Capítulo 5

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⚠️ AVISO ⚠️

O capítulo a seguir pode conter gatilhos emocionais.



POINT OF VIEW MEREDITH BITTENCOURT



"Filha, a Addison virá jantar conosco amanhã à noite."

A voz do meu pai me dando essa "grande notícia" não saiu dos meus pensamentos desde que ele me contou ontem à noite, quando chegou em casa com a minha mãe.

Depois de tantos anos evitando aquela mulher por três motivos: primeiro, porque eu era completamente apaixonada por ela na minha adolescência; segundo, porque não suportava seu jeito arrogante e metido, como se fosse a única pessoa no mundo dotada de inteligência; e terceiro, mas não menos importante, porque não queria participar de um jantar que provavelmente seria repleto de conversas chatas, com assuntos que com certeza eu não entenderia.

Passei o dia todo pensando em uma desculpa esfarrapada para não comparecer, ou talvez chegar atrasada — muito atrasada — praticamente na hora em que ela estivesse indo embora, para que nosso contato fosse mínimo e eu não precisasse olhar para a cara dela. Seria uma missão quase impossível, já que eu costumo ficar presa naqueles olhos, malditos olhos que mexiam com a minha mente no passado. Pensando assim, até parece que ainda sinto algo por ela, o que não é verdade. Só não estou com paciência para aguentar a arrogância em pessoa, especialmente hoje, quando a TPM está quase tomando conta de mim.

Mordi meu lanche gorduroso, saboreando a mistura de todos os molhos duvidosos, a carne de hambúrguer de uma marca qualquer e todos os complementos disponíveis, formando o famoso X-TUDO que tanto me fascina. Para acompanhar essa grande maravilha, escolhi uma Coca-Cola extremamente gelada, daquelas que congelam até os pensamentos. E como sobremesa, um delicioso pedaço de bolo de chocolate.

É a janta perfeita, no meu lugar preferido, diante de uma noite estrelada. Não há nada melhor do que o nosso lar.

Encarei meu celular, que começou a vibrar, mostrando na tela o nome de um dos motivos do meu desequilíbrio mental, também conhecido como meu irmão. Não demorei para atender.

— Pensei que você tivesse morrido. E se tivesse, eu te ressuscitaria só para te matar de novo. — ele riu. — Por que você sumiu?

Sentiu minha falta?

— Não em específico, meu querido irmão. Na verdade, eu senti falta de te mandar para a puta que pariu, isso geralmente deixa o meu dia mais feliz. Por que você sumiu? — dei uma mordida no meu lanche.

Tive alguns contratempos na delegacia. Chegaram novos policiais e eu precisei fazer o que faço de melhor.

— Que é aterroriza-los, assim como nosso pai faz no batalhão. — constatei, ouvindo-o concordar. — O que mais aconteceu durante esses dias?

Nada passa despercebido por você, não é, maninha? — continuei calada, esperando que ele falasse. — Transei com a Isabella. — quase engasguei.

— Você o quê? — perguntei, na esperança de ter ouvido errado.

Eu transei com a Isabella. — repetiu pausadamente.

— A Isabella Alencar? — afirmou. — A minha Isabella? — mais uma vez, ele confirmou com um mínimo barulho vindo de sua garganta, que por um momento eu quis apertar com todas as forças. — EU VOU MATAR VOCÊ, ALEX BITTENCOURT!!!

Quando você disse "minha Isabella", só estava se referindo a ela como sua amiga, não como algo mais, certo? Eu me recuso a ter sido fura-olho da minha própria irmã.

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