02. Conexão Elementar

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Jeon Jungkook não era uma pessoa previsível

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Jeon Jungkook não era uma pessoa previsível.

Sequer precisava se esforçar para ir contra as expectativas. Bastava existir e agir da forma como mandava seus instintos, e qualquer ação se tornava esdrúxula para quem o observasse de fora. Nasceu e foi criado em um ambiente regrado, cujas normas deveriam ser seguidas desde o modo de se comportar à mesa até o vestuário apropriado. Absolutamente tudo existia em prol da aparência.

E ali estava a mágica, seu ponto de divergência contra a ordem pré-estabelecida: nunca deu a mínima importância para nada disso.

Desde que se entendia por gente, Jungkook falava e se comportava como achava conveniente para si e mais ninguém. Mesmo Jeon Daeshim, o homem ao qual costumava se referir como pai até alguns anos atrás, dotado de marra e senso crítico elevado, era incapaz de controlar com exímia efetividade a alma indomável que tinha em casa.

Mas ele tentava. Embora portador de uma quantidade preocupante de defeitos irreparáveis, nem Jungkook poderia deixar de reconhecer o esforço inspirador do homem em domesticá-lo. Transformá-lo em um cachorrinho adestrado, feito e moldado não para desenvolver opinião própria, mas para seguir qualquer ditame que lhe fosse mandado.

Bem, decerto o tiro saiu pela culatra, pois, se fosse um animal de quatro patas, Jungkook tenderia mais à indisciplina de um pitbull do que à submissão de um poodle de madame.

Pela primeira vez em muito tempo, a coleira pesou em seu pescoço. Não era uma coleira de verdade, é claro — embora ele não se importasse de usá-las em ocasiões apropriadas. Mas, ao se olhar no espelho duplo e extenso do closet silencioso, Jungkook precisou enfiar o dedo entre o tecido da choker e a própria pele. De alguma forma, por mais estreito e confortável que fosse a superfície de camurça, o adereço parecia sufocá-lo.

— Puta merda... — praguejou, colérico por nada em específico.

Tratava-se, na verdade, de uma impaciência direcionada ao campo global das coisas que o cercavam.

Era uma segunda-feira, 10h da manhã. Sequer tinha o hábito de estar de pé a essa hora, mas poderia listar, sem dificuldade nenhuma, uma quantidade exorbitante de atividades que preferia estar fazendo ao invés de se preparar para visitar a empresa dos Jeon. Não era caso de livre e espontânea vontade; ele foi simplesmente intimado a comparecer.

O House's não era apenas um restaurante bem localizado de Seul. Consistia em uma rede de restaurantes bem localizados em toda a Coreia do Sul, todos fundados e comandados pela mente geniosa de Jeon Daeshim. Bastava jogar o nome no search do Google para se deparar com inúmeros artigos tecendo elogios infinitos, não somente ao estabelecimento de reputação invejável, mas também ao CEO paradigmático — o famoso "Magnata Jeon", como gostavam de chamá-lo numa bajulação fútil e interesseira que somente o mundo dos negócios poderia oferecer.

EXCÊNTRICO • jjk + pjmWhere stories live. Discover now