ON MY BLOCK, apply fic.

☆ ʻ 𝗣𝗥𝗢𝗟𝗢𝗚𝗨𝗘, 𝒕𝒓𝒆𝒂𝒔𝒖𝒓𝒆 𝒊𝒔 𝒂𝒏 𝒊𝒅𝒆𝒂.

ERA UM DIA como qualquer outro em Freeridge. Não que isso fosse sinônimo de calmaria, muito pelo contrário. Na verdade, um dia casual em Freeridge significava que, em algum lugar do bairro, tinha alguém sendo assaltado. Preocupante, mas casual e rotineiro para aqueles que já estavam acostumados com o ritmo do bairro.

Na casa acinzentada dos Nepotiz, Humberto atentamente encarava o tabuleiro de jogo de interpretação de papéis - simplificando, rpg - com os olhos cerrados e dentes trincados, sinal de que estava extremamente concentrado. Dante, por outro lado, já não parecia tão impressionado, assim como os outros três pares de olhos que dispersavam durante toda a explicação de Humberto.

Lennox, embora tentasse se forçar a entender o que ele estava dizendo, estava com muito sono para raciocinar. Piscava lentamente entre os vácuos das palavras de Beto, imaginando-se em uma cama confortável. Afinal, eram seis e meia da manhã.

Gabriel e Vicktorya se comunicavam pelo olhar, bolando um plano silencioso sobre como poderiam sair dali sem Humberto notar. Tory indicou a janela com a cabeça, movimentando seus dedos na mesa para que parecessem um par de pernas pulando. Gabriel tentou esconder seu sorriso, concordando disfarçadamente com o plano fantasioso de Tory.

— ... E é isso! Todos entenderam? Podemos continuar? — Humberto perguntou, desfocando o olhar dos inúmeros dados para encarar seus amigos, com um sorriso.

Eles se entreolharam, incertos do que dizer. Olhando o sorriso enorme de Beto, decidiram não contrariar, então apenas balançaram a cabeça.

— Ótimo! — ele disse, virando-se então para Lennox. — E então? Qual vai ser sua ação?

Lennox piscou os olhos lentamente, virando-se para Vicktorya, silenciosamente pedindo por ajuda. Seu sono era demais até para decidir uma ação. Tory, por outro lado, apenas deu de ombros, sem ideias de como ajudá-lo.

— Eu tenho a opção de dormir? — O Hayes perguntou, fazendo com que Humberto respirasse fundo.

— Vocês não prestaram atenção na minha explicação, não é? — Ele cerrou os olhos.

— Veja, Beto... São seis e meia da manhã. Você tirou trinta minutos do nosso sono para jogar rpg. — Dante falou, se movimentando na cadeira verde. Se espreguiçou no momento em que levantou. — Aliás, como diabos você conseguiu configurar nossos alarmes?!?

— Isso não importa. — Respondeu Beto, guardando seus dados em uma sacolinha.

— Sorte de Anyah que conseguiu desprogramar o alarme dela. Aquela espertinha... — Vicktorya balançou a cabeça negativamente, observando Beto fechar o tabuleiro.

Nox, depois de muito lutar contra o sono, acabou cochilando em cima da mesa. Seus braços entrelaçados escondiam seu rosto adormecido. Gabriel não demorou para pegar seu telefone e registrar uma foto do cômico momento.

— Preciso que você me mande isso. — Vicktorya o cutucou no ombro, pegando sua bolsa quando se levantou. — Bem, se acabamos por aqui, vou para o mercado. Preciso falar com Jaeden. Nos vemos na escola! — Tory mandou um beijinho com a mão para todos no cômodo, girando os calcanhares para alcançar a porta.

— Epa, vou com você! — O grito veio de Dante, que logo se inclinou para buscar seu celular na outra extremidade da mesa - com o qual Gabriel havia feito uma sessão de selfies, suficiente para atingir o limite do pouco armazenamento do eletrônico. — E vou levar um refrigerante como um pedido de desculpas por ter me acordado tão cedo. — Apontou para Beto, que fez uma careta, mas não foi contra.

Vicktorya e Dante eram irmãos de pessoas conhecidas em Freeridge. E não, não da forma boa. Muito se ouvia sobre o envolvimento de ambos nos Santos, uma das perigosas gangues predominantes no bairro. Dante, principalmente, já que carregava o forte sobrenome Salvatierra, sobrenome de uma geração de líderes da gangue. Muitos dos pais e mães em Freeridge optavam por evitar contato com a família, e, por isso, não deixavam seus filhos conversarem com Dante. Felizmente, os Nepotiz não tinham problemas com isso.