Capítulo 3

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Helena

- Parabéns pelo bebê, Laura! Até logo! - me despeço de uma das minhas pacientes no consultório e logo minha secretária adentra para anunciar que aquela havia sido a última do dia.

       - Dra., eu não comprei muffins e nem café hoje - disse Bia enquanto puxava uma das cadeiras para se sentar. - Está tudo bem?

      - Ah, está sim... - ofereci a ela um sorriso amarelo, na intenção de não gerar outro tipo de questionamento de sua parte. - Obrigada por perguntar!

     - Amanhã você tem o parto da Sra. Ferri para fazer, está lembrando? - questionou-me e eu neguei com a cabeça, pois realmente não me lembrava. - Paciente de risco, hipertensa e cardíaca. Ela está na Maternidade Santa Lúcia as 07:00am.

    - Se você não me lembrasse, eu juro que estaria aqui amanhã. - dei uma risadinha. - Muito obrigada, Bia! - retirei meu jaleco e o dobrei sobre a mesa, colocando-o em um saco plástico antes de colocá-lo dentro da minha maleta.

    -Dra. Helena, eu sei que sua vida deve estar revirada de uns dias pra cá, mas às vezes esse seja o lado certo. - pontuou ao se levantar. Eu parei o que estava fazendo e a olhei para, com um gesto de cabeça, agradecê-la por ter dito aquilo.

    -Então eu te vejo na segunda, é isso? - peguei o meu celular na bolsa e verifiquei as horas. Bia assentiu com a cabeça em resposta e saiu pela porta.

                                      •••••••••••

      -Você é muito adorável! - falei para Frida, que correu em minha direção quando adentrei o meu apartamento. - Boa noite!

       Deixei meus sapatos próximo a porta e comecei a retirar minhas roupas enquanto caminhava até o banheiro. Minhas costas estavam doloridas, assim como os meus pés. Eu nunca liguei para a banheira que havia em meu box, mas hoje ela me parece ser uma boa escolha.

       Coloquei-a para encher e joguei alguns sais de banho que eu tinha há bastante tempo. Peguei o meu celular na bolsa, coloquei-o ao lado e busquei uma das músicas de Des'ree, 'You Gotta Be' marcou uma das melhores fases da minha vida e é sempre bom ouvi-la.

       - Será que você poderia me fazer companhia nesse banho? - perguntei Frida, que balançou o rabinho no mesmo instante. Assim que entrei na banheira, ela se deitou sobre o tapete e ficou quietinha ao meu lado, como se também estivesse curtindo o clima e a música.

      Recostei-me de forma aconchegante e relaxei os

músculos que estavam tensionados sem que eu percebesse. A sensação de alívio tomou conta do meu corpo, fazendo-me fechar os olhos e cantarolar alguns versos da canção que preenchia o meu banheiro.

       Lembrar de Paula foi inevitável; eu sabia que em algum momento ela se questionaria sobre ter feito uma boa escolha ou não, assim como eu me questiono.

       Acredito que eu teria mais problemas com isso, caso não me ocupasse tanto com o trabalho. Mas eu gostei de tê-la ouvido. Gostei de ter ouvido sobre os seus atuais sentimentos e sobre a falta que ela sente da minha presença. Não acho que deveria destratá-la ou mandá-la ir embora, até porque ela era minha esposa poucos dias atrás.

... mas com muito amor. - ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora