Capítulo 13 - Sempre ficamos obcecados por aquilo que não podemos ter

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Narrado por Evan

Era inegável que eu estava me sentindo absurdamente culpado. Diariamente, ao me deitar ao lado de Camila, me sentia como se fosse Judas, mentindo na cara dela, escondendo uma coisa que estava me dilacerando por dentro.

Porém, apesar dos pesares, ficar longe de Charlotte foi uma decisão que eu tomei só em nome do meu relacionamento, porque ainda que ela fosse jovem, que fosse a filha do namorado da minha mãe, eu ficaria com ela muitas e muitas vezes.

Não sabia dizer o que tinha nela, mas tinha alguma coisa que me deixava extasiado só de olhar para ela. Não sabia se era o olhar o inocente, o fato de que ela nunca tinha experimentado nada, a sede de ser o primeiro a tocá-la, já me fazendo um pouco egoísta, faminto por saber que seria lembrado para sempre por ela por ter lhe dado seu primeiro orgasmo.

Ela era toda certinha, tinha um universo para explorar agora com a faculdade, eu sabia que outros caras já estavam olhando para ela com desejo, porque ela nem sabia o efeito que tinha nos homens. Na cabeça dela, ela parecia ser invisível para os homens, e mal sabia que assim como eu, outros já tinham notado o cheiro de ingenuidade que ela exalava sem nem saber.

Seu rosto invadia minha mente quando ela estava vazia, e eu tinha que tratar de ocupá-la logo. Mas as coisas impuras que pensei, as diversas formas que a imaginei, o tanto que eu a materializei na minha cama, no meu sofá, na mesa da sala de jantar, no balcão da cozinha, no banheiro, no chão, no carro... Devia ser crime pensar tanto assim em alguém.

Porém, antes que eu só pensasse, do que a tivesse, de fato.

Foi um erro me desculpar, porque só de tê-la do meu lado no carro, já fiquei ligeiramente tenso, ela com os cabelos molhados, o rosto corado de correr até o resguardo da chuva, as mãos apertando a barra do casaco só por eu estar falando com ela... Notava seu nervosismo, notava que se eu falasse uma coisa absurda ela só iria aceitar. E não sabia dizer por que isso me deixava ainda mais atraído.

A vi pelos corredores da universidade algumas vezes, e sempre era difícil de olhá-la e segurar meus pensamentos. Tentava evitar, mas era quase impossível.

Sempre ficamos obcecados por aquilo que não podemos ter.

Mas, eu tentava seguir a vida, tentava realmente manter as coisas sob controle. Mesmo com tudo parecendo instável e caindo aos pedaços o tempo todo, mesmo com o meu relacionamento indo de mal a pior, com tantas brigas e desrespeito, mesmo eu estando mais perdido que cego em tiroteio... Tentava seguir a vida.

E lá estávamos nós, em uma festa da faculdade que Camila sempre fazia questão de ir. Eu, ela e meu amigo Joe, que estudava comigo desde o ensino médio.

Ela já tinha bebido antes de ir, e estava mais animada que eu para ir até aquela festa. Talvez, porque a lembrava dos tempos de juventude, que, pareciam ter morrido desde que começamos a namorar.

— Que animação! — disse Joe quando Camila correu para cumprimentar umas garotas que ela mal conhecia.

— Nem me fale. — disse, bebendo um gole do meu copo e sendo interrompido por Joe me cutucando.

— Chegou o pessoal alternativo... — ele riu.

Segui seu olhar e encontrei quatro pessoas entrando, dois caras e duas garotas, eles trajavam roupas de fato incomuns. Mas, se o objetivo era serem o centro das atenções, conseguiram, porque todos os olhares foram para eles.

Até que, a última garota do grupo entrou, com seus cabelos soltos e ondulados, uma maquiagem no rosto, e um vestido preto delineando seu corpo perfeitamente. O decote dando destaque para as clavículas demarcadas... Eu conhecia aquele corpo, conhecia perfeitamente aquele rosto.

• The Other Woman • || Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora