━━ tinha o brigadeiro e o beijinho em cima da mesa. o brigadeiro rolou, e o beijinho, será que rola? ❞
os corações confusos de catherine e endrick tiveram incontáveis destinatários desde que perderam contato, embora nenhum conseguisse permanecer. el...
CATHERINE PRADO o dia em que olhares falaram. ★ redbone | childish gambino
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EXISTIAM TRÊS COISAS com as quais eu não sabia lidar. Pessoas do passado, pendências emocionais e pensamentos intrusivos. Para a minha má sorte, a vida resolvera elaborar um compilado das três num único nome: Endrick, o dono de olhos castanhos mais transparentes que eu já pude conhecer.
Quando ainda éramos alguma coisa, era simples discernir o que ele sentia ou pensava, pois seus olhos não lhe permitiam esconder. Era cômico que apesar de sermos dois estranhos novamente, eu ainda tinha a sensação de familiaridade e compreensão imediata ao encará-lo bem ali, curtos metros à minha frente, me observando por cima do copo d'água que segurava.
Enterrar sentimentos nunca era a decisão mais prudente a se tomar, mas era fácil convencer a si mesma quando existia um abismo físico de distância separando os dois lados. O problema, no entanto, nascia a partir do momento que alguém construía uma ponte no meio de tudo e nitidamente tentava dar os primeiros passos para atravessá-la.
E Endrick era esse alguém.
Sem aviso prévio, alarde ou quaisquer sinais, vinha esgueirando-se ao redor da sala que estávamos para tentar conseguir seja lá o que passasse em sua mente ao pensar no meu nome. Poderia ser por estarmos prestes a entrar num acordo maluco? Poderia. Mas eu sabia que não era; se existiam infinitas oportunidades de manter-se longe, ele fazia o possível para o contrário.
E minhas suspeitas só tornavam-se ainda mais concretas diante do seu olhar queimando sobre mim num maldito momento onde ele deveria estar prestando atenção em qualquer outra pessoa.
Perigoso, muito perigoso.
Eu reconhecia um olhar de duplo sentido quando via um e, considerando as duas pessoas em questão, já podíamos enxergar uma sirene vermelha alarmada acima de nossas cabeças. Catherine Prado era sinônimo de atos impulsivos e, como uma mistura entre fogo e gasolina, Endrick nunca tentava me impedir.
Quebrei o contato visual ao sentir um cutucão discreto na minha costela.
Francisco, meu pai e empresário, me encarava num misto entre compreensão e curiosidade, balançando a cabeça em negação ao receber um sorriso amarelo em resposta.
── Você realmente está ok com isso, princesa? ── perguntou ele, cruzando os braços. Seu tom era divertido, embora o vinco entre as sobrancelhas indicasse sua preocupação.
Eu precisava tirar meu nome das polêmicas recentes e Endrick, bem... Nem eu sabia ao certo o que ele ganharia estando ali além de um relacionamento para a mídia fofocar antes que sua jornada no Palmeiras chegasse ao fim.
Então não, eu não estava ok. Mas o que mais poderia ser feito?
Sem sombra de dúvidas, eu deveria ter me preparado para aquilo. Tínhamos amigos em comum e ainda frequentávamos os mesmos lugares de vez em quando ─ o que era patético, já que eu tinha feito um esforço insano para manter distância. Mas a julgar pela garganta seca e desconforto, era evidente que encontrá-lo tão de repente, ainda mais naquelas circunstâncias, não estava nos meus planos.
