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22/05/2038 || 8:36 am. || Atlanta.

O sentimento de culpa e fracasso, inunda Alaska por completo, enquanto ela arruma sua mala para voltar à a sua terra natal,"você falhou de novo" "você é nojenta por gostar de garotas" essas palavras martelam sua mente, como uma pancada.

Ela passa a mão pelo seus cabelos, e suspira fundo, ao terminar de arrumar sua mochila, ela fecha o ziper,
e joga a mochila atrás de suas costas, e caminha até a porta do seu quarto, antes de sair por completo, ela
olha em volta de seu antigo quarto pela última vez,
antes de caminhar em direção aos portões de Maplewood.

Maplewood é uma comunidade, assim como Jackson, as duas comunidades tem uma parceria, elas sempre se ajudam, como podem. Alaska se mudou para Jackson aos 6 anos, após Tommy e Maria a acharem, em um beco, totalmente desnorteada e acabada.

Alaska estava prestes a deixar sua mãe infectada a morder, por simplesmente não conseguir ter coragem para atirar em sua própria mãe, mesmo que não fosse mais ela agora, ela simplesmente não conseguiu, ela estava decidida a se deixar ser mordida.

Se Tommy e Maria não tivessem lhe encontrado, ela provavelmente teria sido comida viva por sua própria mãe. Ela demorou um pouco para se acostumar com a ideia de Jackson ser um lugar seguro, porque ela já havia estado em outras comunidades, e elas simplesmente desmoronaram em pouco tempo.

Ela era uma garota quieta, só falava se falassem com ela, e a maior parte de seu tempo ela gostava de estar sozinha, e mal conseguia dormir, pois sua mente adorava lhe auto-sabotar, repassando várias e várias vezes a imagem de sua mãe chorando falando para que quando ela virasse um daqueles vermes, ela teria de mata-lá.

A imagem de sua mãe se transformando em um daqueles monstros assombrava sua mente como um looping infinito.

Só o tempo foi capaz de apaziguar esses fantasmas, por mais que eles sempre voltassem, ela continuava a viver sua vida, e tentava fazer de tudo para estar sempre com a mente ocupada com alguma coisa, para seus pensamentos não voltarem à tona para aquele maldito dia.

15/01/2033 || 5:43 pm. || Wyoming.

Quando Alaska estava caminhando por Jackson, como sempre costumava fazer nos finais da tarde, ela viu uma garota ruiva, um ruivo quase castanho, só dava para enxergar seus fios vermelhos à luz do sol, seus olhos eram um verde floresta, seu rosto é coberto por sardas, e a mesma tem uma cicatriz em sua sobrancelha, ela podia dizer que a garota tinha acabado de chegar em Jackson, já que nunca a viu por lá, até agora.

Alaska estreitou os olhos ao ver a garota ruiva andando em Estrela, "seu" cavalo, ela surtou ao ver a cena, até porquê, estrela era muito importante para ela, ela a viu crescer e cuidou dela, então, criou um enorme afeto pelo animal, mas o único problema era; ela ainda não havia aprendido a andar a cavalo, Tommy havia prometido lhe ensinar mas estava ocupado demais nas últimas semanas, e então a caminhou em direção da ruiva.

— Ei! A estrela é minha! Você não pode ficar pegando o cavalo dos outros, garota. — Alaska diz com a testa franzida, e em um tom de raiva, a ruiva apenas olha para ela, a analisando, de cima à baixo, e dá um riso nasal

— Não estou vendo seu nome escrito nela, "princesa" — Ellie responde, em um tom sarcástico, fazendo-a ficar mais irritada ainda.

— Quem você acha que é? você acabou de chegar aqui! A estrela é minha, devolve!  —  Alaska responde.

Ellie olha para ela com uma carranca, mas antes mesmo que a garota ruiva possa se defender, Maria se aproxima das duas tentando apartar o que quer que esteja acontecendo entre as duas o mais rápido possível.

— Ei, meninas! O que é isso? o que está acontecendo aqui? — Maria pergunta 

— Essa maluca que tá dando um show, falando que a estrela é dela, você não disse que eu podia usar a estrela, Maria? — Ellie questiona, irritada.

— O que?! Maria, eu cuido dela desde bebê, isso não é justo!  — Alaska responde, indignada.

— Mas você ainda nem saber andar a cavalo ainda, Alaska! o que custa deixa-lá usar enquanto isso? —
Maria pergunta, ela pode ver um pequeno sorriso cínico brincando nos lábios da ruiva.

— Não? Ela já é minha! Essa garota que procure o cavalo dela — Alaska diz cruzando os braços e dando um olhar mortal para Ellie.

—  Vai se foder! menina escrota do caralho — 

— Alaska, Ellie vai ficar com a estrela até você aprender a andar a cavalo, certo? E não se fala mais nisso! — Maria retruca, Alaska olha para Ellie que dá um leve sorriso de canto, ela só revira os olhos.

— Que seja. —  Ela sai de lá, deixando as duas para trás.

Depois disso, tudo ficou ainda pior, o passatempo favorito da ruiva era irritar Alaska, ela a irritava sempre que te via, ou ela lhe chamada de chorona ou
de "mimadinha"  que fazia seu sangue ferver, você não aguentava mais as provocações de Ellie Williams. Parece que a vida dela girava em torno de infernizar a vida de Alaska.
 
O pior de tudo era que apesar das provocações de Williams, ela sentia ódio por ela, mas não o suficiente para odia-lá. Na verdade, ela só achava que a odiava,
mas sempre se pegava admirando a beleza da ruiva, isso estava a deixando louca e confusa, ela não entendia o porquê desses sentimentos por causa dela, ela devia odia-lá, não acha-lá bonita, certo?

1 mês antes de Alaska completar seus 15 anos, ela havia escutado uma conversa entre Tommy e Joel, de que a comunidade parceira, mais conhecida como Maplewood, estava recrutando jovens de 15 à 19 anos para se tornarem soldados, e então, ela decidiu se alistar e deixar Jackson na esperança de ficar longe de Ellie, e afastar esses sentimentos fodidos pela ruiva.

Poucos dias depois do seus 15 anos chegar, ela deixou Jackson, e ficou quatro anos fora, bem... até agora.

Ao passar pelo portão de Jackson, ela sentiu uma sensação familiar, uma sensação boa. Ela estaria mentindo se dissesse que não gostou de estar de volta.

Mrs. Wood  |  𝐸𝑙𝑙𝑖𝑒 𝑊𝑖𝑙𝑙𝑖𝑎𝑚𝑠.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora