Dividindo o último cigarro na última noite de julho
Esperando que ele dure um pouco mais que cinco minutos
Esperando que a brasa esquente um pouco do que temos
E que o que temos não se perca com as cinzas
Dividindo o resto do vinho num copo meio cheio
Sentindo os olhos pesados e o coração vazio
Comparando o agora com o que um dia foi
Pra compararmos o futuro com o que agora somos
O passado se distorce e me lembra o paraíso
O falso mundo que me venderam e que eu acabei comprando
Paguei com juros o preço alto desse teu amor mesquinho
Paguei à vista a garantia do meu coração partido
Senti na pele a dor ardente dos teus olhos flamejantes
Me olhando como se eu fosse apagar o teu incêndio
Respiro fumaça e tonteio mas não deixo o meio do fogo
Morro só para sentir o calor que um dia tivemos
Dividindo o primeiro cigarro nas últimas horas de terça
O copo quase vazio e a mente sempre cheia
Esperando que eu esqueça
O resto de mim no fundo do copo
O que me sobrou na ponta dos dedos
Queimando devagar enquanto apago
As lembranças que um dia vivemos
