Uma noite e ½ - Marina Lima

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O que pensar quando se imagina o fim de ano nos escritórios brasileiros?

Eu te respondo! Um caos! Um caos divertido.

Os estados dançavam e pulavam com suas gravatas em qualquer lugar, menos no pescoço. No último dia no escritório sempre tinha festa.

Gente com colar de flores no pescoço, chapéus coloridos, confetes, música tocando e pessoas dançando. Se duvidar, poderiam facilmente dizer que confundiram fim de ano com Carnaval.

Diferente do resto da equipe lá fora, um emo paulista terminava de checar uma pilha de papéis, enquanto tomava um longo gole de café.

Incrível era a capacidade de fazer tanta coisa ao mesmo tempo. Lia os papéis, digitava com uma mão o teclado, e com a outra segurava a caneca de café ainda perto dos lábios.

Estava em transe.

Só tirou os olhos da tela clara quando ouviu batidas frenéticas em sua porta.

- Entra! - Mandou e voltou a atenção ao computador em sua frente.

- Me espera aí! Não vão começar o jogo sem mim. - O carioca gritou segurando no batente da porta e logo entrando com um sorriso malandro. Estava com um colar de flores e um punhado de confetes na mão. Sampa olhou pra ele sem mover a cabeça, revirando os olhos cansados em seguida.

O de dreads loiras chegou perto de sua mesa e assoprou os papéis brilhosos.

- Ô seu merda! - Vociferou varrendo com a mão os confetes. Rio apenas gargalhava curvando as costas para trás. - Seja lá o que você quer, pega logo e vai embora. - Deu mais uma golada no café que já acabava. Logo precisaria repor.

- Desisti de tentar entender pra onde vai todo esse café que cê toma. - Comentou, caminhando pela sala observando e tocando em tudo que seus olhos enxergavam. Passeava as mãos pelas estantes escuras e carregadas de coisas. Livros, cadernos, relógio, até um brinquedo do McDonald 's. Passou os dedos pela superfície da madeira e não recebeu nenhuma poeira sequer nas pontas dos dedos.

Sampa apenas o seguia com os olhos.

- Fala logo o que você quer! - Vociferou, vendo o moreno mexer em seu pêndulo de Newton.

- Você não acha que deveria sair um pouquinho não? Geral tá lá fora se divertindo. Até na véspera da véspera do ano novo você fica nessa sala escura. Tá parecendo um vampiro. - Caminhou para trás da mesa e cadeira do paulista e observou as cortinas fechadas.

- Não exagera. - Moveu a cadeira giratória, observando o outro mexer nos panos escuros.

- Rapaz, aqui precisa de um solzinho. - Em uma fração de segundo o moreno abriu com tudo as cortinas, fazendo assim a claridade adentrar o cômodo fechado.

- Ah! A luz! - O emo se encolheu na cadeira e tapou os olhos que ardiam.

- Crê em Deus Pai, depois eu que sou o exagerado. Faz quantos dias que você não dorme?

- Não sei, a uns dois, três dias? Não tem importância. Não preciso dormir, preciso de respostas. - Tirou um cigarro da gaveta e voltou a folhear os papéis.

Rio suspirou vendo o moreno colocar o cigarro entre os lábios ainda sem o ascender.

- Onde planeja ir nesse fim de ano? - Perguntou, pegando canetas que achava na mesa do Paulista e testando elas na própria mão.

- E te interessa? A única coisa que tenho certeza é que vou fazer uma deliciosa garrafa de café e vou ficar longos dias aqui na minha mesinha revisando o trabalho que era pra vocês fazerem. - Disse apontando pro loiro, arrancando as canetas da mão do mesmo e guardando no porta canetas novamente.

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