[𝐈𝐗]. 𝑹𝑬𝑼𝑵𝑰𝑨̃𝑶 𝑭𝑨𝑴𝑰𝑳𝑰𝑨𝑹 𝑻𝑬𝑹𝑴𝑰𝑵𝑨 𝑬𝑴 𝑻𝑹𝑨𝑮𝑬́𝑫𝑰𝑨

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EM OUTRAS CIRCUNSTÂNCIAS, BELLE poderia facilmente mandar as dracaenae que serviam como seus guardas e torturadoras de volta para o Tártaro. Suas mãos praticamente coçavam para isso, mas acontece que seu corpo ainda estava terrivelmente fraco. Não tinha nenhuma energia. O sangue do ferimento na cabeça ficou seco, deixando seu cabelo e couro cabeludo com um aparência nojenta durante o tempo em que esteve ali. Sua panturrilha não estava em condições muito melhores. Além de passar a maior parte do tempo tremendo, o suor frio que encharcava suas roupas as deixou desconfortáveis ​​e nojentas de se estar vestindo.

O mundo girava quase que constantemente agora. Era difícil focar em algo.

Belle estava cutucando entediada a lavagem que lhe davam para comer por aproximadamente quinze minutos – ou talvez fossem horas completas – quando Luke veio buscá-la. Foi a primeira vez que o vira desde a última conversa deles. Ele parecia mais pálido e mais fraco do que da primeira vez, e isso foi impressionante, considerando que quase tinha sido esmagado até a morte naquela ocasião.

Mesmo em sua condição deplorável, Belle não teve dúvidas de que poderia tê-lo derrubado se os guardas não estivessem ali. Talvez se conseguisse convocar sua arma... Não. Conservar energia para uma Viagem nas Sombras era muito mais importante – e para isso, ela só precisava de uma abertura oportuna. O aperto da dracaena da direita sobre sua arma estava bem frouxo, Belle conseguiria facilmente alcançar e então, mandar todos aqueles monstros para o lugar que eles pertenciam; não seria impossível, por fim, sobraria só Luke, Belle poderia...

Respire, preste atenção. Não deixe a raiva nublar seu julgamento.

Apesar da aparência anêmica, Luke tinha um sorriso presunçoso no rosto que ela adoraria tirar no tapa – de preferência, com a mão que mais tinha anéis.

— Levante-se — ele ordenou.

A voz suave e empática acabou, então...

Belle piscou, imperturbável e apontou para sua bandeja.

— Eu ainda não terminei com a minha gororoba — respondeu, a expressão vazia. Na verdade, poderiam lhe pagar vários dracmas de ouro que nunca colocaria aquilo na boca. Aquela coisa horrorosa servia apenas para ser arremessada em seus guardas a fim de aliviar a raiva e a frustração.

Luke estalou os dedos para as dracaenae. Duas delas deslizaram para cada lado de Belle e a levantaram com brusquidão por seus braços. Ela mordeu a língua com força, se recusando a deixar qualquer som de dor escapar. A bile que acabou de engolir ameaçou reaparecer quando tudo ficou embaçado e tortuoso. Belle tentou fazer com que seus joelhos não cedessem.

— Eu disse, levante-se. — Ele zombou. Belle revirou os olhos para ele em troca.

— Tá. Já que está pedindo com tanto carinho... — disse. Ela puxou seus braços do aperto das mulheres-cobra apenas para Luke algemar suas mãos atrás das costas. Ela provavelmente teria o xingado, se o filho de Hermes covarde não tivesse amordaçado sua boca. Belle sentiu como se estivesse prestes a vomitar. A coisa tinha gosto de lixa e meias de ginástica mofadas.

Ele a arrastava de modo que ficasse bem ao seu lado, caminhando – bem, mancando, no caso dela – descendo a colina e circulando os pontos mais baixos antes de subir de volta. Lá, ele se juntou a meia dúzia de dracaenae carregando o sarcófago dourado de Cronos e um homem corpulento em um terno de seda marrom. Clicou para Belle que ele era aquele que estava sentado no trono quando Ártemis foi trazida.

Ela esperou que sua visão clareasse um pouco antes de reparar em sua aparência.

Sua pele era cor bronze clara e seu cabelo escuro estava penteado para trás – e na opinião de Belle – como um cachorro molhado. Ele tinha uma expressão entojada; um olhar frio e orgulhoso em seus olhos cinzentos, como um CEO que dirigia uma daquelas grandes empresas responsáveis ​​pelo derretimento das calotas polares e a pobreza mundial – ou seja, todas as grandes empresas.

𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora