04 - Destinos em jogo

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O sol começou a iluminar a janela do quarto de Isabella, que ainda dormia profundamente. Dutch foi o primeiro a acordar, espreguiçando-se cuidadosamente na cama enquanto dava um longo bocejo. Ao levantar, vestiu sua calça de couro e caminhou a passos leves até a varanda para fumar um charuto. O sol e a brisa batiam em no peito nu, trazendo a sensação de liberdade que só as manhãs proporcionavam.

Dutch olhava reflexivo para o horizonte. Os pensamentos passavam pela mente como se fossem uma colagem de memórias vivas de momentos que o trouxeram até ali. Ao sentir-se em paz naquela calmaria, a terrível voz de Mephistopheles ecoou novamente em sua cabeça, enfraquecendo-o.

"Van der Linde, achou mesmo que poderia simplesmente se isolar aqui e escapar de mim? Saiba que a cada dia que passa, sua alma atormentada se afunda mais e mais no limbo do inferno. Você já está condenado, não pode fugir do seu trágico destino"

O cavaleiro echou os olhos, pressionando as têmporas com os dedos. Sabia que não podia ignorar a presença do demônio, nem as consequências do pacto. A sensação de impotência e frustração o invadiu, mas Dutch não se renderia facilmente.

"Maldito seja você, Mephistopheles", o repreendeu entre dentes, recusando-se a ser dominado pelo terror que ele  representava. Mesmo que estivesse preso a um péssimo acordo. Dutch ainda estava disposto a encontrar uma maneira de libertar-se da maldição.

Enquanto ele lidava com a influência de Mephisto. Isabella despertou do sono piscando os olhos lentamente,  acostumando-se com a luz. Então levantou da cama com cuidado deixando os lençóis caírem ao redor de seus pés, indo até guarda-roupa escolher suas vestes.

Isabella escolheu roupas práticas: calça de couro, camisa clara de algodão e um colete escuro. Suas botas de cano médio completavam o visual. Com os cabelos castanhos trançados, estava pronta.

Na varanda, encontrou Dutch absorto em seus pensamentos. Silenciosamente, ela o abraçou por trás, demonstrando carinho.

— Hmmm... é tão bom tê-lo aqui assim em meus braços. — Isabella sussurrou, sugestiva.

Dutch virou-se devagar, observando o olhar afetuoso dela.

— Também, depois da noite de "amor" que tivemos ontem, me espantaria se a minha presença não fosse boa.

Isabella sorriu, sacudindo a cabeça.

— Você ainda continua o velho Dutch de sempre, nada modesto.

Os dois permaneceram ali por mais algum tempo, abraçados, seus olhares transmitiam mais do que palavras poderiam expressar. Era um momento de cumplicidade, um breve refúgio de paz em meio à tormenta que os cercava.

— Parece que você está acordado há um tempo. Aconteceu alguma coisa?

— Estou apenas lidando com algumas questões pessoais. — Dutch falou, sem entrar em detalhes.

Isabella assentiu compreensivamente, respeitando o espaço dele para compartilhar o que estivesse sentindo. Ela sabia que havia mais por trás daquele olhar cansado e preocupado, mas preferiu não forçar nada no momento.

— Bem, estou pensando em preparar um café da manhã. O que acha de nos sentarmos, aproveitando o dia? —sugeriu, massageando os ombros dele.

— Acho uma ótima ideia. Irei para a cozinha em instantes. — Dutch respondeu, escondendo o nervosismo.

Isabella retribuiu o sorriso carinhoso, indo até a cozinha preparar o café. Dutch permaneceu ali na varanda, observando-a se afastar. O peso das preocupações ainda estavam lá, ele sabia que hora ou outra teria que dizer a verdade.

A maldição de Van Der LindeWhere stories live. Discover now