No censure

O anjo do meu chefe

(E se aquele chefe que todos amam. Que é gentil e amoroso decide mostrar sua verdadeira face. Um homem domimador, sádico e que é completamente obcecado por você?)

Viver pra mim sempre foi uma tarefa meio difícil. Principalmente quando me dei conta que todos a minha volta já haviam partido. Fui a única que restara de um trágico acidente de carro, e a que mais gostaria de ter ido.

Mas passado é uma coisa que eu não gosto muito de ficar relembrando. Passado deve ficar lá, no passado. Devemos fazer nosso melhor no presente de deixar o acaso ou “Deus” (como preferir)  nos auxiliar no futuro.

Pensava em tudo isso enquanto olhava a pequena foto ¾ de minha irmã mais velha, que havia achado por incidente na gaveta bagunçada de minha mesa de escritório. Em pensar que eu só conseguia brigar com ela por ser uma adolescente chata.

-Mari? – me chamou uma voz, absorta em meus pensamentos não consegui atender a chamada, então novamente aquela voz faz soar meu nome -MARI??

Dessa vez eu consegui voltar para onde deveria estar, no presente. E vejo Carmen, uma senhora de meia idade que era minha colega de escritório. Eu amava ela, mas amava mais ainda os lanches que ela trazia pra me presentear em dias que eu não estava tão bem.

-Acabei de ver o Sr. DVilla. Ele pediu pra você ir até a sala dele.

Franzo a sobrancelha. Na realidade todas as vezes que ele me chamava naquele lugar, era pra me dar bronca e sermão por alguma merda gigante que acabei cometendo. Mas...

-O que foi que eu fiz dessa vez? Ele parecia sério? Estressado? Chateado ou com raiva? – indagava euforicamente a mulher, que  confusa com as minhas palavras, apenas suspirou e deu um leve tapa na mesa.

-Se acalma mulher, você sabe que esse moço é um anjo. Já teve mil motivos pra demitir você, mas nunca fez isso pois quer te ajudar mais que tudo. E não, ele parecia sereno como sempre. Agora para de fazer perguntas idiotas e vai logo matar a curiosidade!

Respiro fundo me levantando e andando em passos de papa-léguas até o elevador. Me olho no espelho do recipiente, e eu ainda continuava parecendo uma adolescente rebelde, mesmo aos 22 anos de idade. Pircings, tatuagens, roupas nem tão elegantes. Meus cabelos cacheados e cheios, pele morena e olhos meios puxados. Mas incrivelmente eu me achava perfeita assim, do jeito que eu sou.

Quando o sr. Dvilla me contratou, ele me escolheu entre os demais concorrentes que disputavam a vaga. Mesmo eu sendo a mais jovem, mais esquisita e menos profissional de todos eles. Mais tarde, quando eu já trabalhava pra o mesmo o homem deixou escapar  que quis me contratar mesmo sabendo que eu seria a que daria mais trabalho. Mas que fez pois a partir daquele momento ele seria meu mentor, e eu, sua aprendiza. Disse que já bastava de sofrer, e estava na hora de dar a volta por cima. E por isso, ele arriscou bons funcionários apenas para me ensinar a crescer em um mercado financeiro. Eu seria dele, estaria disposta a fazer tudo que ele mandasse pois eu sabia que era pro meu crescimento pessoal.

A Verdade é que qualquer pessoa da empresa gostaria de trabalhar diretamente com o senhor Dvilla. É nobre, gentil, Cortez, educado e trata todos muito bem. É um ótimo líder e saber como e quando usar a empatia a favor dos que estão ao seu redor. Já posso dizer que o considero como um irmão mais velho. Um irmão que me despertar um desejo surreal, e que invade meus sonhos todas as noites. Mas continua sendo meu irmão mais velho...

Toc toc toc

Dei três batidas na porta antes de abrir a mesma. Já nervosa pela bronca que levaria me aproximo lentamente da mesa, onde o homem se encontra sentado confortavelmente em sua cadeira atrás dela. Seus olhos não me alcançam. Aqueles olhos que tinham uma mistura meio verde azulada. Olhava fixamente para algo que não era eu. Mas desta vez, não estavam nada gentis e amigáveis como costumava ser. Ele estava diferente nesses últimos dias, estava mais sério, mais bravo e impaciente. E de alguma forma sempre acabava sobrando pra mim.