Minha esposa e eu acompanhávamos meus pais até o portão depois de um final de semana agradável em casa. Nos despedimos, e eles foram até o carro, que estava parado a uns dez metros dali.
Nos preparávamos para entrar quando um rapaz desconhecido chegou perto de nós com um andar malemolente. Seus os olhos estavam vermelhos. Vestia a camiseta listrada do Milan e uma calça jeans desgastada:
- Hein, irmão! Na humildade mesmo. Tem como você "fazê" uma conta pra mim aê rapidão? Na moral...
Por experiência própria essa combinação de palavras já prenunciaram um assalto no qual fui vítima, então o gatilho disparou forte. Tentei manter a calma.
- Claro! Pergunta aí...
Matemática nunca foi meu forte. Minha esposa já retirava o celular do bolso para fazer o cálculo, mas quem garante que o indivíduo não iria se aproveitar do momento.
Então, como um companheiro protetor que sou, alertei:
- Não precisa de calculadora, amor. - sinalizando pra ela guardar o celular.
- Eu faço de cabeça. Pode dizer.
- 500 menos 150...
- Huuummm... (subtração que precisa emprestar do número da esquerda. Fudeu!)
Tentei não demonstrar desespero. E para tentar ganhar um tempo enquanto fazia o cálculo, perguntei:
- Quanto?
- 500 menos 150. - senti que minha credibilidade começou a ficar abalada.
- empresta do 5; fica quatro e vira 10; menos cinco... 350! - devolvi depois de alguns segundos pensantes de agonia.
Foi aí que o rapaz disse duas palavras que fizeram meu coração subdividir as batidas:
- Tem certeza?
... ... ...
- T-e-e-nho, pô!
Ele nem agradeceu, subiu a rua andando malandramente e disse alto:
- Então é isso que eu devo "po" crime! - provavelmente indo lá pagar sua dívida.
Preocupado, falei pra minha esposa:
- Mor, confere se eu não matei aquele rapaz.