🧁 Capítulo 1 - Linha de Defesa

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A cinco dias do aniversário de vinte e sete anos, Elizabeth Swan se acomodava no banco de trás do sedã quando uma ligação entrou no seu headphone e interrompeu o refrão de "Feeling Good"

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A cinco dias do aniversário de vinte e sete anos, Elizabeth Swan se acomodava no banco de trás do sedã quando uma ligação entrou no seu headphone e interrompeu o refrão de "Feeling Good".

— Você deveria ser presa por interromper a Nina Simone.

Respirou fundo, o cheiro de couro do estofado creme veio, mas não demorou a ceder o lugar ao perfume barato do motorista. Melhor assim!

— Desculpa! Em minha defesa —

Lilly soltou um palavrão. Não conseguia ouvir Sybil. Greg não parava de lhe enviar mensagens.

— Falou comigo, mademoiselle?

A pergunta era do motorista de pele escura, cuja careca brilhante quase encostava no teto, e que a observava com curiosidade pelo espelho retrovisor. Ela acabara de ajustar o volume dos fones, por isso conseguiu ouvi-lo. Normalmente o ignoraria, mas algo que escapou dele estava lhe incomodando.

— Não, mas já que falou. Por que o trajeto ainda não está no GPS? — ela olhava para o display no painel

— Oh! Como é um trajeto curto, eu pensei que —

— Só coloca, ok? — Tornou a dar atenção ao celular — Sybil

— Pela conversa imagino que já esteja a caminho da torre?

— Não rápido o suficiente!

— Como foram as fotos pra Vogue?

Embora cética de que o cabelo rebelde, agora, com um tom acobreado, permanecesse perfeito como antes, ergueu o vidro da janela por considerar importante manter a vibe de garota limpa. Agnes conseguia ser um poço de repugnância quase sempre, mas sobre uma coisa ela estava certa: a aparência tanto podia abrir portas quanto podia fechá-las. Especialmente naquele mundo superficial em que se encontravam.

— Tirando o tempo que não ajudou e alguns bicos virados por eu ser americana, muito bem!

— Por você ser americana ou por você ser negra?

A pergunta de Sybil pairou na noite barulhenta e excessivamente iluminada de Paris, e, assim, ficou pelo tempo em que os olhos verdes-absintos de Lilly permaneceram fixos na janela.

Como estaria ela? — Lilly acariciou o pingente de metade de coração pendurado em um cordão preto que circundava seu pescoço de cisne. Teria mudado muito em todos esses anos ou continuaria a mesma, como o reflexo ao qual encarava agora? Pelo que vinha acontecendo, a resposta parecia óbvia, mas uma questão tão importante assim necessitava confirmar por si mesma. A despeito de como a situação parecesse ou estivesse.

Sacudiu a cabeça. O que era isso? O cabelo estava em péssimo estado, exatamente como suspeitava. Enquanto ia ajeitando os fios desgrenhados e contrários ao coque firmemente preso no alto da cabeça com os dedos, mesmo, ela não queria, mas teve que admitir que Agnes acertou no alvo de novo. Desta vez sobre o seu péssimo hábito de nunca levar nada consigo além de seus dispositivos eletrônicos.

LilliBella - Uma Verdade Escondida No Silêncio | EM REESTRUTURAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora