Extra do extra

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Ele a queria de qualquer forma.

Em qualquer lugar.

A qualquer momento.

E naquele instante, ele a desejou de forma que nunca imaginou que fosse desejar.

A simples ideia dela não aceitar sua proposta ou ser impedida por seu pai o deixava fora de si em todos os sentidos.

Sae queria ouvir e acatar com os pedidos de sua amada, mas se envolvesse uma vida sem ela decisões difíceis teriam que ser tomadas.

Porque ele não conseguiria mais viver sem sua presença.

Mas, infelizmente ele teria que esperar, pois quem ele menos queria ver estava sentado bem à sua frente na cozinha.

Aquela tortura durava a alguns minutos quando os pais dela decidiram estragar as vontades dele de a possuir nos lugares mais errados possíveis. Ele não o faria se Nao não quisesse, mas ele havia visto em seu olhar o desejo recíproco que ele tanto gostava.

Também havia visto o medo quando soube que seus pais estavam de volta graças a irmã mais nova de Nao e grande paixonite de se irmão mais novo.

E ele não se atreveria a ser razão da piora daquele sentimento terrível. Sae queria apenas o melhor para Nao e se aquilo envolvesse se fazer de santo na mesa de jantar ele o faria quantas vezes fossem necessárias:

-Então, meu querido... Qual a razão de sua visita tão repentina? - a mãe de Nao perguntou simpática- Queria se certificar de que ela chegaria bem em casa?

-Também- não era uma mentira- Mas tenho algo a discutir com vocês.

O olhar do pai de Nao se endureceu e Sae sentiu sua amada estremecer ao seu lado:

-Já devem saber que não consigo enrolar, então vou direto ao ponto- ele não vacilou- Quero Nao vivendo comigo.

Choque.

Surpresa.

Todos se calaram e permaneceram o encarando:

-Me deem seus termos e eu cumprirei todos, contanto que ela fique comigo eu faço qualquer coisa.

-Você se acha demais, não é mesmo? - foi a vez do pai dela.

-Querido...

-Não. Esse garoto só sabe correr atrás de uma bola o dia inteiro e você acha que ele pode vir me dar termos? - ele encarou Sae- Perdeu o juízo ou o que?

Ele queria responder que sim e a culpa era de sua filha, mas optou por não o fazer:

-Eu amo sua filha e estou expressando aqui e agora esse sentimento e meu desejo de estar com ela.

-Você é um metido.

-É o único argumento que tem para usar?

Foi mais forte que ele.

Nao se inclinou um pouco para a frente buscando o olhar de Sae, mas ele estava muito focado em seu pai, conseguindo ver apenas alegria surgindo no rosto de sua irmã pelo comentário mais que ácido de Sae na hora errada.

Sempre na hora errada.

Mas na cabeça dele não havia hora errada para reivindicar sua amada e em seu coração aquele era o momento mais do que perfeito:

-Ora seu moleque- o mais velho se levantou se exaltando e apoiando as mãos pesadamente na mesa.

-Olhe Sr. Suzuki eu sempre o respeitei, mesmo em momentos em que você nem merecia e sinceramente estou cansado de muitas coisas que a prendem aqui. Uma delas é sua autoridade desnecessária.

-Eu não queria dizer nada, mas...- Ume disse dando de ombros em um gesto debochado que irritou seu pai e deixou Nao boquiaberta.

-Ume- Nao falou mais alto.

-O que irmã? É a mais pura verdade, você se prende por causa de vontades alheias.

-Chega! - o Sr, Suzuki começou a se retirar dali- Se acha que morar com esse moleque é o melhor para você vá Nao, mas saiba que eu não faço parte dessa decisão e não apoio nada que tenha haver com ele.

Nao não sabia se ficava cabisbaixa pelas palavras de seu pai ou pela expressão de Sae, que parecia nitidamente alterado e poderia facilmente voar na garganta do homem se possível.

Ela estava acostumada a vê-lo não se importar com nada nem ninguém, mas irritado daquele jeito não. Aparentemente seu pai conseguia tirar qualquer um do sério quando queria.

A mão dela foi na direção da mão de Sae e ela viu sua expressão ir de bravo a surpresa em segundos. Talvez as lágrimas que rolavam pela face dela sem sua permissão fossem as responsáveis pela mudança:

-Vamos Ume- sua mãe percebeu o que seria melhor naquele momento, mas não sem antes deixar um abraço apertado em sua filha mais velha- Não se sinta mal querida, eu apoio tudo que te fizer feliz.

-Obrigada mãe- ela disse tentando se recompor.

Sobraram apenas os dois na cozinha:

-Ah Nao- Sae a puxou para si afagando seus cabelos- Não faça isso.

-Desculpe.

-Não peça desculpas.

-Mas...

-Não, não faça com si mesma.

Eles permaneceram naquela posição por alguns minutos até que ela se acalmasse:

-Me desculpe- foi a vez de Sae se desculpar.

-Você pedindo desculpas?

-Eu tentei me controlar, mas quando se trata de você eu perco a razão e tudo em mim grita.

-Isso é bom?

O sorriso mais bonito que ela já havia visto em sua vida surgiu então como o sol nascente:

-É maravilhoso.

Nao ficou maravilhada com aquela visão que ela raramente tinha o privilegio e poder apreciar aquilo com o calor corporal dele próximo a si:

-Só acho que ele poderia facilitar um pouco mais as coisas- ela disse.

-As coisas vão se acertar.

-Você acha?

Sae a encarou profundamente:

-Eu irei acertá-las por você.

Ela sorriu docemente e ele sentiu que por aquele sorriso ele poderia enfrentar qualquer coisa.

Agridoce- Imagine Itoshi SaeOnde histórias criam vida. Descubra agora