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DOMINIQUE WALKER

Ainda não conseguia acreditar que havia mesmo convencido Vinnie de ir a um evento da minha família. Eu estava super preparada para ouvir o seu "não" e lidar com ele, mas tive sorte e consegui contornar a situação ao meu favor, já que ele fez o ato maravilhoso de esquecer que estávamos sendo filmados enquanto transávamos na oficina.

Para garantir que tudo sairia perfeito, criei alguns tópicos para as conversas que teríamos durante o jantar. Eu tinha que conhecê-lo melhor e isso não era só sobre convencer a minha mãe de que ele era meu namorado. Eu também estava curiosa sobre Vinnie. Usaria a minha persuasão para arrancar os detalhes mais sórdidos.

Preparei o jantar para nós dois e me arrumei logo em seguida. Quase não consegui ficar pronta a tempo, mas assim que terminei de passar o batom, o interfone tocou. Permiti que Vinnie subisse e como se já fosse de casa, ele nem tocou a campainha, apenas conferiu se a porta estava aberta e foi entrando.

— Olá, doutora. — sentou-se ao meu lado e me deu um selinho. — Está muito cheirosa. — sorriu de canto.

— Eu sei. — sorri também, ficando de pé em seguida. — O jantar está pronto. — estendi minha mão para ele.

— E aí você vai me colocar em um paredão e atirar em mim com dezenas de perguntas? — segurou a minha mão e se pôs de pé.

— Isso aí.

Puxei ele pela mão e o levei até a cozinha, onde a mesa estava posta da maneira mais formal possível. Seria como um jantar de negócios e eu esperava que o ambiente aparentemente sério pudesse induzir o subconsciente de Vinnie a ser sério também.

Sentamos lado a lado e nos servimos. Quando começamos a comer, eu peguei a caderneta que estava sobre a mesa e abri na folha onde havia feito uma lista com os tópicos principais da nossa conversa. Vinnie franziu a testa e olhou para mim como se perguntasse se eu estava mesmo falando sério.

— A gente precisa se organizar para não nos perdermos. — expliquei.

— Eu tinha esquecido o quão nerd você é.

— Como eu ia dizendo... — ignorei seu comentário e continuei a falar. — O primeiro tópico é sobre a nossa infância. Eu começo. Meus pais e eu morávamos em um condomínio chamado La Belle Vie que fica nos extremos da cidade, em um bairro de elite. Apesar da fortuna, eu nunca fui uma criança que teve tudo de mão beijada. Se eu não me comportasse, não tinha o que queria.

— Eu chamo isso de criação normal. — debochou.

— É a criação ideal. — dei de ombros. — Mas isso partia mais do meu pai. Ele sempre foi o mais humilde e a minha mãe sempre foi a pessoa que gosta de chamar atenção. Ela sempre achou estranho o fato de eu preferir fazer a lição de casa do que ir brincar no parquinho do condomínio com as outras crianças.

— Olha só, a sua mãe pensa.

— Qual o problema em eu gostar de estudar? Olha só onde eu cheguei.

— Parabéns, mas suas preferências continuam sendo esquisitas.

— Não me arrependo de nada. — dei de ombros. — Enfim, eu via a minha família como sendo perfeita. A minha mãe sempre estava sorrindo e sempre estava arrumada, parecia a mulher mais feliz do mundo e eu sonhava em ser como ela. O meu pai era o melhor, era o meu melhor amigo e o meu herói. Ele sempre tinha tempo para mim e me apoiava nos meus devaneios infantis. Mas aí... — suspirei e deixei o meu sorriso morrer.

— O que aconteceu? — Vinnie me olhou com atenção.

— Houve uma época em que meus pais começaram a discutir muito. Eu não entendia bem o que estavam falando, mas sabia que era sobre uma outra mulher. O meu pai estava traindo a minha mãe. Eu ouvi ele dizer que estava apaixonado por outra e que queria o divórcio, mas a minha mãe dizia que não iria perder assim tão fácil e que não seria tratada como descartável. No final, eles fizeram um acordo e assinaram o divórcio quando eu tinha dez anos. Meu pai foi embora com a nova namorada e continuou se correspondendo comigo regulamente.

Enemies with Benefits ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora