❅ Capítulo 13 ❅

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Estou em cima de um dragão

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Estou em cima de um dragão.

A sensação não é muito diferente de estar sentada em uma rocha ou em um enorme pedaço de ferro. E é tão grande quanto uma vila inteira.

Magnífico.

- Cuidado para não babar em cima dele. - Leon zomba, atrás de mim

Ele segura minha cintura e guia o animal ao mesmo tempo

- Não seja chato. - Respondo, ainda sorrindo como uma criança - Posso ficar com ele pra mim?

Pergunto e Leon da uma gargalhada

- Não é um bichinho de estimação, amor. Ele ficaria ofendido se ouvisse isso.

- Não foi... O que eu quis dizer. - Respondo, fingindo que não escutei do que ele me chamou

Passamos algumas horas sobrevoando o reino e não sabia dizer onde estávamos indo.

Mesmo conhecendo tantas coisas, sinto que ainda há tanto para explorar.

Tem coisas incríveis e maravilhosas me esperando, sei que tem, coisas maiores e melhores que todo o ódio e toda a vontade de vingança que sinto.

Mas não tenho escolha, nós não temos. Isso foi tirado de nós, há muito tempo.

As nuvens cortam e se dissipam sobre nós, enquanto voamos céu afora. Deleitando meus olhos com o azul intenso e libertador.

O vento refrescante tem gosto de liberdade, de recomeço.

E eu me apego a essa sensação, apenas por um momento. Fecho os olhos e me permito sentir um pouquinho, nesse intervalo de tempo.

Como seria bom se realmente tivéssemos a oportunidade de viver assim. De sermos jovens e felizes e inconsequentes.

De podermos ser diferentes ou vulneráveis. De apenas... viver em paz.

- No que está pensando? - O príncipe questiona

- Hm?

- Não é comum ficar em silêncio por tanto tempo. Estou quase sentindo falta dos gritos e ofensas. - Questiona enquanto sinto sua respiração quente no meu pescoço

- Não sabia que estava tão apaixonado assim por mim. - Digo e sua risada faz cócegas na minha pele

- Uau, então você tambem pode ter senso de humor? - Provoca

- Idiota. - Respondo e ele apenas me abraça mais forte - Você realmente me acha fraca, não é?

- Por que acha isso? - Questiona

- É a única resposta plausível. Não deveria ficar tão a vontade perto de uma inimiga

- Não te vejo como uma inimiga. Queria que não me visse assim também, mas gosto que é sempre sincera com o que sente.

- Hmm. Então gosta de sofrer. Como um masoquista.

- Adoraria sofrer por você, amor. - Ele chega mais perto e dou uma cotovelada de leve na sua barriga - Ai. Tão agressiva.

- Estou falando sério. Quero dizer, você é o herdeiro do reino mais temido atualmente, todos se rastejam pra vocês.

- Somente um homem tolo poderia almejar ser adorado por outros tão tolos quanto ele. São apenas pessoas vazias e patéticas buscando alguma forma de se sentirem menos insignificantes.

- De fato, são isso tudo e um pouco mais. Mas mesmo assim, conseguem impor suas vontades trapaceando e contra os mais fracos... - Respondo, lembrando-me da razão de todo o meu ressentimento

- Exatamente. Não é mais excitante a ideia de fazer prová-los do mesmo veneno? Fazê-los implorar por misericórdia, como se soubessem o significado disso.

Viro um pouco o rosto para poder olhar pra ele.

Seus olhos ainda estão concentrados na paisagem, mas há um desejo latente que suas pupilas deixam transparecer.

Uma energia emana dele e bagunça com tudo dentro de mim. Algo que está lutando pra sair.

Uma identificação.

Como se não fôssemos tão diferentes assim. Como se nossas almas fossem feitas do mesmo material quebrado.

Acho que estou delirando depois de passar tanto tempo voando.

Nos últimos dias, minha cabeça não anda muito bem.

- Você se acha uma espécie de vingador, então? - Pergunto e o vejo repuxar os lábios

- E é isso que eu gosto em você. - Fala

- O que?

- Você não tem medo de mim. Ou de ninguém. Nem mesmo de Quatro guardiões bem treinados e poderosos

Passo as mãos pelos cabelos e os jogo pra trás, sentindo orgulho de mim mesma, antes de voltar a encará-lo por cima do ombro, agora com um sorrisinho convencido.

- Não tenta fingir que me adora ou admira. É verdadeira com o que sente e o que acredita, eu gosto disso. - Continua

- É por isso que não me entregou quando já sabia de tudo?

- Os inimigos dos meus inimigos são meus amigos. Tenho minhas questões a resolver e podemos trazer benefícios para o outro. Se parar de tentar me matar a cada cinco minutos, claro.

- Não fiz isso. - Murmuro, voltando a olhar pra frente

- Isso significa que aceita?

- Talvez.

"Mas não significa que você é meu aliado" Penso. Mas decido guardar pra mim. Por enquanto.

- Sabe... As vezes parece que te conheço há muito tempo. - Ele diz e eu não consigo evitar a risada. - O que é tão engraçado?

- Isso é algum tipo de cantada brega pra ficar comigo outra vez?

- Depende. Está funcionando?

- Nos seus sonhos.

Depois de uma longuíssima viagem, chegamos a uma floresta que eu não conhecia.

E é tudo tão brilhante, que chega a machucar as vistas.

Leon murmura algo que eu não entendo e passamos por uma barreira invisivel, adentrando numa vila que também nunca vi antes.

É tão lindo que é difícil de acreditar, que exista um lugar assim no Reino de Solaris.

As árvores brilham, algumas são completamente douradas como ouro.

Tem um rio cristalino, com uma luz azul no meio e vários barcos engraçados navegam por lá.

Vejo algumas casas suspensas no ar, algumas feitas de árvores e outras lindíssimas e gigantes no chão.

Posso ver também os prisioneiros que outrora estavam em Solaris, sendo carregados por fadas para um prédio, que deduzo ser um hospital.

A tecnologia, magia e estruturação do local é melhor do que a de Lumiar.

Ao longe, tem pessoas lutando e treinando, com armas, facas e magia.

- O que é isso?

Como podemos nunca ter descoberto sobre esse lugar?

- Bem vinda a minha casa.

O Retorno Where stories live. Discover now