Capítulo 4

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Sem comida. Sem água. Em pânico, sem esperanças. A sala estava ficando um pouco clara me indicando que já tinha passado um dia, porque ninguém chegou me procurando ainda? Porque o BOPE não chegou invadindo e quebrando portas? Ay, será que não fui convincente o suficiente? Será que meu pai recebeu o vídeo e simplesmente ignorou? Huh, talvez minha vida não fosse tão importante quanto tal Diamante Azul... Não que eu seja um especialista, mas deve valer muita grana e meu pai sempre foi um homem de grande ambição. O pior de tudo era o tédio e as dores corporais, por estar amarrado e permanecer numa mesma posicão por muito tempo. Até mesmo Yun Gi tinham se rendido ao sono e o mais novo já estava até babando. Abaixei o rosto me sentindo cansado e sem fé, quando o chefe passou por mim indiferente. Minha barriga estava doendo muito, e eu queria usar o banheiro, mas não estava com coragem de pedir nada.

Logo, o homem deu um respirar forte, deixou a arma apontada para mim mais uma vez e foi até a cozinha. Ele tinha guardado ainda algum pedaço de frango frito e teve a misericórdia de me dar.

ㅡ Você não está merecendo, pela brincadeirinha que fez ontem, mas não quero que fique com fome. ㅡ Colocou o balde com os restos perto de mim. O cheiro me embreagou por completo. Decerto que estava frio e todo remexido pelas mãos sujas de outrem, mas eu estava tão faminto que se me desse apenas os ossos eu comeria sem reclamar nenhum pingo. Ele virou as costas para mim e seguiu seu caminho.

ㅡ Hey! ㅡ Exclamei. ㅡ Como espera que eu coma com as mãos amarradas? ㅡ Questionei irônico, parece que ele não tinha pensado nisso. Ele parou e refletiu um pouco antes de tomar qualquer decisão.

ㅡ Não confio em você. Você é um blefe. ㅡ Ri soprado.

ㅡ Eu estou, realmente, com muita fome, eu juro que não irei tentar nada! ㅡ Quase chorei, meu estômago parecia um motor de tão alto que roncava. ㅡ Ou é isso, ou então você vai ter que vir aqui e dar na minha boca.

ㅡ Você é, definitivamente, o refém mais folgado e chato que já fiz. ㅡ Sem querer eu ri. Ele não arriscou de me desamarrar e veio até mim para me alimentar. Pegou uma coxa de frango bem generosa a colocando na minha boca e eu comi, talvez por causa da situação eu senti estar comendo a melhor coxa de frango do mundo. Não conseguia evitar de expressar contentamento e gratidão naquele momento, com meus olhos e meus pequenos ruídos. Quando olhei para ele outra vez, presenciei um pequeno sorriso de canto. Nossos olhos se esbarraram algumas vezes e de repente vi suas bochechas ficarem coradas, assim como as minhas.

Eu devorei cerca de 5 coxas de frangos inteiras e o chefe esteve lá comigo sendo meu garfo o tempo todo. Foi o mínimo de felicidade que consegui ter desde o momento do sequestro.

ㅡ Essa é a última, Yeo. Se você quiser mais eu peço por delivery. ㅡ Me mostrou mais uma coxona bem apetitosa e saborosa, engoli tão depressa que nem senti o gosto.

ㅡ Huh, acho que estou saciado, pelo menos por agora, obrigado... Espera, é molho! ㅡ Enclinei o rosto em direção ao seu corpo, ao ver seus dedos sujos prestes a se afastar de mim. Não iria desperdiçar tal suculência, antes que limpasse com outros métodos simplesmente suguei seu polegar. O garoto ficou estático por alguns segundos, mas perdeu a resistência enfiando os outros dedos na minha boca. Chupei todos.

ㅡ Você deve ser muito fã de frango, pelo visto. ㅡ Depois do acontecido meu interior se corroeu com uma breve vergonha, mas coloco culpa na fome. O chefe foi até a cozinha outra vez pegando um copo d'água para mim. Também bebi com cautela. ㅡ Deseja mais alguma coisa, vossa alteza? ㅡ Me perguntou irônico.

ㅡ Sabe qual é o meu maior desejo, que me deixe ir embora... ㅡ Pedi com a voz arrastada e sôfrega. Ele se levantou e pigarreou.

ㅡ Isso eu não posso te conceder. Não enquanto não me devolverem meu Diamante Azul. ㅡ Foi determinante, me fazendo arquejar.

ㅡ O que é você? É algum pscicopata? Traficante, mafioso? Como conheceu meu pai? ㅡ O bombardeei com perguntas já que tinha a oportunidade. Assim poderia entender porque eu acabei nessa posição.

ㅡ Você pode me chamar do jeito que quiser, sou apenas uma pessoa que teve algo precioso e bastante caro roubado. ㅡ Começou a espalitar os dentes com um desses palitos. ㅡ Seu pai é supostamente um funcionário da minha firma. As vezes eu empresto dinheiro pras pessoas, mas raramente recebo de volta, então tenho que apelar para meus jagunços. São um pouquinho desajeitados, mas não dormem em serviço. ㅡ Olhamos para os dois largados na mesa, no quinto sono. ㅡ ... Na maioria do tempo.

ㅡ Como tem certeza que o Diamante está com meu pai?

ㅡ Ele era o único que sabia exatamente onde eu escondia o meu diamante, e é o único burro o suficiente de achar que eu não colocaria câmeras ao redor dela. ㅡ Revirei os olhos, é bem capaz de ter acontecido isso mesmo. ㅡ Eu gosto do seu pai, Yeosang. Ele é um bom trabalhador, e uma boa pessoa. Mas é um mal caminho esse de ficar mexendo nas coisas alheias. ㅡ Respirei fundo.

ㅡ ... Então, você trabalha numa firma de pedras preciosas, mas na verdade, é um agiota. ㅡ O outro deu de ombros e eu suspirei pesado mais uma vez. Realmente era um mal caminho, meu pai acabou desgraçando minha vida. ㅡ ... Posso pelo menos saber o seu nome?

ㅡ Meu nome não interessa a você.

ㅡ Então como eu devo te chamar enquanto eu estiver aqui? ㅡ Falei petulante. ㅡ Que tal cabeçudo? Bunda mole, Bicho feio.. Coisa ruim... Zé mané! Hey, Zé mané, é bom, combina com você.

ㅡ Você quer morrer? ㅡ Empunhou a mão na arma mais uma vez e eu ri por dentro após um tremelique. ㅡ Não precisa saber do meu nome porque eu não quero que chame meu nome. Não tem porque chamar meu nome. ㅡ Deu de ombros.

ㅡ Mas como não, é claro que vou chamar por você. ㅡ Pensei. ㅡ Como por exemplo... Gummy Bear, eu preciso fazer xixi. Posso te chamar de Gummy Bear? ㅡ O agiota olhou para mim com os olhos cintilantes, sendo impressionantemente fofo mesmo com um revólver em minha direção.

ㅡ É-é, Gummy Bear é melhor do que Zé mané.

ㅡ Ah, ótimo, então chegamos em um consenso. ㅡ Nós trocamos uma pequena risada. ㅡ ... Mas então, Gummy Bear, eu preciso muito fazer xixi.

THE OUTLAW | ATEEZWhere stories live. Discover now