Carência?

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E se Marino encontrasse Lucinda depois do sequestro de Agatha?

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Lucinda está inquieta. Desde que Marino saiu atrás do Caio e da amiga da sua tia Angelina que ela não consegue sossegar. Ela quer se convencer de que o nervoso é por conta de toda a situação, mas intimamente ela sabe que sua preocupação maior é com a segurança de Marino.
Esse pensamento chega a ser irracional: ele é um delegado e sabe se defender. Mas quem disse que essas coisas são racionais? E por "essas coisas" entende-se esse sentimento que ela não sabe (ou não quer) nomear agora. As coisas já estão complicadas demais.
Agoniada, Lucinda resolve fazer o chá que Anely sugeriu. O leitinho quente da vovó hoje não faria efeito; ela precisava de algo mais forte. Colocou a água na chaleira e em seguida no fogão pensando em sua conversa com Anely. Parece que sorte no amor não foi um privilégio concedido pra ela e sua irmã. A água vai pro fundo da caneca junto com a sua infusão de chá de camomila e o pensamento de Lucinda vai longe, rezando silenciosamente para que ele esteja bem.

"Ainda acordada a essa hora, Lucinda?"

"MARINO! É, eu tô sem sono e resolvi tomar um chá pra ajudar a dormir.", disse Lucinda gaguejando.

"Sem leitinho da vovó hoje?" Marino dá um leve sorriso de canto de boca e Lucinda acaba sorrindo junto.

"Pois é, aconteceu tanta coisa hoje que o leite não vai adiantar muita coisa. Mas me conta: conseguiu salvar a dona Ana? Pegou os bandidos?"

" O Caio e o Hélio conseguiram salvar a dona Ana mas os bandidos se enfiaram na mata e nós não conseguimos pegá-los. Mas eu tô com um pressentimento de que vou entender essa história toda logo, logo."

"Que bom. E você tá bem, né? Não se machucou?" Lucinda se aproxima de Marino pra olhá-lo mais de perto. Se tem uma coisa que ela não pode negar é que ele é muito bonito: o cabelo liso e brilhante levemente bagunçado pela correria, o rosto forte e delicado ao mesmo tempo, os olhos verdes que aquecem seu corpo e sua alma e a boca, que ela já tinha tido o privilégio de provar...

"Não, tá tudo bem comigo. Não se preocupe." Marino percebeu que estava sendo observado atentamente por Lucinda e segurou seu olhar. Parecia que o tempo tinha parado e só existiam ele e ela no mundo. Como se nada mais importasse.

"Marino, queria te pedir desculpa pela forma como eu falei mais cedo. Pensando melhor eu percebi que fui muito dura com você. Só queria que você entendesse a minha situação agora e que eu preciso me recuperar de tudo isso. Você sabe que é importante pra mim, não sabe?"

"Eu que tenho que me desculpar por tocar nesse assunto num momento tão difícil pra você. Só quero que você saiba que pode contar comigo pra tudo."

"Eu sei. Não sei o que seria de mim sem você nos últimos tempos. Obrigada por estar do meu lado sempre." Lucinda sorri e se movimenta pra abraçar Marino e ele retribui o abraço da forma mais gentil e calorosa possível. Após alguns momentos abraçados eles tentam se desvencilhar-se um do outro mas acabam perto demais. Marino mal respira, não faz nenhum movimento. Deixa pra ela a decisão de seguir adiante ou fingir que nada aconteceu mais uma vez. Mas ele consegue ver nos olhos de Lucinda que o fim desta situação será o mesmo da última vez.

Lucinda beija Marino com calma, abraçando ainda mais pra sentir o calor do seu corpo. Marino segue o ritmo que ela ditou e prometeu pra ele mesmo não fazer nenhum movimento que ela não queira. Com o passar dos segundos o beijo foi se aprofundando, as mãos se tocando onde conseguiam alcançar, os lábios de Marino indo parar no pescoço de Lucinda dando beijos e leves mordidas. Lucinda também beijava e mordia o delegado em qualquer pedaço de pele à mostra que conseguisse encontrar. Foi quando Marino ergueu Lucinda e a sentou em cima da mesa da cozinha, se colocando entre suas pernas. Lucinda voltou a beijá-lo com mais paixão, soltando pequenos gemidos que só Marino conseguia ouvir.

"Ah Lucinda. Você vai me enlouquecer desse jeito!" Lucinda deu uma risadinha mas não respondeu. Estava ocupada demais com sua boca pra falar.
Quando as coisas pareciam ir por um caminho sem volta com Marino iniciando uma longa trilha de beijos pelo vale dos seios de Lucinda, um barulho assustou o casal. Marino se afastou e foi pro outro lado da cozinha para se recompor, enquanto Lucinda pulou da mesa em direção ao lugar de onde tinha vindo o som. Lá encontrou Anely escondida e com cara de culpada, como uma criança que sabe que foi pega com a boca na botija.

"ANELY? Quê que cê tá fazendo aí?"

"Aí gente, desculpa. Eu só vim pegar um copo d'água, não queria interromper. Podem continuar com a pegação como se nada tivesse acontecido. Já estou me retirando, não se incomodem comigo. Vocês são lindos juntos. Marino, se você fizer minha irmã sofrer você vai se ver comigo. É isso, gente! Continuem, aproveitem, to indo, boa noite!" Daquele jeito "Anely" que todo mundo conhece, ela pegou seu copo d'água e saiu, como se nunca tivesse passado por ali. Lucinda riu.

"Marino,  cê me desculpa..." Ela começou mas foi logo interrompida por Marino.
"Tudo bem, Lucinda. Eu já sei que foi um engano, que você está carente, que não pode se envolver com ninguém agora, tudo bem, eu já entendi. Eu que peço desculpas mais uma vez. Eu vou indo, boa noite!" E quase do mesmo jeito que Anely, Marino foi embora deixando uma Lucinda quente e perplexa na cozinha pensando que deveria arrumar uma desculpa melhor do que carência pra próxima vez que eles se encontrarem.

FIM

Histórias de Lucinda e MarinoWhere stories live. Discover now