20. Laços.

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TAEHYUNG

Passamos o terceiro dia vagando e felizmente, o céu clareou, diferente dos dois últimos dias de neblina e chuva. Eu dançava na frente, ignorando as objeções constantes de Jungkook que vinha logo atrás. Não seria ingênuo ao ponto de acreditar nele novamente, já tinha aprendido que deixá-lo liderar significava abrir mão do meu caminho de volta a civilização.

— Vamos fazer uma pausa, tá bom?

Jungkook reduziu o ritmo e puxou a barra da minha camisa para que eu parasse. O sol estava extremamente quente e o calor abafado da floresta intensificava a sensação de cansaço. Embora estivéssemos cercados por árvores, o ar era espesso e cada passo drenava nossas forças. Ele se deixou cair pesadamente sobre um tronco caído e eu parei, observando sua respiração ofegante. Eu também estava cansado, mas não tínhamos tempo para descansos prolongados e ficar descansando não nos levaria para lugar nenhum. Em poucas horas o céu voltaria a escurecer.

— Vem sentar aqui — ele deu um tapa em suas coxas, como um convite para que eu sentasse em seu colo. Eu revirei os olhos e chutei seu calcanhar de leve.

— Faça-me o favor.

— Por que você está com vergonha de sentar no meu colo? Dormiu comigo ontem a noite e não reclamou — ele sorriu e eu levantei meu dedo médio em resposta. Se não fosse pelo frio e pelo medo jamais teria deixado isso acontecer. — Ei, vem cá.

Como sempre, ele não desistiria. Ele estendeu a mão e me puxou com suavidade, e antes que eu percebesse, estava sentado em seu colo. Ele passou os braços pela minha cintura e escondeu o rosto nas minhas costas enquanto eu olhava para longe tentando ignorar o calor do seu corpo pressionando o meu. Jungkook apertou um pouco mais e eu resmunguei.

— Me solta.

— Fique quieto, preciso recarregar.

— Solta, seu desgraçado!

Com um empurrão, ele perdeu o equilíbrio e caiu do tronco, mas com a minha habitual falta de sorte acabei caindo junto. Rolei por cima dele e parei com o rosto pressionado em seu peito, o que me fez levantar as pressas antes que ele pudesse entender o que tinha acontecido.

— Para de encher o meu saco! — gritei, tentando esconder a vergonha que tingia meu rosto.

— Porra, meu braço dói — ele gemeu, esfregando o local onde havia caído.

— Para de choramingar e levanta — eu disse, cruzando os braços, mas ao vê-lo fazer uma careta a preocupação me venceu por um instante.

— Não estou brincando, acho que um galho me cortou.

Me agachei para examinar o ferimento e vi que um corte se estendia do seu antebraço ao cotovelo, sangrando um pouco.

— Bem feito, seu pervertido — murmurei, rasgando um pedaço da minha camisa para limpar o sangue do jeito que dava. O corte não parecia profundo, mas ainda assim precisava de cuidado.

— Dê um beijo para cicatrizar mais rápido — ele sussurrou com expectativa.

— Para de falar besteira — retruquei, me levantando para seguir em frente.

— Está doendo de verdade — murmurou.

— Mas suas pernas parecem estar bem.

— Você pode admitir que ficou preocupado comigo — Jungkook riu, se levantando. Ele acelerou o passo e apontou para um dos caminhos a frente. — Vamos por aqui.

— Não, é por ali — insisti, puxando ele comigo.

— Eu juro que é por aqui — ele voltou a me puxar.

Proof of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora