Enemies to love

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(Imagina que você, e uma pessoa que você odeia desde muito nova terão que passar a noite juntos, sozinhos em uma casa. E se por acaso, de repente, toda essa raiva se torna um desejo inimaginável?)

14 de setembro, esse dia era sem duvidas um dos mais comentados de nossa familia. Pois foi essa foi a data que, desde os 18 anos, minha mãe e sua melhor amiga, Jesse, fizeram seu pacto. Não importava de qual ano, não importava o quanto demorasse, esse seria o dia que elas entrariam na igreja juntas, como verdadeiras irmãs. Nunca uma antes da outra, elas ao menos tinham companheiro. Contudo o trato delas era claro se tratando das regras, não importaria se uma se apaixonasse, ou se juntasse primeiro, o casorio só iria acontecer num 14 de setembro, um cujo ambas estivessem prontas para a ocasião. Prontas para o dia que finalmente iriam entregar a mão da pessoas que as acompanhou durente toda a vida para alguém que as roubou o coração. E assim foi feito.

Elas entraram na igreja juntas, com seus poderes, mostrando que não precisariam de um pai para caminhar em direção a um futuro feliz. 14 de setembro foi o dia que duas jovens adultas que viveram juntas num orfanato finalmente se deram conta que seu tempo havia acabado, e que a família delas seria, para sempre, uma a outra. O dia que elas decidiram partir juntas, em busca de uma vida melhor. Esse seria também o dia que elas selebrariam um dos maiores acontecimentos de suas vidas, e mais do que qualquer coisa, queriam dividir esse momento com a pessoa que esteve lado a lado durante todo esse tempo.

-Você não vai fazer isso, não é, Tom?- Eu implorava, com os cotovelos apoiados no balcão, assim que o homem desligou o motor do liquidificafor e se virou para me olhar.

-Na verdade eu vou sim. Desculpa, maninha. Mas eu não posso perder esss noite!- Dá de ombros, despeijando o líquido gosmento no copo. Faço uma careta horrenda ao o ver virando aquela mistura de porcarias, tomando o líquido sem ao menos pensar duas vezes.

-Você sabe que eu não suporto aquele idiota. Tá querendo que um de nós cometa um homicídio?

Acontece que a relação dessa grande “família” poderia ser bem mais linda se o filho de Jesse não fosse um completo babaca. Não nos suportavamos, esse odio prevalece no meu ser desde que eu me entendo por gente. Metido a badboy, com toda aquela pose de bacana. Era um arrogante de merda, um completo idiota. Sempre com aquele olhar mesquinho e prepotente, ao menos se dando ao trabalho de esconder o quanto se sente superior a mim, o quanto se sente superior a todos.

Mas eles queriam uma casa livre, então eu ficaria aqui, meu irmão iria a uma festa, enquanto o insuportavel do Joseph sairia para algum lugar com sua turma de otarios, e nossos pais se jantariam e passariam a noite na casa dele, assim como todos os outros dias que comemoravam o aniversario de casamento juntos. Mas, impressionantemente, ele desistiu em cima da hora, e então, só apos eu desmarcar todos os compromissos e aproveitar o dia em que finalmente a casa estaria vazia para fazer minha maratona de filmes e ficar muito bebada com licor, minha mãe avisou que eu teria que dividir a noite com um completo idiota.

-Porra, não sei se ainda não notou, mas você não tem mais 10 anos, Bianca, se comporta como uma adulta, tente não cometer um crime de odio, por mim, e principalmente por nossos pais!

Ele esbravejava, me fazendo revirar os olhos e suspirar fundo. Acontece que, provavelmente, eu era a única pessoa dessa familia que via a pervercidade estampada em Joseph, pois o resto de meus parentes estavam muito ocupados, encantados com sua personalidade “autruistas” e deslumbrante, tão ocupados que ao menos se deram ao trabalho de olhar um pouco abaixo da pele de cordeiro.

Meu irmão se retira do comodo lentamente, não antes de se dirigir até a mim e beijar suavemente minha testa, me fazendo o odiar ainda mais por isso. Ele não conseguia ser escroto nem mesmo quando estava me dando uma bronca. Agora eu sei onde foi parar todo o carisma da família. Eu ainda não conseguia entender como uma pessoa tão amavel, e bondosa como meu irmão poderia ser melhor amigo de um monstro doente como Joseph, ao menos fazia sentido a forma que eles se davam bem, pra mim nem mesmo em uma realidade altervativa isso daria certo.

No censureWhere stories live. Discover now