque não entendia como alguém era capaz de entrar na sua cabeça de uma maneira tão forte.

Como já era esperado, recorrer ao sobrenatural não funcionou. Tentou até retornar à cartomante que o aconselhou, mas ela não o ajudou em nada.

"(...) Filho, se aquele banho de ervas não funcionou, é porque essa ligação é muito forte. Infelizmente, não vou conseguir te ajudar. Você precisa encontrar a resposta em si mesmo. (...)" — Relembrou a fala da moça.

Após se frustrar com a falta de solução e acordar de um sonho com Kelvin mais uma vez, ele se encontrava em desespero no escuro do seu quarto.

— Droga, droga... Eu num aguento mais isso!

O último sonho com Kelvin foi o mais intenso de todos. Ironicamente, quanto mais tentava esquecê-lo, mais real e mais fortes os sonhos eram. Jurava que podia até sentir os toques do loiro. Era tudo tão real, e ele não sabia se a frustração era por não conseguir esquecê-lo ou por acordar e ver que o sonho não era real. Ele queria que fosse, como queria. Mas não conseguia normalizar aquele sentimento. Para Ramiro, aquele desejo de que o sonho fosse real deveria ser reprimido.

Mas ele se sentia a ponto de explodir. Aquele último sonho foi a gota d'água. Apesar de ter sido quem optou pelo afastamento, ele não aguentava mais. Sentia um misto de frustração, paixão, tesão e saudade. Não aguentava mais ficar longe de seu Kevin.

Apesar de já ter tentado se afastar outras vezes, dessa vez ele tentou, de verdade e com todas as suas forças, se manter longe. Mas, pela primeira vez, a saudade tomou conta de cada um de seus poros de uma forma que doía. E, após sentir esse misto de sentimentos que queimavam dentro de si, pela primeira vez, ele decidiu que iria deixar a coragem tomar conta.

Se levantou da cama e andou a passos rápidos atrás de qualquer roupa que encontrasse pela frente. Procurou ser rápido antes que a coragem se dissipasse, e ele não queria isso. Não queria retornar ao ciclo vicioso em que se encontrava. Entendeu que a solução era só uma. Dessa vez, ele se entregaria ao desejo.

Saiu com pressa da fazenda dos La Selva com sua caminhonete e tentou ligar para Kelvin, na esperança do menor ainda estar acordado. Mas, aparentemente, ele já estava dormindo, pois não atendia o celular.

"Vou ter que dar um jeito de entrar pela janela." — Pensou.

Não demorou muito para chegar ao bar. Fechou a porta da caminhonete, observou a rua completamente vazia e as luzes do letreiro do bar apagadas. Respirou fundo uma última vez e andou em direção a janela de Kelvin.

— Psiu. Kevin! — Bateu três vezes na janela fechada do quarto oculto pela cortina e rezou para que ele o ouvisse. Não queria que as outras meninas do bar acordassem e o encontrassem lá, pois estragariam tudo o que tinha planejado.

Não obteve retorno e bateu mais algumas vezes, até que viu um par de olhos desconfiados espremidos pelo sono aparecer nas frestas da cortina. Instantaneamente soltou um sorriso pela cena. Kelvin, ao ver que era Ramiro que se encontrava ali, arregalou os olhos e abriu toda a cortina. Ele não estava entendendo nada, e se apressou para abrir a janela.

— Ramiro... o que cê tá fazendo aqui? Uma hora dessa?

— Kevin... Eu... Eu precisava falar com ocê... Será que eu posso entrar?

Kelvin estava completamente confuso, mas jamais iria recusar a presença de Ramiro, por mais magoado que estivesse.

— Ah... Pode. — Deu espaço pro maior entrar.

Amar Ocê (Kelmiro)Onde histórias criam vida. Descubra agora