Regressão

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- Muito obrigado.

Desliguei o telefone, ainda tentando segurar o pequeno ser em meus braços de maneira firme e segura. Após regredir, não consegui fazer Jimin sair da regressão, então, decidi fazer a coisa que eu achava que fosse a certa: ser seu cuidador e cuidar dele. Havia até mesmo pegado meu telefone e ligado diretamente para Mia, pedindo para ela desmarcar todos os compromissos que eu tinha naquele dia, querendo me concentrar apenas no pequeno bebê que eu tinha em meus braços.

Jimin estava agarrado em mim como um filhote de coala, não querendo me soltar de maneira alguma. Ele sugava a chupeta com certa força e parecia sonolento, deitando sua cabeça em um dos meus ombros enquanto eu o balançava levemente, como um verdadeiro bebê.

- Daddy...

Suspirei. Ele havia dado a sua primeira palavra desde que havia regredido em meu colo, os dedinhos agarrados em minha camisa social branca, o rostinho enterrado em meu pescoço.

- Sim, pequeno? - sentei na poltrona, ainda segurando o serzinho em meu colo.

- Tetê...

Fiz carinho em seu cabelo, ajeitando a chupeta em sua boca.

- Não tenho tetê aqui agora, bebê.

Jimin manhou, esfregando os olhos com as costas das mãos. Suas sobrancelhas franzidas, as bochechas infladas e o biquinho nos lábios rosados eram simplesmente adoráveis, fazendo meu peito esquentar de uma hora para a outra.

- Quer que eu te leve pra casa e faça mamadeira pra você? - perguntei, não me importando em fazer aquela pergunta que parecia até mesmo estranha.

- Quero! - Vi os olhinhos amendoados brilharem, um sorriso gigantesco sendo apresentado para mim. - Me leva, Daddy?

Sorri, colocando ele em pé no chão.

- Não posso te levar no colo até lá fora, meu bem. Você vai ter que ir andando até o carro, okay?

Jimin bufou, mas não contestou. Sentia seus olhos grudados às minhas costas enquanto eu guardava todos aqueles papéis e pegava as chaves do carro.

- Sabe me mostrar o caminho até a sua casa?

- Jimin sabe! - diz, agarrando uma das minhas mãos e me puxando até a porta. - Vamos logo, Daddy! Vamos, vamos!

Ri, deixando-o me puxar para fora do consultório. Mia já havia sido dispensada, só estávamos nós dois ali; abri e tranquei a porta, pegando na mão pequena e quentinha, levando-o até o carro de cor preta. Ao observá-lo entrando no carro, pude perceber em como Jimin parecia receoso agora, se segurando para não ficar pequeno na frente dos muitos desconhecidos que passavam por nós na rua. Fui rápido em entrar no carro e ligar o motor, dando partida e começando a dirigir.

O apartamento de Jimin era acolhedor, decorado em tons claros e pastéis, de forma extremamente fofa. Enquanto eu fechava a porta atrás de mim e tentava tirar meus sapatos com os próprios pés, vi Jimin andar na direção de um gato preto com olhos amarelos; o bichano miava enquanto se esfregava nas pernas do rosado.

Jimin pegou o animal no colo, andando até mim com animação e sorrindo.

- Gatinho! - estendeu o felino na minha direção, o que me fez sorrir. Eu realmente esperava que aquele traço de criança curiosa não fosse apenas porque ele estava na regressão, e sim porque fazia parte de sua personalidade em geral.

- É um gatinho muito fofo, Jiminnie. - Esfreguei meus dedos no queixo do felino, ouvindo-o ronronar. - Qual é o nome dele?

- Mooncake! - colocou o gato no chão, andando a passos apressados para a cozinha. Enquanto o observava, pude vê-lo se colocando na ponta dos pés para pegar o pote de ração em um dos armários.

- Onde está sua mamadeira, bebê? - perguntei. Jimin tinha colocado ração para o gato e o observava comer.

- No quarto...

- E onde é o seu quarto?

Jimin andou até mim, me pegando pela mão e me puxando pela segunda vez naquele dia. Após o Park abrir uma porta de madeira branca, pude me deparar com um quarto de tamanho médio de cor rosa e branco. A cama está bagunçada, com vários bichos de pelúcias espalhados pós lençóis; reparei no tapete felpudo que ficava no meio dele, assim como a estante de madeira clara cheia de livros. Jimin andou até a mesinha de cabeceira, abrindo a gaveta e tirando de lá uma mamadeira com desenhos brancos decorando-a.

- Aqui! - estendeu o objeto para mim.

- Por que não me mostra como gosta do seu tetê? Assim, eu não erro em nada.

Agora, eu estava sentada no sofá junto com Jimin, segurando a mamadeira com leite e baunilha, ouvindo-o sugar o líquido tranquilamente. Passava Meu Amigãozão na TV e Mooncake estava deitado entre a coberta quentinha, dormindo tranquilamente.

Achava um pouco impressionante o fato do Park ter confiado tanto em mim ao ponto de regredir, entrar em meu carro e me deixar entrar na sua casa. Não sei se era por causa da regressão ou se ele realmente confiava em mim para tais coisas, mas acho que deveria ter uma palavra com ele sobre não confiar muito em estranhos.

O fiz deitar sobre meu corpo depois que a mamadeira acabou, ouvindo seu bocejo. Seus olhinhos estavam pesados e sua expressão parecia de cansado; pude notar as olheiras - mesmo que meio apagadas -, abaixo de seus olhos, como se ele não estivesse dormindo bem e pelo o que eu sabia, ele não estava dormindo mesmo.

- Quer dormir um pouquinho?

O Park não respondeu, apenas concordou com a cabeça antes de fechar os olhos mais uma vez, ajeitando o corpo para ficar deitado confortavelmente sobre o meu.

Abaixei um pouco o som da televisão, deixando o controle sobre a mesa de centro. Comecei a fazer um leve carinho em seus cabelos cor-de-rosas, ouvindo sua respiração ficar mais calma a cada segundo.

- O Daddy... - bocejou mais uma vez, coçando um dos olhinhos. - Vai estar aqui quando eu acordar, não vai?

Pude ver um brilho em seu olhar que podia significar muitas coisas. Ansiedade, medo, agonia, até mesmo uma esperança de que eu realmente ficasse e não fosse embora.

Sorri pequeno, fazendo um leve carinho em sua bochecha.

- Vou sim, pequeno.

- Promete? - sua voz estava fraquinha e baixa, a medida que ele ia pegando no sono.

- Prometo.

O Bebê do JeonWhere stories live. Discover now