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São Paulo ascendeu um cigarro. Apoiado no parapeito da varanda, fechou os olhos por um momento, saboreando esses últimos momentos onde pôde calar a boca do RJ de uma vez. A cara de bobo que ele fez enquanto São Paulo realmente fazia um show foi impagável.

Apenas seria um pouco constrangedor pegar o casaco de volta com o Rio, pensava, e logo em seguida sentiu um pano pesado cair sobre si, olhando por cima dos ombros enxergou o vermelho familiar da própria blusa, e um rosto, também familiar porém indesejado.

— Quando a adrenalina passar vai ficar morrendo de frio.— RJ sorriu, se aproximando dele e também se encostando no parapeito. Já havia mudado de expressão? Preferia quando Rio estava com cara de tacho.

— Tá preocupadinho comigo, RJ?— Perguntou com sarcasmo na voz antes de dar um trago no cigarro.

— Eu não, tô é surpreso que a boneca conseguiu dançar daquele jeito sem ter uma crise de asma.

São Paulo ergueu a sobrancelha, ignorando completamente o fato de Rio tê-lo chamado de asmático.— "Boneca"?

— É, tava parecendo uma boneca no seu "showzinho".— Rio manteve o mesmo sorriso cafajeste, aproximando uma das mãos que estavam apoiadas no parapeito da dele. Em resposta, SP apenas soltou uma risada baixa.

— Olha Rio de Janeiro...— Se virou para ele.— Se eu não te conhecesse bem o suficiente, acharia que você está dando em cima de mim.

— Então talvez você não me conheça o suficiente.— Logo, o maior fez o mesmo, aumentando a tensão do ambiente.
Aquilo era um joguinho divertido, imprevisível, que realmente nunca tinha chegado a fazer com ele antes. Geralmente as provocações não tinham esse teor sexual de agora.

— Não, eu te conheço muito bem. Inclusive, bem o bastante pra saber que você não dá conta.— Disse pausadamente.

— Tu na tem ideia de como eu dou conta.— A cada retrucada as falas ficavam mais baixas e mais tensas, RJ chegou até a aproximar o rosto do dele para responder.— Eu só me pergunto se você dá conta, Sampa.

— "Cachorro que ladra não morde", e você Rio, ladra até demais.— Tragou mais uma vez, sorrindo de canto de boca.

— Quer ver o cachorro que não morde, boneca?— Se aproximou ainda mais, agora com o corpo todo.— Só pra te falar, eu não vim aqui pra devolver o casaco não. Eu vim foi pra dar feedback da performance mesmo...

— Ah é?— Questionou, assoprando a fumaça do cigarro na cara dele.

— É sim. Eu não achei que você fosse ir tão bem, mas acho que tu deve ter gostado de me deixar de boca aberta.— Sampa não conseguiu conter uma risadinha.

— É sobre confiança, não tem nada a ver com você.

— Ah tá, então vai me falar que você não gostou nem um pouquinho de me ver com cara de...

— De tacho? De idiota? De cachorrinho que caiu da mudança? De "achei que ia zoar com a cara dele mas me fudi"?— Listava, mais uma vez tragando do cigarro.

— De tesão.

Silêncio. São Paulo deu graças a Deus que estava escuro, porque assim que aquelas palavras saíram da boca de Rio com tanta veemência, ele ficou inteiro vermelho.

— Não tem graça, babaca.— Murmurou, apagando o cigarro no parapeito, fala sério não tinha chego nem na metade, mas não estava mais no clima do "cigarrinho da vitória".

— Não tava fazendo piada.— Voltou a se aproximar.— Você sabe que não, tu tava vendo.

— ...

BANG! -SPxRJOnde histórias criam vida. Descubra agora