Rainhas do Crime

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Caiu um temporal quando elas chegaram, com direito a raios, trovões e uma corridinha ridícula do carro até a casa principal do sítio enquanto se agarravam às suas bolsas ensopadas. Por isso, só foi possível ter certeza se a propriedade era assim tão linda quando amanheceu um solão digno de comercial de protetor solar.

E sim, aquele lugar era espetacular.

A paisagem ao redor era montanhosa, cheia de árvores com folhas verdinhas descendo em cachos vigorosos pelos galhos. Algumas árvores também estavam presentes pela propriedade, que dispunha de três piscinas, área completa de festa — incluía até uma pista de dança com disco ball e tudo mais — um laguinho e trezentos quartos.

— Este lugar não tem trezentos quartos, Nayeon. — Dahyun corrigiu Nayeon. Ao mesmo tempo, se virava em fotografar cada partezinha da casa pelo tablet e comer uma barra de cereal.

Elas estavam na sala de estar, Nayeon já conseguia imaginar Chaeyoung de um canto com o vestido punk dela e uma bota terrivelmente pesada junto de Tzuyu, que se vestiria como uma princesa. Claro, ela conseguia imaginar as rainhas também. Talvez devesse sugerir uma tiara para Sana e Dahyun, que estariam perfeitas no que quer que escolhessem colocar para enfeitar as esculturas que eram os seus corpos.

— Como não são trezentos? Essa é a maior casa do mundo, Dahyun. Eu nunca vi um lugar assim.

— Geralmente a gente chama casas grandes de mansão. — Sana, sonolenta, comentou. Apareceu na sala de estar com uma xícara vermelha com café e os olhos mal abertos. — Vocês viram alguma coisa de comer por aí? Que soninho. — E bocejou.

Dahyun e Nayeon quase perderam a chance de responder, estavam ocupadas admirando a beleza de uma recém acordada Minatozaki Sana. Ela não parecia tão perfeita como usualmente era em seu dia-a-dia. Não havia maquiagem, os olhos estavam mais inchados, e a base não estava cobrindo as sardas da sua bochecha e nem a espinha perto do nariz.

Elas nunca tinham visto Sana tão linda assim.

Dahyun insistiu em perambular pela casa com a cara enfiada no tablet, muitas coisas estavam sendo avaliadas por ela. Enquanto isso, claro que Sana levou um biquíni e ficou tomando sol na beira da piscina. E não era Nayeon que iria se opor em receber sol quentinho, água gelada e a chance de admirar o corpo delicioso de Sana.

— Dahyunie, senta com a gente um pouco! — Sana gritou para ela que, em shorts de tactel preto e uma camiseta com o rosto do Brian May, andava por cima das gramas aparadas.

Qual tipo de avaliação que a grama estava passando elas não sabiam dizer.

— Acho que ela curte mesmo rock. Apenas roqueiros de verdade fariam isso de andar debaixo do Sol toda de preto. — Lim gargalhou baixinho na piscina.

— Quer ver uma coisa, Nayeonie?

— O quê?

— Um suicídio.

Bastou isso para que Sana deixasse a sua espreguiçadeira e fosse em direção à Dahyun. O biquíni dela era de bolinhas roxas, mas a parte debaixo usou um shortinho azul. Foi essa Sana, com músculos bem definidos e fortes de jogadora de futebol, que correu até a grama e pegou Dahyun de supetão nos braços.

MINATOZAKI SANA!

— Melhor você largar o tablet, minha cara vampira do rock. — Ela começou a correr em direção à piscina.

— EU VOU TE MATAR! EU VOU TE MATAR MIL VEZES! ME SOLTA!

— Larga o tablet!

— SANA!!!

Dahyun largou o tablet por cima da espreguiçadeira. Foi o último recurso antes de ser jogada com tudo na piscina abraçada à Sana. A água gelada congelou o seu corpo momentaneamente enquanto uma explosão de bolhas ocupava a sua vista. Durou milésimos de segundos até que voltasse a emergir sob a gargalhada de Sana e um lindo e enorme sorriso de Nayeon.

