O Demônio Oculto de Cada Um

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Acordou em um salto, seu coração tamborilando em seus ouvidos e a respiração pesada. Sentia a fina camada de suor que revestiu sua pele quando abriu os olhos e se deparou com a escuridão, tentando conter os tremores que o assolavam, Enzo se sentou na cama apoiando os pés no chão buscando equilíbrio ao afundar o rosto nas mãos, puxando o ar lentamente.

O pesadelo ainda estava vivo em suas memórias, o cheiro de Lily ainda pairando no ar. O som do pescoço de Matt se partindo, a mulher — que assumiu ser sua mãe — chorando e implorando coberta de sangue, homens caídos e implorando.

Sangue, gritos, súplicas e mais sangue.

Ele sentiu seu estomago se revirar e lágrimas turvar seus olhos, perturbado demais para impedir a lágrima solitária que escorreu por sua face, incapaz de tomar as rédeas dos seus próprios sentidos, de ser dono de si mesmo. o pânico prestes a tomar conta de tudo, ele não conseguia pensar direito ou respirar, estava se afogando em todo aquele caos e em si mesmo conforme as paredes pareciam se fechar a seu redor na escuridão, prestes a esmagá-lo.

puxou o ar outra vez, obrigando seus pulmões a funcionarem como deveriam, mas a sensação de sufocamento ainda está lá com seu estômago embrulhado lançando arrepios desagradáveis por seu corpo. Ele sentia que poderia vomitar a qualquer momento, o que o obrigou a erguer a cabeça para o alto e soltar o ar muito vagarosamente.

— Está com saudades da mamãe? — a voz feminina o fez voltar para o quarto, para seu corpo. — estava praticamente gritando enquanto dormia.— contou.— Quem é Lily? Você parece gostar dela. — cantarolou sombria protegida pela escuridão que os envolvia. — "por favor, Lily. Por favor." — repetiu com certo humor na voz.

ele ergueu a cabeça, os olhos se acostumando com a escuridão lentamente e a silhueta de Bonnie se fazendo visível. encolhida na cama, o rosto escondido pelo breu, mas ele sabia que ela o olhava, conseguia sentir aquele olhar sobre ele, como se esperasse que ele fizesse algo. Enzo secou a lágrima, engoliu em seco e então se levantou caminhando até ela.

O único som no lugar era o dos seus pés contra o chão frio enquanto caminhava sorrateiro, como um animal prestes a atacar, em direção a ela.

Suas mãos agarraram os braços da garota a puxando da cama. Bonnie protestou como uma fera, uma maldita gata selvagem com garras que lhe garantiram arranhões profundos no peito nu enquanto se debatia, grunhindo e lutando contra o contato enquanto era arrastada para fora da cama. ela não parecia mais tão valente assim quando ele praticamente a jogou para fora do quarto.

— você fala demais — atestou bloqueando a porta com seu corpo a impedindo de avançar para dentro novamente. — se eu fosse você, ficaria calada. — aconselhou. — ouvi dizer que Massimo nunca dorme e ele não é o tipo de homem que se importa com consentimento, principalmente de alguém tão pequena e bonita como você. — concluiu, lhe oferecendo um sorriso nada gentil e deu as costas para ela entrando no quarto e batendo a porta de metal a deixando para fora quando arrastou a cama para bloquear a mesma.

Bonnie xingou e bateu no metal com desespero pelo que pareceu uma eternidade, Enzo simplesmente se deitou e esperou, já que sabia que dificilmente voltaria a sentir sono.

Quando o silêncio dominou o lugar ele apurou os ouvidos esperando ouvir qualquer coisa, gritos, choro, qualquer merda, mas tudo era silêncio e permaneceu assim até o dia nascer, talvez eles a tivessem pego e amordaçado, arrastado para longe.

Quem sabe os próprios guardas não o tivessem feito, ele reparou na última semana como todos olhavam para ela, como se fosse um pedaço delicioso de carne que eles estavam ansiosos para afundar os dentes.

um destino cruel, ele sabia como era ser apenas um corpo quente para alguns doentes de merda.

aquecer a cama de alguém a força. aquilo com certeza diminuiria a arrogância dela e a faria entender que nem em um milhão de anos eles poderiam coexistir juntos, porque ele não era capaz de ignorar o som constante do pescoço de Matt se rompendo, nem podia esquecer a satisfação sombria que viu nos olhos dela enquanto o sufocava.

UMA EM UM MILHÃO - 1/4Where stories live. Discover now