Capítulo VII

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A previsão era de que o navio demoraria em torno de 60 dias para atingir a costa da França. E assim que ele viu o porto se afastando, James se sentiu perdido, como se nada fizesse sentido em sua vida a partir dali.

Com o passar dos dias, começou a se questionar até arrepender-se de sua decisão. Como poderia ter sido tão infantil ao ponto de sair sem sequer se despedir dela? Mesmo que ela fosse ríspida e o tratasse com desprezo, ele deveria ter lhe dado um adeus,

Mas não sabia explicar como o momento em que soube que ela havia sido pedida em casamento, o fizera sentir pavor. Ele fora dominado por um medo irracional de perdê-la e ter que vê-la se casando com outro. Sentiu medo de ser rejeitado caso confessasse seus sentimentos, e imaginou como seria tê-la pela metade, caso ela optasse por se casar com ele, por sentir-se na obrigação de fazê-lo.

Jamie não conseguia se perdoar por ter se afastado dela nas últimas semanas, pois sabia que isso a havia machucado. Mas ele tinha sabedoria para reagir após concluir que seus sentimentos por ela eram tão fortes, já que dadas as circunstâncias em que fora criado, não havia aprendido como expressar seus sentimentos e sentia-se incapaz de merecer amor.

Sendo sincero, ele notara que no fundo de sua alma, sentia-se culpado pela morte de seus pais, já que o casal entrara na carruagem com o objetivo de ir até o clã Mackenzie para se retratarem visando a participação da família na criação do filho, mas isso não foi possível, pois não chegaram até lá.

Ele sabia que não havia nada que pudesse ter feito para impedir seus pais de tomarem aquela atitude, pois era apenas um bebê. Mas fora seu nascimento que trouxera a eles incentivo para buscar a reconciliação, temiam que o filho ficasse sozinho caso viessem a faltar. E fora exatamente o que aconteceu.

Crescera fingindo estar bem perante todos, pois não pretendia ser ingrato com o cuidado que recebera de seus criados. Mas nunca ouviu um "eu te amo" e nunca dissera um a ninguém. Sentia-se tão errado... e de certa forma acreditava que as palavras que todos direcionaram a ele, fossem verdadeiras. Sentia dificuldade em interagir com os homens da sociedade pois achava que todos eram mesquinhos e não se atraia por nenhuma dama por ver nelas apenas futilidade. Ele era uma aberração.

Até a chegada de Claire. Ela mudara absolutamente tudo em sua vida.

Mas para um homem que não sabia se expressar, sentir-se tão vulnerável era assustador. Ainda mais considerando que ele temia que estivesse se enganando ao apegar-se a ela e desejar compartilhar a vida com a moça que havia acabado de chegar.

Além de tudo, ele sentia pânico ao pensar que poderia causar sofrimento a ela.

Sempre sonhara em casar-se e ter filhos, mas quando chegou o momento no qual se apaixonara, ficara perdido e perturbado demais para lidar com a situação de maneira coerente. E agora se via dentro de um navio rumo a França, completamente infeliz, arrependido, derrotado e incapaz de pensar no que aconteceria quando Claire dissesse sim ao Phillip.

Esperava que ela aceitasse suas desculpas ao ler seu recado, e que o compreendesse, pelo menos um pouco.

Na verdade, seu coração desejava ter esperanças de que ela o correspondesse, mas ele não se permitia acreditar nisso temendo uma decepção.

Decidira que assim que chegasse a França, dali a aproximadamente dois meses, mandaria uma carta a Murtagh questionando se ela já havia se casado, na esperava que a resposta dele fosse o suficiente para fazer seu coração se convencer de que ela já havia feito sua escolha e que estava feliz com ela.

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Em Lallybroch o clima era quase fúnebre.

No calor de seus braços حيث تعيش القصص. اكتشف الآن