Aquelas duas…

— Eu vou matar vocês. — Ela tentou se pendurar em Sana para afogar ela, só que se esqueceu que era a menor dentre as três. E Sana uma atleta que não se mexeu nem um músculo. — Arrggh!!

— Dahyunie, relaxa um pouco, vai. — Nayeon tentou acalmar a fera se aproximando por trás dela, e surpreendentemente, abraçou a sua cintura. — Olha só que água gostosa?

Não era só a água que era gostosa. Dahyun tentou manter a mente apenas no trabalho, mas ser cercada por Sana e Nayeon trazia resultados não esperados.

— Eu ainda quero matar vocês duas, dupla do mal. — Disse Dahyun. — Eu preciso enviar as fotos para a Jeongyeon e Mina para elas aprovarem ainda hoje porque eu tenho que fechar negócio com o dono do lugar, acertar as coisas com o setor financeiro, e ah meu deus! Ainda têm tantas coisas para eu pensar e fazer, que-

Sana abraçou Dahyun também.

Relaxa. — Voltou a repetir. — Você vai morrer de estresse a qualquer instante, então se for fazer, que seja pelo menos aproveitando os seus últimos minutos de vida em uma piscina deliciosa dessas.

— Odeio concordar com você. A Sana está certa, Dahyun. — Disse Nayeon.

Então Nayeon mergulhou na água e molhou os cabelos. Quando emergiu, Dahyun parecia mais calma, a ponto de tirar a blusa e ficar com sutiã. Sana saiu de perto dela e se recostou contra a parede da piscina.

— Eu me pergunto o porquê da data do casamento. — Um pensamento muito ocorrente escapou do nada. Nayeon recostou ao lado de Sana e Dahyun ficou de frente à elas.

— Conhecendo bem a Jeongie, e eu conheço mesmo ela, aposto que iria se casar em Vegas imediatamente. Também não entendi.

— Fui eu que escolhi a data.

Surpresa passou pelos rostos das mulheres. Dahyun sentiu que deveria começar a explicação, então suspirou antes de começar.

Se abrir era um saco. Mas para elas parecia sempre valer a pena.

— A Jeongyeon queria se casar o mais rápido possível, sim. Mas a Mina tem as classificatórios para a Copa Feminina. Então elas decidiram que o casamento poderia ser depois da final dos jogos, mas ainda seria verão, sabe? Imaginem, a Jeongyeon, com aquele vestido cheio de detalhes em renda, ensopada de suor? Só precisavam aguardar mais dois meses para o frescor do Outono. É isso. Eu sugeri e elas aceitaram.

Uau. Dahyun quando não estava sendo uma megera irritante, era uau.

— Você é terrível de boa, Dahyun. — Sana expôs o que circulava a mente de Nayeon.

Até que Nayeon caiu em si.

Dahyun era clara, mas a sua pele exposta ao sol ficava com uma leve cor de pêssego. O cabelo molhado descia pelos seus ombros até encontrar o sutiã pequeno. Seus seios eram pequenos, com uma pintinha bem ao centro se escondendo no decote. As curvas de Dahyun eram como admirar uma paisagem.

Mas Dahyun era sua arqui-inimiga, seu inferno astral. Não deveria ser tão linda ou tão meiga assim. E nem mesmo Sana, Sana era odiável. Linda, mas muito, muito odiada. Só que de repente Nayeon queria abraçá-la e forçar o seu joelho a se recompor para ela jogar mil Copas do Mundo.

Elas eram as rainhas assassinas, então por que de repente pareciam ter se tornado outro tipo de criminosas? Não havia nada de assassino, eram ladras. Especialistas em roubar corações, pensamentos, sanidade. E algo mais. Nayeon se recusou admitir para si mesma que aquele sentimento floresceu dentro dela por Dahyun e por Sana.

Nayeon deu uma desculpa esfarrapada para sair da piscina, e só criou coragem de falar com elas dois dias depois, por e-mail.

“Convites ok. Jeongyeon tem o vestido. Detalhes estão ok também. Preciso de uma hora livre de vocês para ver se o motel que escolhi está a altura.

Nayeon.”

Até o Próximo Sim - SaiDaYeonWhere stories live. Discover now