QUARTO CAPÍTULO

26 10 22
                                    

"O Retorno de Noah à Estrada da Mudança"

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

"O Retorno de Noah à Estrada da Mudança"

  
      No dia seguinte, Noah acordou com a urgência de verificar seu carro e encontrar um pneu substituto. A primeira luz da manhã filtrava-se pelas cortinas como dedos delicados de uma mãe, acariciando o quarto de maneira suave. Sentiu o peso da responsabilidade em seus ombros como uma montanha silenciosa, consciente de que não podia deixar Eliza esperando por muito tempo. Levantou-se com determinação, cada rangido das tábuas de madeira sob seus pés ecoando como um sussurro de tempos antigos.

Ao sair, encontrou os rapazes a quem havia pedido ajuda na noite anterior. Eles lamentaram sua incapacidade de conseguir um pneu, oferecendo desculpas sinceras e perguntando se poderiam ajudar de outra forma. Noah, com um suspiro resignado, agradeceu e disse que não havia muito mais a fazer além de voltar e tentar conseguir uma carona.

Antes de partir, Noah decidiu que precisava passar um tempo com Eliza, para explicar calmamente a situação e garantir que voltaria em breve. Caminhou até a pequena casa onde ela estava hospedada, o aroma de café fresco no ar misturando-se com o perfume das flores do jardim. A encontrou sentada na varanda, os primeiros raios de sol da manhã beijando seu rosto enquanto ela olhava o horizonte com uma expressão pensativa.

— Eliza, preciso falar com você. — disse ele suavemente, sentando-se ao lado dela.

Eliza voltou-se para ele, seus olhos brilhando com uma mistura de preocupação e tristeza, como um céu nublado prestes a chover. Noah tomou suas mãos nas dele, sentindo a suavidade da pele dela como seda sob seus dedos. O mundo ao redor deles parecia desaparecer, deixando apenas o som de seus corações batendo em uníssono.

— Eu vou precisar voltar para a cidade. Meu amigo Tommy deve estar preocupado, e eu não posso deixá-lo esperando. — explicou Noah, sua voz carregada de sinceridade.

Eliza suspirou, os olhos marejados de lágrimas, e o abraçou demoradamente. O toque dela era um bálsamo para a alma de Noah, uma âncora em meio ao turbilhão de emoções.

— Promessas são importantes, Noah. — disse ela, sua voz tremendo levemente, como uma brisa suave. — Não as faça levianamente. Quero acreditar em cada palavra que sai de seus lábios. Por favor, tenha cuidado na estrada e volte para mim. O mundo parece um lugar menos assustador quando você está ao meu lado.

Nesse momento de emoção, eles compartilharam um beijo apaixonado, suas almas entrelaçando-se em uma dança silenciosa de amor e esperança. As juras de amor que trocaram ecoaram no ar, como uma canção eterna que apenas os corações enamorados podiam ouvir.

— Vou voltar o mais rápido possível, prometo. — murmurou ele contra os lábios dela.

Eliza assentiu, relutante, enquanto Noah se afastava. Seus olhos seguiam cada movimento dele, como se quisessem memorizar cada detalhe. Noah partiu com um aperto no coração, despedindo-se de todos na pequena comunidade que começava a se sentir como um lar. Cada passo que dava parecia mais pesado que o anterior, como se o chão estivesse tentando segurá-lo ali.

Finalmente, avistou seu carro, e um misto de alívio e nova preocupação tomou conta dele. O veículo estava lá, intacto, mas a sensação de que algo estranho pairava no ar não o abandonava. Ele abriu o porta-malas, verificando seu equipamento fotográfico, tentando encontrar algum conforto na familiaridade de suas ferramentas.

— Ao menos não levaram meu carro... — pensou, aliviado.

De repente, seu celular começou a tocar insistentemente. Várias mensagens surgiram na tela, todas de Tommy, demonstrando profunda preocupação. Noah atendeu à ligação, pacientemente explicando tudo desde o início: as dificuldades em conseguir um pneu e sua decisão de pegar uma carona. Tommy, do outro lado da linha, parecia cético e desconfiado.

[— Noah, você está me dizendo que uma cidadezinha no meio do nada não tinha um pneu de reposição? Isso é estranho! ]

Disse Tommy, sua voz carregada de incredulidade.

Noah franziu a testa, compreendendo o ceticismo do amigo. Ele sabia que a história parecia absurda, mas decidiu mostrar a Tommy as imagens em seu equipamento fotográfico, esperando que isso ajudasse.

— Calma, Tommy! Vou te mandar as imagens do lugar e dos moradores. — disse Noah, tentando transmitir a estranheza da situação com sua voz. — Eles vivem como se estivessem perdidos no tempo, cara! Eu juro! É como se fossem meio Amish, mas ainda mais isolados.

Tommy ficou em silêncio por um momento, e Noah podia quase ouvir as engrenagens girando na cabeça do amigo do outro lado da linha.

[— Certo, sei... Manda aí! ]

Respondeu Tommy finalmente, com uma mistura de curiosidade e desconfiança.

Para sua surpresa e espanto, as fotos revelavam apenas imagens de uma cidade fantasma e um cemitério abandonado. O mistério ao seu redor se aprofundou ainda mais. Noah sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

— Tommy, eu juro que fotografei essa gente! Conheci uma garota incrível! Você precisa ver isso. As fotos que tirei aqui são completamente surreais!

[— Noah, não há nada nas fotos além de algumas casas em ruínas. Dê um jeito de conseguir uma carona e venha agora para cá!]

— Parece que essa cidade esconde algo muito estranho... Eu juro, Tommy, estive com eles. Falei, toquei, vivi com essas pessoas. Mas agora... é como se nunca tivessem existido.

Fechando o carro, Noah pegou o necessário e voltou para a estrada principal, à procura de uma carona. Em sua mente, um turbilhão de pensamentos conflitantes rodopiava, como folhas secas sendo levadas pelo vento de outono. A realidade parecia distorcida, como se estivesse preso em um sonho confuso e inquietante, onde as linhas entre o real e o imaginário se tornavam indistinguíveis. Cada passo na estrada solitária era um mergulho mais profundo em um enigma envolto em sombras, e a sensação de que estava sendo observado o acompanhava como um fantasma silencioso. Noah sabia que precisava sair dali, mas uma parte dele temia que o mistério daquela cidade o seguisse para onde quer que fosse.

༻✦༺  ༻✧༺ ༻✦༺

(982 palavras)

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

(982 palavras)

MEMÓRIAS SOB LÁPIDESWhere stories live. Discover now