46 • Primeiro dia

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• Ava Silva - Point Of View

O primeiro dia na escola de música. estava tão animada que fui a primeira a chegar no local. Teríamos uma pequena reunião antes de abrir as portas, todos os professores e funcionários deveriam comparecer. Deixei a cafeteira ligada, em poucos minutos chegaria salgados para todos. Queria ser uma boa anfitriã, foi ideia minha e de Sabrina, mas aparentemente estou mais ansiosa.

Quando a loira chegou estava tudo organizado, cronogramas em cima da mesa para cada um, havíamos organizado isso a dias, antes mesmo da inauguração. Agora, era só esperar os nossos futuros colegas de trabalho.

Eles chegaram aos poucos, os salgados também e fizemos uma confraternização antes de abrirmos a escola. Era somente para explicar onde ficariam as salas, como funcionaria a recepção ou contabilidade. Apenas deixar claro para todos como seria nossa escola a partir de agora.

Essa semana não será tão cansativa para os professores, são poucas matrículas confirmadas e iniciaremos aulas experimentais para incentivar as crianças a desejarem estudar música. Me aconcheguei em minha sala, a da Sabrina é ao lado, iremos receber pessoalmente todos os pais essa semana, então, não daremos aula de música.

Na metade da manhã já havia atendido a muitos pais curiosos sobre a escola.
Quantas turmas? Quantos instrumentos? Os professores são realmente músicos? Estava no meu terceiro café quando bateram à minha porta, murmurei um "entre" enquanto encarava a tela de meu computador organizando a última matrícula feita.

- Sou eu. - A voz de Sabrina me fez levantar o olhar, a mesma entrava na sala com um buquê de lírios vermelhos em mãos. Rapidamente tirei o óculos de grau que estava em meu rosto.

- Deixaram para você na recepção, não sou curiosa, mas... Achei melhor eu mesma trazer sabe. - Franziu o nariz enquanto me entregava a flores.

Meu coração palpitou ao ver um cartão em meio a elas. Não me importei com a presença de Sabrina, abrindo o pequeno envelopinho e colocando meu óculos novamente. O cartão em formato de coração era a coisa mais boba e adorável do mundo.

"Só passando para desejar um ótimo primeiro dia, estou com certeza pensando em você agora e mandando muitas energias boas. Sua escola vai ser um sucesso, não tenho dúvidas, mas espero que reserve um tempinho para pensar em mim também. Saudades, Bea."

- Tira esse sorrisão bobo do rosto e me diz quem mandou. - Sabrina me fez encara-la, revirei os olhos.

- Bea! Quem mais seria? - Respondi como se fosse óbvio, levantando meu corpo e caminhando até a pequena prateleira na parede ao lado de minha mesa. Havia um vaso sem água por enquanto, mas mentalizei que colocaria mais tarde.

- Que tal trabalharmos? - perguntei, encerrando o assunto. - Acabou de me dar vontade de tocar, sei que não estou no cronograma, mas arruma uma turma para o piano, por favor? Só uma.

- Em cima da hora, Silva?

- Pode ser de tarde, só quero tocar para eles. - Revirou os olhos.

- Já vi que quem vai manter a escola de pé sou eu. - Caminhou para a porta, resmungando.

- Também amo você. - Falei em um tom alto e risonho.

A porta se fechou, corri para minha mesa e peguei meu celular. Havia trocado um "bom dia" com Bea e ela me desejou bom trabalho, conseguiu me surpreender.

"Posso estar cheia de afazeres, mas sempre sobra uns minutos para pensar em você. Amei as flores, o final de semana, os beijos. Quero tudo de novo, ainda estou esperando sua resposta sobre o aniversário. Saudades."

Enviei, sem vergonha ou relutância. Escrevi o que estava sentindo e mandei, sem escudos. Chega. Eu a quero e ela me quer. E agora olhando para esses lírios vermelhos, sinto que a quero ainda mais.

Sorri comigo mesma, voltando aos meus afazeres e recebendo mais pais de futuros alunos. Não via a hora de ir para uma sala de música, estava ansiosa.

Almoçamos na escola mesmo, não valia a pena ir em casa sendo que estávamos cheia de coisas para organizar. Os professores tinham seus intervalos, por vezes ficavam sem nenhuma turma, mas o clima era bom e provavelmente semana que vem não teremos tempo para nada do jeito que tantas crianças estão se matriculando.

A aula que daria seria a última, apenas uma pequena amostra do que iremos realizar durante o ano todo. Haviam crianças de todas as idades, seis ao total naquele momento. Ensinei algumas notas, conseguindo reuni-las perto do piano. Eles se animaram por tocar no instrumento. Toquei uma música, todos continuaram por perto, atentos. Havia uma garotinha, ela parecia mais acanhada, mas seus olhos brilhavam com o soar das notas musicais.

Meu peito se aqueceu com a cena, os olhos marejaram e segurei para não chorar. Era como se estivesse vendo a mim mesma, quando pequena e admirava meu pai tocando. As lembranças afetivas me invadiram em cheio.

- Está quieta depois da aula. - Sabrina comentou, estávamos juntando nossas coisas para ir embora.

- Eu só... - suspirei, erguendo meu corpo e a encarando. - Estou realmente feliz que conseguimos realizar o que tanto planejamos, sabe?

- Ah, não. Não quero chorar. - falou, dando passos até mim. - Mas agora preciso de um abraço. - Rimos juntas, nos aconchegando aos braços uma da outra.

O meu peito estava repleto de sentimentos bons, principalmente em relação às pessoas que tenho à minha volta. Era como se tudo estivesse se encaixando, como sempre deveria ter encaixado.

No meio da semana, tudo que falávamos era sobre o aniversário de Sabrina que estava se aproximando e os presentes que ganharia. Na escola não havia nada fora do normal, além de nossas matrículas estarem esgotadas e muitas pessoas ainda pedirem por vagas. Estava tudo incrível e com certeza sendo um sucesso.

- Vamos a uma festa e pronto. - Cami decretou, exausta de nossa discussão sobre a comemoração da mais nova de nosso grupo.

Estávamos todos reunidos em minha casa, a verdade é que a saudade daquela lutadora tem me torturado e me tornado uma amiga carente, e o problema é que todos meus amigos namoram entre si.

- Não, sempre os mesmos lugares e mesmas pessoas. - Sabrina resmungou.

Desci meu olhar para o celular que estava entre o meu corpo e o de Salem, deitados no sofá, formávamos o terceiro casal do grupo. Encarei a tela do meu aparelho, não havia mensagem de Bea, sei que faz apenas alguns minutos que foi tomar banho, mas quero atenção.

- Já sei. - Jace chamou a atenção de todos. - Vamos a um Clube de Strip. - Sugeriu sorridente como um gênio que teve a melhor ideia de todas. O seu sorriso sumiu assim que Sabrina o estapeou arrancando risadas nossas.

- Não achei má ideia, seria divertido. - Me pronunciei pela primeira vez, Jace estendeu a mão em minha direção em um high five e nós o fizemos, trocando sorrisos enquanto minha amiga revirava os olhos.

- Também acho que seria legal e diferente. - Yas comentou, Jace comemorou a mais um voto.

- Vocês estão esquecendo que a mais importante é a aniversariante. - Cami fez sinal com a cabeça para Sabrina.

De relance, percebi meu celular acendendo, era uma mensagem de Bea. Corri meu olhar para a tela, tocando em seu nome e lendo as palavras recebidas.

"Banho tomado, agora comer algo e deitar. o que você tá fazendo aí?"

"Planos para o aniversário da Sabrina, aliás... Você vem?"

Mordi o lábio, desviando o olhar para meus amigos novamente.

- Tudo bem, Clube de Strip, mas quero meus presentes. - Sabrina concluiu, recebendo um abraço do namorado e muitos beijos.

Nós rimos da reação do homem, ele realmente achou sua ideia sensacional. Nem poderei discordar porque também achei e será incrível essa noite com meus amigos... E pelo jeito, só com eles mesmo.

"Provavelmente não, Ava. Sinto muito."

Better Together - Avatrice Where stories live. Discover now