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Aqueles olhos castanhos. Olhos castanhos tão puros contrastavam tão nitidamente com os seus próprios olhos azuis imundos, era uma escuridão que ele queria pertencer e se estabelecer. 
Ele nunca se viu como um monstro, tratava as pessoas simplesmente como mereciam ser tratadas, os seus métodos poderiam ser sujos e corruptos mas eram incrivelmente eficazes, ninguém jamais ousaria incomodá-lo. Mas Roier era delicado, seria engolido sem ele, seria morto e sua pureza se apagaria para sempre, então decidiu que precisava tê-lo para protegê-lo – obviamente ignorando completamente quaisquer vontades ou evidências do contrário. 

Ele não era uma garota adolescente louca com tendências assassinas e obsessivas, somente era um homem normal com sonhos e ambições, e sua ambição atual coincidentemente era aquele homem atraente. 

Quando finalmente encontrou seu guapito naquele refeitório sujo, não perdeu sequer mais qualquer segundo com as balelas sem sentido daquela dupla de idiotas. 
Roier estava concentrado com um olhar distante e apagado, e obviamente se ele não fosse o Cell, qualquer um teria percebido que era uma péssima ideia se aproximar.

Cell abriu um sorriso e andou apressadamente em direção ao seu mexicano, empurrando qualquer um daqueles detentos que estivessem em seu caminho. Não conseguiu se conter e deu um pequeno susto em Roier, que deu um pulo no próprio assento.
A expressão do de olhos escuros fechou ainda mais, se crucificou internamente por não ter tomado tanto cuidado quanto precisava. Ele não pretendia esbarrar com o sociopata tão cedo. 

— Posso me sentar ao seu lado? – Roier sequer teve tempo de responder pois Cell se jogou no assento do lado – perdão por não ter te esperado guapito, precisava resolver alguns assuntos. 

Roier revirou os olhos aborrecidos, e voltou a comer sua maçã tentando ignorá-lo. O loiro começou a vasculhar seus bolsos e puxou um lenço laranja, estendendo para ele. 

— Eu achei que você gostaria de uma bandana que combinasse com suas novas roupas.

Roier arqueou as sobrancelhas desconfiado. Sua boca se contraiu levemente, não conseguia se conter quando se tratava de ganhar acessórios, era louco por eles.

— Onde conseguiu isso cabron? – ele pegou devagar analisando com cuidado, a tonalidade da cor era muito bonita.

— Peguei de alguém que não iria mais usar – Cell deu uma piscadela, Roier então reparou, a bandana estava com várias manchas de sangue ainda não totalmente secas. 

Uma expressão de nojo toma conta de sua face, ele levanta enojado – mas, ainda, segura o objeto firmemente consigo. Roier é seguido em rumo a saída do refeitório, estranhamente alguns prisioneiros desviavam o olhar, com medo estampando seus rostos, quase como se o assassino loiro estivesse encarando mortalmente qualquer pessoa que ousasse olhá-los. 
O mexicano, ao perceber isso, sente seu sangue ferver, estava se contendo para não explodir em raiva, odiava ser subestimado, aquele homem estava testando toda sua paciência com aquele teatro e insistência sem sentido.

Eles começaram a rodar por toda a prisão, entrando e saindo pelos corredores dos blocos, o mais novo torcia para qualquer coisa chamar a atenção do loiro ou que ele perdesse o interesse, o que se mostrou impossível, já que continuava-o seguindo independente de onde fosse, calado, quase como um cão de guarda ou um carrapato, mais parecido como um carrapato mesmo. 
Roier, depois de uma longa caminhada, encontrou um lugar silencioso e vazio, suspirou derrotado, massageou sua têmpora e parou de andar bruscamente, se virando para Cell.

— O que queres comigo?

Cell sorriu e começou a se aproximar lentamente, consequentemente fazendo Roier andar na mesma velocidade para trás, buscando criar uma distância entre eles. Logo as costas do mexicano encostam na parede, impedindo qualquer tentativa de fuga, seus rostos ficam a centímetros um do outro. 
Se encaram, os dois olhos fundem-se, e não desviam-se por sequer alguns segundos. Azuis totalmente apagados.
Tan hermosos.

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