III. HOTEL

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As batidas fortes e insistentes na porta principal daquele quarto de hotel fizeram com que Louis abrisse os olhos, irritado com o cochilo interrompido, afastando rudemente os cobertores que o envolviam para, sem conseguir evitá-lo, chutá-los para longe.

Quem estava tentando incomodar? Por que eles precisavam dele agora, durante a soneca? Com os olhos semicerrados, olhou pela janela do lado direito, percebendo que já era noite. Havia dormido mais do que o necessário? Bem, não é como se isso o incomodasse.

Ele suspirou profundamente quando os golpes retornaram, sentando-se rapidamente e ignorando a pequena tontura que recebeu em troca. Enquanto se recompunha, a clareza veio à sua mente e ele sabia pelo som — que não era tão alto quanto ele pensava — quem era a pessoa do outro lado.

— Já vou! — exclamou com sua voz um tanto rouca, xingando baixinho enquanto caminhava em direção à porta.

Ao parar os passos, aproveitou para se esticar, fazendo com que a velha camiseta preta que usava como pijama subisse um pouco, revelando parte de seu abdômen esguio e cheio de tatuagens. Ele planejava ter mais, honestamente, mas sabia que estava se tornando um pouco idiota com isso, e a pessoa que ficava lembrando-o não era outra senão a pessoa do outro lado da porta.

Harry, seu melhor amigo, apareceu em sua frente assim que ele abriu a porta.

Louis o conhecia desde os dezessete anos, quando trabalhava na confeitaria da mãe de seu amigo, sendo hospedado por seu colega porque seus próprios pais não queriam ser responsáveis.

Ele era a pessoa mais especial de sua vida, mas quando algo acontecia nem sempre recorria a Louis — Harry era bastante reservado — então, tinha que ser paciente, e não mandá-lo para o inferno por estar com muito sono.

Sua testa franziu quando percebeu os lindos olhos do outro parecendo pedir ajuda silenciosamente. O de olhos azuis riu, um tanto incomodado, acreditando que, talvez, ainda estivesse um pouco adormecido.

— O que você está fazendo acordado a esta hora? Amanhã temos… — nem teve chance de terminar a frase, seu melhor amigo já o arrastou para o quarto onde estava hospedado, fechando a porta atrás de si antes de olhar em volta com notável paranóia.

Com seus cachos despenteados e vestindo uma enorme jaqueta de couro preta sobre um pijama leve, era inevitável que Louis não o achasse adorável.

Hazzie?

Um silêncio breve e tenso estava presente.

— Posso dormir com você esta noite? — agora os dois estavam com os olhos bem abertos. Louis não estava acreditando. — Será só esta noite, é só que... não quero ficar sozinho.

Harry era provavelmente a pessoa mais avessa ao toque em todo o maldito universo. Anos atrás, quando Louis morava em sua casa, os dois tinham que dormir na cama do melhor amigo, mas o cacheado sempre acordava no meio da noite, completamente irritado graças a Louis — inconscientemente, é claro — o abraçando, até mesmo no verão. Se lembrou de uma noite ter acordado e visto Harry dormindo no carpete do chão, com os braços cruzados e a testa franzida.

Com o passar do tempo, se acostumou com os abraços noturnos do de olhos azuis, mas ainda não gostava muito.

Por isso Louis ficou bastante surpreso com o pedido.

— Uh... sim, claro. — murmurou, um pouco preocupado.

— Tranque a porta. — murmurou o jovem de cachos, dirigindo-se rapidamente para a cama.

Louis seguiu aquela ordem tímida alguns segundos depois, mas não antes de olhar pelo olho mágico. Algum fã estava mexendo com Harry? Tinha muitas teorias, poucas explicações, mas o que mais precisava saber era por que Harry preferia dormir ao lado dele a qualquer coisa.

TERRIFYING | L.S | Tradução PT/BRWhere stories live. Discover now