Capítulo I

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Capítulo I: O que fazemos por dinheiro


Ano de 1889 d.c
Sombra, Stormborn

Era uma manhã quente para a capital Sombra. O clima estava incrivelmente úmido e elevado comparado ao histórico de baixas temperaturas da cidade. Senti o suor escorrer de minha testa. O dia não havia começado exatamente como eu desejaria.

Observava impacientemente na Knight Street, os cavalos estarem presos ao portão de partida, onde cada cavalo encontrava o seu espaço. Olhei fixamente para a casa verde de número seis, o corcel puro-sangue do qual estava apostando que venceria a corrida parecia estar se preparando. Ele era um cavalo alto, forte e tinha pelagem e crina escura. Estava muito bem aos meus olhos. Parecia saudável. Mas então por que é que o animal estava tão ofegante quando o montador subiu em sua sela? Comecei a perceber a medida em que a corrida começava e o executor atirava para cima com sua pistola de aço, que talvez o meu suor não fosse por conta do calor.

As portas se abriram. Os cavalos correram velozmente conforme seus montadores pressionavam-os, apertei o pequeno papelzinho em mão, muito fortemente, franzia o cenho ao avistar o cavalo que eu parecia ter certeza que venceria estando parado no mesmo lugar que tinha começado a partida. Quis irritavelmente amaldiçoar aquela droga de cavalo. O animal estava na casa seis, permanecendo inerte aos comandos de seu montador.

— Estive te procurando, Wolddyck!

Ouvi uma voz estentórea se aproximar. Felizmente, não precisei virar-me para saber de quem se tratava.

— Tch. Não me encha o saco, estou ocupado! — Afirmei reduntamente sabendo o porquê Marciel parecia estar à minha procura. Continuei encarando a quadra com muitas frustrações ao avistar o animal deitar-se na terra escura, negando-se a ouvir minhas maldições internas e os lamentos de todos que apostaram na sua condição de vitória.

Quis desesperadamente sair da arquibancada e ir até o centro da corrida para puxar o cavalo do lugar, mas eu sabia que não tinha mais tempo. Um tiro soou fortemente pela quadra revelando que a corrida acabou, o cavalo de pelagem acinzentada se mostrava vitorioso ao alcançar a linha de chegada em toda a sua glória. Pude ouvir os choramingos de muitos na arquibancada que assim como eu, apostaram seus dinheiros confiantes na vitória.

Joguei o papelzinho no chão de madeira e pisei-o com a sola do sapato. Estava visivelmente irritado. Estive a um passo de descer da arquibancada e matar aquele cavalo. Tentei inspirar fundo para conter tal instinto assassino e me lembrar que a culpa era de quem não cuidou corretamente do animal, pelo visto o jeito parecia ser matar o dono do cavalo.

Por que a alegria de todo pobre durava tão pouco?

— Sabe, Siegren, tentar ganhar dinheiro fácil não combina com você. — Marciel parecia ironizar a minha condição.

Bufei, entediado. De qualquer forma, eu tinha perdido a corrida e não havia nada a fazer.

Virei-me para Marciel e observei-o parado de pé ao meu lado, ele continuava se vestindo como um rico burguês da sua classe mesmo em nossos encontros casuais. Sempre com um terno preto com abotoaduras douradas personalizadas, uma cartola escura na cabeça e uma bengala de prata com uma coruja como totem na mão direita, mesmo estando na casa dos vinte, se vestia como um velho.

— Às vezes, você me faz parecer um vagabundo. — Marciel poderia esbanjar riqueza em seus trajes e acessórios, mas não deixava de parecer antiquado para a idade.

— Mas você é um vagabundo! — Ele afirmou com uma voz eloquente que arrancou-me uma careta bastante desacreditada. — E é o meu trabalho como mediador entre você e o cliente, averiguar o progresso da missão.

Nascido para MatarWhere stories live. Discover now