Sobre o futuro

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"Eu amo ver você sorrindo, Hirotaka!"

Desde essa confissão feita quando eu literalmente menos esperava, parece que tudo mudou. Bom, ainda era sobre mim e Narumi que se tratava, então não mudamos drasticamente a ponto de vivermos agarrados, fazendo juras de amor e renunciar ao que gostávamos. Mas nossos sentimentos estavam mais conscientes para ambos a cada dia que passava. Eu especialmente me sentia nas nuvens pelo fato de não precisar mais esconder que a amava desde sempre. Não havia como Narumi e eu conhecermos mais um ao outro do que já conhecíamos. Nos conhecíamos desde a infância, trabalhávamos juntos, vivíamos juntos e conhecíamos as dores de ambos, então o que mais nos segurava para um segundo passo? Ok, talvez tenhamos seguido o exemplo do casal senpai, mas não demorou muito para que o casamento viesse.

Esta parte na verdade partiu de iniciativa minha além de ser apoiado por kabakura quando comentei com ele. Eu não sabia muito o que fazer no momento desse pedido. Não sabia se devia ser em um jantar à luz de velas, ou uma surpresa clichê, eu só tinha um par de alianças e a vontade, então fugindo de padrões e talvez sendo simplista demais (admito), o pedido de casamento saiu espontaneamente em uma noite que fui dormir no apartamento dela, e ela após alguns segundos processando a pergunta, sem hesitar disse sim prontamente. Aqui estávamos nós casados vivendo no meu apartamento que era consideravelmente maior que o dela vivendo uma vida a dois e com a certeza de que era com ela que queria passar o resto da minha vida.

Porém, hoje a familia Nifuji não estava apenas composta por mim e Narumi, tínhamos um terceiro membro na casa, Natsumi Nifuji nosso filho. Lembro quando descobrimos que estávamos "grávidos" eu não sabia nem o que pensar. Toda minha vida sempre me dediquei a viver tranquilamente em especial deleitado sobre os jogos. Nunca pensei seriamente em uma vida a dois e principalmente ser pai. Bem, em uma vida a dois eu só imaginaria com a Narumi e até certa época isso não aconteceria nem nos meus melhores sonhos, mas agora que estávamos aqui juntos e descobrindo uma gravidez, isso havia explodido minha mente.

No entanto, da mesma forma que eu estava surpreso e um tanto assustado com essa nova realidade, me vinha uma crescente emoção e alegria. Eu seria pai. E seria pai de uma criança junto com a mulher que sempre amei. Não sou de acreditar em divindades ou coisa do tipo, mas se existissem mesmo, não podiam ter me dado um futuro melhor do que esse e eu era bastante grato. Naquele instante que descobri que Narumi estava gravida e minha mente estava um turbilhão de pensamentos, tambem tentei me acalmar principalmente por ela. Se já era muita informação para mim, para ela devia estar sendo ainda mais, e naquele momento eu devia ser seu total apoio e cuidado.

Muita coisa havia mudado desde o nascimento do meu filho. Hábitos e hobbies ficaram em segundo plano de forma consensual entre mim e Narumi. Ainda amávamos nossos hobbies de sempre, mas amávamos mais agora nossa familia. Narumi diminuiu seus gastos em mangás e livros, deixando isso mais para certas épocas do ano, eu tambem estava na mesma linha, só que além disso, fiz algo por conta própria que nem mesmo eu pensei que conseguiria, cortei o hábito de fumar. Não que esse fosse um bom hábito de qualquer forma, e estava ligado a uma época da fase adulta onde eu estava de saco cheio, entediado e sentindo a falta de alguém na minha vida. Cigarros e bebida foram meio que uma forma de compensar essa falta. Essa falta da Narumi. Mas agora que eu estava aqui ao lado da mulher que sempre gostei e uma criança tão frágil estava chegando em nossa vida, não havia mais motivos para manter esse hábito. Esse não era um ato de cuidado nem por mim, mas sim pela minha esposa e meu filho. Eu sabia que não seria fácil simplesmente largar o costume, mas por eles, todo esforço era válido.

A essa altura do campeonato Natsumi já tinha 2 anos. Lembro como se fosse ontem, no dia do seu nascimento ele era tão pequeno, que eu com meus longos braços tinha que ter toda cautela para segurá-lo. Hoje ele já anda e fala bastante para alguém do seu tamanho. Acho que quanto a isso puxou a mãe. Ele na verdade parecia uma cópia masculina de Narumi. Tinha cabelos rosados como a mãe, era um tagarela cheio de perguntas e curiosidade, ainda não havia pegado as manhas dos jogos, mas isso eu resolveria com o tempo, seus olhos eram tão expressivos quanto os dela, mas eram azuis como o meu. Não sou de ficar me gabando a todos sobre "olha só, esse é meu filho! Olhem, olhem!" mas dentro de mim, ele era com certeza o sinal da minha alegria. Natsumi e Narumi foram as melhores coisas que aconteceram na minha vida, e nenhum jogo me traria essa sensação de satisfeito como estou agora.

Com Natsumi um pouco maior, com 3 anos e meio, havia se tornado um costume desafiá-lo nos jogos enquanto Narumi retornava a sua jornada com a escrita de doujinshis. Essa experiência como mãe talvez tenha a ajudado a se programar melhor para publicações de novas obras, pois agora quase não atrasava mais seus cronogramas. Seu traço nos desenhos continuava impecáveis pois praticava fazendo fanarts quando tinha tempo, e sua criatividade continuava aguçada. Acho que esse é mais um ponto que Natsumi herdou dela. Ele mesmo em seus desenhos infantis mostrava ter mais capricho do que as demais crianças da creche. Bom, eu tambem desenrolava bem nos desenhos, mas com certeza sua influência maior nisso vem da mãe.

Enquanto Narumi focava nas produções, eu a Natsumi passávamos horas de frente a telas de vídeo game em intermináveis disputas. Confesso que ficava admirado pela perseverança dele em querer me derrotar nos jogos, afinal eu não pegava leve nem com ele, mas este não se entristecia. Talvez esse seja seu primeiro objetivo de vida, me derrotar em algum jogo um dia. Depois de um longo dia de sábado cuidando dele e tentando esgotar sua energia diária de criança, o levei para cama enquanto ele balbuciava algo enquanto dormia.

"vou derrotar o papai..."

Não pude evitar um leve sorriso quanto a isso. Talvez um dia você consiga mesmo.

Quando fui à sala, ali se encontrava alguém totalmente apagada em cima da escrivaninha depois de um longo dia roteirizando e desenhando. Até com óculos no rosto ainda estava enquanto dormia ressonando baixinho.

"como ela é fofa"

A puxando levemente da cadeira e ajeitando nos meus braços, já estava levando para a cama quando esta tambem começa a balbuciar algo:

"Querido... que horas são?"

"já passa das 21 horas"

"preciso voltar e ... terminar as últimas páginas..."

"Descansa por hoje. Amanhã eu te ajudo a terminar"

"promete?"

"claro." – digo deixando um beijo em seus lábios enquanto ela se aninha mais em meus braços em direção ao quarto.

Se antes esse não era o futuro que eu imaginava, hoje eu certamente não seria mais feliz se não estivesse vivendo isso.

Familia NifujiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora