Psicólogo

591 48 5
                                    

Batia o pé de modo frenético no chão, olhando para minhas mãos entrelaçadas em meu colo. O cheiro daquela sala de espera me dava náuseas, um nó se formava em meu estômago todas as vezes que eu respirava fundo.

Olhei ao redor, encarando os quadros com pinturas abstratas pregadas nas paredes, as poltronas de couro branco e a recepcionista com cara de tédio do outro lado da mesa de mármore preto. Respiro fundo, enfiando a mão no bolso do meu moletom e apertando o pequeno objeto com força; não, não posso fazer isso agora, não aqui. Sinto a chupeta entre meus dedos e mordo o lábio inferior, tentando me controlar.

— Senhor Park. — Pulo da cadeira ao ouvir meu sobrenome. Olho em direção à mulher de cabelos tingidos de vermelho-vivo. — O senhor é o próximo paciente. Ele irá lhe chamar em um minuto.

Me sentindo nervoso. Qual é? Não era a primeira vez que eu ia em uma sessão de psicologia, mas isso já fazia tanto tempo…

— Pode entrar.

Respiro fundo, pulando da cadeira e me pondo de pé em um instante; estava ansioso e apreensivo, andando pelo corredor até ficar de frente para um porta de madeira branca, encarando-a com olhos arregalados e meio apreensivos.

— Vamos lá, Jimin… — suspiro, falando para mim mesmo. — Não é nenhum bicho de sete cabeças, você consegue.

Toquei na maçaneta de cor dourada e a girei, abrindo a porta e passando por ela. Dei de cara com uma sala iluminada, com janelas grandes onde passava os raios solares. Um tapete redondo e felpudo tomava conta do chão de cor branca; havia duas poltronas de cor creme viradas uma de frente para a outra, assim como uma mesa de cor preta e um divã de tecido felpudo.

— Seja bem vindo, Park Jimin.

Prendi a respiração. Estava tão concentrado em analisar o ambiente que havia me esquecido completamente que não estava sozinho. A voz era grave e rouca, tão máscula que foi suficiente para arrepiar todos os pêlos do meu corpo. Levei meus olhos até a cadeira do outro lado da mesa, onde dei de cara com um  homem jovem e extremamente belo; tinha cabelos meio longos e negros, olhos castanhos-escuros e pele clara. Vestia uma camisa social preta de botões e tinha entre seus dedos uma caneta, escrevendo em uma pequena pasta.

— O-Olá, senhor…

— Jeon. — Falou, largando a caneta e erguendo os olhos para me encarar. — Jeon Jungkook. Sente-se, pode se sentir à vontade.

Concordei, fechando a porta atrás de mim e andando em direção a uma das poltronas, sentando-me nela. Jungkook se levantou, deixando com que eu visse que ele também vestia calça e sapatos sociais pretos; reparei em suas mãos tatuadas antes dele sentar, ajeitando os botões de sua manga.

— Estive analisando a sua ficha, Jimin. — Começou a falar. — Estado de depressão severa, ansiedade, insônia… Tem mais alguma coisa que não tenha colocado na sua ficha? Algo que gostaria de falar apenas agora, pessoalmente?

Engulo em seco, sentindo a saliva rasgar a minha garganta. Enfio as mãos no bolso do moletom, agarrando a chupeta com força novamente.

— Eu… — direciono meu olhar para baixo, não tendo mais coragem para olhá-lo nos olhos. — Pratico r-regressão de idade e..
Little space. — Falo logo de uma vez, gaguejando e fechando os olhos com força.

Ao abri-los, olho para frente. Jungkook me olha, mas diferente do que eu pensava, não via confusão ou até mesmo nojo em sua expressão; apenas havia uma mistura de surpresa e interesse.

— E-Eu sei que é estranho… — gaguejei, sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Não é estranho. — Ajeitou sua postura, ficando ereto. — Acredite, conheço sobre esses dois assuntos muito bem.

O Bebê do JeonWhere stories live. Discover now