Capítulo 6

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Aviso de gatilho: tentativa de suicídio. Não leia se for sensível a isso, preserve sua saúde ❤️.
Lembrando que as autoras não compactuam com as ações dos personagens.

Por um instante esqueço como anda ou respira. Por mais que minha mente esteja gritando para eu me mover, não consigo, pelo menos não até  ver que Alexei leva a mão ao pescoço novamente e segure o cabo do garfo.

Então o tempo parece correr em câmera lenta,  recupero o bom senso, pois sei que se ficar perto do russo vou sair machucada, por isso dou um passo hesitante para trás e depois outro e outro.

Com horror observo Alexei retirar o objeto de sua carne com um puxão, faço uma careta de dor como se o gesto tivesse doendo em mim, o sangue vermelho escorre dos quatro pequenos buracos e mancha a gola branca de sua camisa. 

Devagar ele começa a se mover, posso ver o ódio estampado em seus olhos tão claramente que me faz tremer, juntando o resto de coragem que ainda me resta, corro em direção a porta, mas para meu azar quando abro meu corpo esbarra com Viktor.

— OLÍVIA! — meu nome retumba pelos lábios de Alexei.

— Não deixa ele me machucar. — imploro ao único homem que mostrou alguma compaixão por mim.

Viktor parece não entender até olhar para o chefe e ver sangue em suas mãos.

Uspokoysya, brat! (Tenha calma, irmão!) — ele fala em russo algo que parece fazer o ódio no olhar do Alexei aumentar.

O medo aumenta se esgueirando por cada célula do corpo, minhas pernas trêmulas já estão perdendo as forças.

Uvedi yeye otsyuda, poka ya ne otorval yey sheyu! (Tire-a daqui, antes que eu arranque o pescoço dela!).
Viktor segura meu braço de um jeito protetor, mas continua encarando seu Pakhan. 

— Suba Olívia. — fala de um jeito brando, até preocupado.

Eu sabia que se o soldado tivesse que escolher, minha batalha já estava perdida. Faço o que ele pede, porém antes de passar por Alexei, ele segura meu braço em um aperto de aço deixando sua ameaça.

— Isso não vai ficar assim pequena fera. 

Sabia que não, mas iria me defender até o fim ou morrer tentando. Antes de correr escada acima, vejo o quanto ele está desestabilizado. A respiração acelerada faz com que o peito largo suba a uma rápida velocidade, as íris azuis estão dilatadas, sua imagem se assemelha a um animal raivoso. Além de sua carne devo ter ferido seu ego.

Eu estou ferrada.

Quando chego no quarto tranco a porta encostando na madeira fria escorregando até o chão.

¡Qué mala suerte, Dios mío!

Daqui escuto a discussão acalorada na parte inferior do apartamento. Os dois estão alterados e a culpa é minha.
Porque não fiquei calada? Porque fui impulsiva?
Como pude esquecer dos ensinamentos de mamãe em segundos?

Um estrondo de algo se quebrando no andar debaixo faz com que eu me encolha de encontro a porta.  Como um computador veloz, meu cérebro trabalha em uma maneira de escapar daquela situação. A verdade é que existia uma forma de acabar com tudo aquilo, há muito tempo penso nisso, só que nunca tive coragem o suficiente para fazer. Nunca até hoje.

— Tenho que acabar com isso de uma vez. — fungo apoiando a mão na madeira para me levantar.

A janela do quarto parece me chamar, por estar aberta as cortinas brancas balançam com o vento. Tiro os sapatos deixando-os perto da porta e ando até a varanda. Estamos no último andar de um prédio de vinte andares, então será uma morte instantânea.

Vindita - Spin-Off da Série Amores LetaisWhere stories live. Discover now