CAPÍTULO IV QUEBRA-CABEÇA - NOVAS PEÇAS PARA A INVESTIGAÇÃO

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Mika não chegou a adormecer, sempre que ousava a fechar os olhos era atormentada pela lembrança do corpo de Isabela, as sombras da estrondosa árvore. Perto das 6 horas da manhã ela revirou novamente na cama, dando de cara com o retrato inerte de um simpático menininho. Ele sorriu de volta para ela, a encarando de uma forma que a fazia o imaginar alegre e saltitante como as crianças de cinco a seis anos costumavam ser, seria aquele o filho de Lundy, fruto do relacionamento que ocasionou a morte de Anna? Embora houvesse uma grande semelhança com o delegado, não poderia ser, o suposto filho dele teria idade entre 15 a 20 anos, não havendo fotos pelo aposento de outro garoto mais velho.

Mika se levantou determinada, arrumou a cama e escovou os dentes. Comendo um pedaço da pizza fria, vestiu as gastas roupas de corrida e guardou um par de vestes limpas e mais formais na mochila, se adiantando para porta. Com cuidado desativou o alarme e saiu para o dia cinzento, dobrando a esquina em passadas rápidas para chegar a avenida principal.

Cerca de 15 minutos depois ela cruzou o portal de entrada da delegacia, avistando ao fundo do pátio o carro de Lundy estacionado, sussurrou um "bom dia" para a escrivã ao passar pela recepção, dando de encontro com Alice ao chegar ao vestiário.

— Oiiii! — cumprimentou Alice com um energético sorriso, embora as olheiras e a expressão cansada deixasse claro que ela também não havia dormido — que bom que ficou para nos ajudar, Lundy nos contou como você foi incrível trabalhando no caso. Fico feliz também em não ser a única mulher por aqui.

— Eu só... fiz o melhor que pude — respondeu Mika sem falsa modéstia. Realmente, na prática, ela só havia escorregado e caído em cima da cena do crime, encontrado o corpo por puro acaso.

Mika retirou a roupa suada e entrou no box, evitando a cena de Alice desfilando de calcinha pelo banheiro. Mais ligeira com a temperatura da água, esperou a fumaça morna a dar certeza de que a água estava quente antes de se molhar.

— Temos reunião na sala três em 15 minutos — avisou Alice guardando suas coisas no armário — vou avisar Lundy que não precisa mandar a viatura para buscá-la. Se quiser, pode usar o armário 08 até arrumarmos um definitivo para você.

Mika respondeu um "obrigada" sem ter certeza se Alice chegou escutar. Tomou um banho rápido e se trocou, vestindo Jeans e uma camisa preta limpa, e saiu para o corredor após guardar suas coisas no armário 08. A porta da sala três estava aberta, era a mesma sala onde ela havia se reunido com os demais policiais na manhã anterior. Dominiq e Baskar conversavam sentados ao fundo mesa de reunião e Alice, aparentemente irritada, tentava ligar o projeto com fortes batidas. Passos apressados se aproximaram pelo corredor, Mika se virou instintivamente, se deparando com Lundy, visivelmente esgotado, carregando uma pasta de arquivo debaixo do braço. Ela a cumprimentou com um aceno de cabeça, parando a porta com o braço estendido, como quem cavalheiramente diz "primeiro você".

Ela murmurou um tímido "bom dia", se sentando a frente de onde, por coincidência, Lundy deixara sua pasta. Observou o delegado dar um tapa nada gentil no projetor, que prontamente se ligou, parando para contemplar os presentes em silêncio. Todos se calaram.

— Alice — chamou ele se sentando de frente para Mika e girando a cadeira para parede em que refletia o projetor — nos apresente o caso, por favor.

Alice pegou o controle sobre a mesa e seguiu para a parede, onde o data show projetava um horroroso papel de parede de flamingo. Com um click a imagem enjoativamente rosa foi substituída pela foto de uma moça. Os cabelos claros, cuidadosamente penteados, eram presos por uma tiara de flores e o rosto juvenil expressava um tímido sorriso.

— Isabela Gouwere... — começou Alice pigarreando para limpar a voz embargada — 16 anos, estudante, desapareceu na tarde de terça por volta das 18 horas, sendo encontrada... morta em local já conhecido pela polícia por ser palco de outros crimes. — despejou Alice finalmente parando para respirar.

Véu de Sangue - o colecionador de almasOnde histórias criam vida. Descubra agora