capítulo 16

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Camila.






- esse é o local Mila.- olhei em volta, estava sem laje mais as colunas estavam levantadas.




- a parte de trás, é de algum morador?.- perguntei, havia um espaço em terra na parte traseira da casa que caia aos pedaços.




- não, mais pedindo a prefeitura pra construir lá eles dão a escritura da casa.- assenti sorrindo, era um bom negócio e o espaço era ótimo.




- quero tirar essas colunas do meio e fazer um espaço livre, depois pedirei para o pedreiro fazer os quartos, que caibam de cinco a seis crianças no espaço, subir uma laje e fazer um primeiro andar, a sala dos mais velhos irão ficar lá em cima, talvez eu faça dois andares, um no térreo e dois na parte superior.




- os meninos vão agradecer muito por isso Mila, muito melhor ficar na escolinha do que na rua vendo fazerem coisas erradas, e aqui na Rocinha é muito difícil de ter escolas, tem que ir lá pra pista.





- eu fico feliz de estar ajudando pri, quero ver essas crianças crescendo e se tornando gente.- murmurei.- vou pegar aquele espaço lá trás para fazer uma quadra, lá vai ser dividido para os esportes e etcetera.





- isso é de mais!, sinto-me fraca... minha barriga ronca por um lanchinho.- Priscilla sorriu, agarrando em meu braço.- vamos Camila, vou te levar para comer o melhor salgado do mundo!.




- não quero engordar Priscilla , só tem uma semana que eu estou aqui e eu já engordei três kilos!.- resmunguei sendo arrastada por ela , teria que me matar na academia depois.



- não se iluda Camila, não está fora do Brasil para ter um corpo perfeito, muitas mulheres desejam ter seu corpo.- me deu língua, e eu retribuir cruzando meus braços.




Andamos cerca de dez minutos até chegarmos em uma lanchonete, era tudo muito organizado.



O cheiro do salgado fez meu estômago revirar em fome.




- dona Lia?.- ela se inclinou sobre o balcão, assustando a senhora.




- que susto menina!.- a olhei preocupada, ela estava com a mão no peito.




- susto digo eu, o que a senhora tava fazendo aí embaixo?.



- oras....eu estava vendo o que estava faltando para poder comprar mais, e você moça bonita, não ande com ela, ela é doida.- sorriu em minha direção, retribuir seu sorriso gentilmente.



- não se preocupe , eu consigo aguentar essa doida.




- queremos seus salgados dona Lia, uma coxinha e um pastel de forno, e o teu Camila?.- eu estava em dúvida.



- eu não sei... acho que.....



- uma empada de frango com cheddar.- escutei a voz rouca atrás de mim, responder.




- por aqui de novo Lauren?.- resmungou dona Lia, eu estava parada em meu lugar, vi a sombra de seu corpo atrás de mim.




- Oxi, pode comer mais não é?.- foi automático fechar os olhos ao sentir sua voz tão perto, Priscilla havia percebido o arrepio em meu corpo, meu braço estava com as milhares de bolinhas.



- pode ué, mais já é a terceira vez.




- eu trabalho, sinto fome, bote duas empadas, uma pra mim e outra pra Camila, e pra acompanhar, manda dois Nescau.




- tá tá, sente-se ali naquela mesa meninas, irei levar em poucos minutos.- ofereceu um sorriso enorme, e para Lauren, fechou a cara.




- eu queria ser uma flor, mais uma flor eu não posso ser, porque a flor todo mundo cheira, e eu só queria ser cheirada por você.- olhei para Priscilla constrangida, ela prendia o riso olhando para qualquer lugar menos para mim.




- essa foi....bem sem noção Lauren.- a frustração em seu rosto me deu pena.




- daqui a pouco eu fico sem cantada pra passar!.- resmungou puxando a cadeira para mim.- Olá Priscilla, depois que foi morar na pista esqueceu dos mais pobres.



- vocês se conhecem?.- perguntei , não fazia ideia sobre isso.



- como não conhecer essa galinha?, se for contar as meninas que ela já deu em cima ou ficou eu me perco no cem.- hum...bom saber.




- porra bicho, não fode.- resmungou ao meu lado.




Sorri achando graça, aí Lauren, preferi ficar calada no meu canto.




- aqui meninas, uma coxinha e um pastel de forno para Priscilla, e uma coquinha, para a moça bonita, uma empada e um nescau.- colocou a pequena caixinha do líquido a minha frente.- e para você Michelle, o mesmo.




- obrigada pelo carinho dona lia.- o sarcasmo foi visto em sua voz.




Mordi o primeiro pedaço da empada, sentido a massa derreter em minha língua, hum....meu Deus!, que delícia.




- dona Lia.... isso está esplêndido!, essa massa derrete na boca.- ela sorriu assentindo.



- receita da minha mãe fia, coma vá.- me incentivou a terminar de comer.





Quando saímos de lá era exatamente cinco e trinta e três da tarde, a empada era tão boa que eu fui obrigada a pedir mais uma, Priscilla alegou ir ao banheiro, me deixando ir na frente com Lauren.



Seu corpo escorou na parede colorida da lanchonete, ela me olhava com um sorriso enorme no rosto.



- nunca pensei que veria você por aqui.- me puxou pela cintura, me mantendo presa em sua frente.



Sorri achando graça.



- pega todas por aí....hum.- seu sorriso foi desmanchando.




- isso é passado.- murmurou tentando me beijar, virei o rosto para o lado oposto, sentido seus lábios tocar minha bochecha.



- procure guarda sua língua dentro da sua boca antes de vim me beijar, não gosto de dividir saliva aonde a outra pessoa trocou salivas com outra.- dei um tapinha na sua bochecha, me afastando.



- Camila!?, sério isso?.




- fale baixo.- a olhei séria.



- era só um beijo.- tentou se aproximar novamente.



- hum hum, nem dois quanto mais um.- olhei para dentro da lanchonete aonde Priscilla já estava vindo.- tenha uma excelente tarde Lauren.




O ar levou o beijo que eu havia mandado para ela , abracei o braço da minha amiga, não iria olhar para trás, mais sabia a sua insatisfação com minhas palavras.




Quem beija minha boca não beija outras.

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