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Capítulo 10

A PIZZA estava deliciosa. Wei Ying  a saboreou tanto quanto o resto da família, mas seu coração não estava presente naquela celebração. Tinha vontade de se levantar e gritar a plenos pulmões o quanto a vida fora injusta com ele. Sempre tivera dinheiro, mas nunca tivera amor. Agora, parecia não possuir nenhum dos dois. A herança da
tia-avó  seria uma boa ajuda, mas não lhe possibilitaria abrir mão do emprego. Sabendo investir, aquele dinheiro iria render, desde que ele conseguisse se sustentar com o próprio salário.
Aquilo lhe ocupou a mente pelo restante do dia, embora forçasse um semblante
animado para não decepcionar Shizui . Mas sua tristeza não passou despercebida a Lan Zhan . Ele se juntou a Wei Ying  no balanço da varanda, enquanto Shizui  brincava com um dos três filhotes de cachorros brancos no celeiro.

– Vencemos – comentou ele, enquanto fumava um cigarro. Assim como Wei Ying , ele trocara de roupa,  vestindo um jeans e uma camisa de algodão.

Apoiando um dos pés calçados com bota sobre o balanço, baixou o olhar para encará-lo. – Não está feliz?

– Claro – respondeu Wei Ying, distraído – Sei como ele estava preocupado.

Lan Zhan  dirigiu o olhar aohorizonte.
– Não precisava ter se preocupado tanto – brincou ele. – Pedi a um contato meu que enchesse os ouvidos desse veterano da Guerra da Coreia, amigo de Guangyao, com fofocas sobre você e seu tio . Mas não foi culpa minha que ele tenha sido tão crédulo a ponto de não verificar a veracidade das informações. Pior para ele, melhor para mim.

– Lan Zhan ! – Wei Ying  exclamou, perplexo. – Isso foi venenoso!

– É assim que ajo quando as pessoas a quem amo estão ameaçadas. – Ele baixou o olhar, procurando o dele.
– Faço jogo sujo, qualquer coisa, para vencer quando a vida de outra pessoa está na linha de fogo. Não podia permitir que aquele rato de esgoto ficasse com Shizui . Não se tratava de uma brincadeira de cabo de guerra entre mim e ele, mas sim da vida do meu sobrinho.

– Sei que Shizui  reconhece tudo que fez por ele.

– Imagino que você não tenha gostado do que fiz. Desculpe-me por fazê-lo parecer um libertino, mesmo que por pouco tempo, mas não tive escolha.

– Entendo. Até mesmo o juiz estava se esforçando para não gargalhar.

– E como será daqui para a frente? –
perguntou Lan Zhan com expressão solene.

Por alguns instantes, Wei Ying  se limitou a escutar o rangido ritmado do balanço de madeira contra as correntes que o penduravam ao teto.

– Ficarei aqui até que seu ex-cunhado se conforme com a derrota – respondeu. – Já discutimos o que farei então.

– Não é verdade – discordou ele. –
Você disse que voltaria para seu apartamento e eu não concordei. Meu Deus! Compre uma casa. Por que não faz isso?

Wei Ying  apertou as mãos com força. Será que ele não se dava conta de que estava lhe despedaçando o coração?

– Talvez, mais tarde, faça isso.

Wei Ying  nada deixava transparecer. Lan Zhan não conseguia captar nenhum
sentimento em sua voz ou expressão.

– Poderia ficar aqui. – Lan Zhan  arriscou em tom casual. – Há muito espaço e Shizui  gosta de você. E Bee também.

– Queimei uma quantidade de comida suficiente.

– Não nos queixamos, certo?

Wei Ying  sorriu em seu íntimo. Era incrível, mas nenhum dos dois reclamara. Pelo contrário. Três dias atrás, Shizui  o elogiara por um prato sofrível que ele preparara.

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